Cortesia de trivagocouk
«O lisboeta Palácio dos Marqueses de Fronteira é monumento nacional, pode ser visitado e alugado, mas isso não impede o actual marquês de habitar parte da casa. E, aqui, é o próprio a guiar-nos pelas belezas e mistérios de Fronteira.
Vivi nesta casa até aos três anos de idade. Depois os meus pais separaram-se e eu fui com a minha mãe para casa dos meus avós na Rua da Emenda. Entretanto, o meu pai morreu quando eu tinha 11 anos. Então a minha mãe fez obras e viemos viver para aqui devia eu ter uns 13 anos. Não é um amor de juventude, as minhas relações emocionais são mais com a casa da herdade que com esta casa de Benfica. A partir dos meus 40 anos, no entanto, comecei a interessar-me mais pela sua riqueza ornamental. Tanto que se tornou num objecto de estudo para mim e tenho vários textos escritos e publicados a esse respeito.
Cortesia de olharesaeiou
O autor destas palavras é D. Fernando José Fernandes Costa de Mascarenhas, 13.º Conde da Torre, 13.º Conde de Coculim, 14.º Conde de Assumar, 10.º Marquês de Alorna, mas porventura mais conhecido como 12.º Marquês da Fronteira. A casa de Benfica, ou melhor, de S. Domingos de Benfica que lhe serve de morada e na qual nos recebeu é justamente o Palácio dos Marqueses da Fronteira, mandado construir pelo seu antepassado D. João Mascarenhas, primeiro a ostentar esse título. Desenhado por um arquitecto renascentista que não deixou assinatura, o palácio foi inaugurado por volta de 1675 e primeiro usado como pavilhão de caça e casa de campo. O terramoto de 1755 e o seu rasto de destruição deixaram, no entanto, a família na contingência de se transferir em peso para aqui e de mandar construir uma nova ala para caber lá dentro. Os aposentos de D. Fernando Mascarenhas encontram-se na ala do século XVIII, perpendicular à fachada norte do edifício de origem. Tirando a ala privada, no entanto, tudo o resto se pode visitar e eventualmente alugar. D. Fernando ficará para a história como o primeiro da linhagem a abrir as portas a ilustres desconhecidos. Foram as aspirações culturais do actual marquês, mas também as elevadas facturas de restauro e renovação do seu património, que o levaram a criar a Fundação das Casas de Fronteira e Alorna, responsável pela gestão da propriedade desde 1987.
Cortesia de trivagocouk
Cortesia de Jornal Público/JDACT
Beneficiando de «uma conjuntura muito especial», que desbloqueou dinheiros institucionais, todas as coberturas do imóvel puderam ser restauradas, enquanto a recuperação dos jogos de água e da parte hidráulica dos jardins contou com financiamento comunitário. O mais importante (as coberturas) está feito, mas ficou ainda muito por fazer, diz o marquês:
- «Tive despachos de dois ministros diferentes a dar-me dinheiro para restauros, mas depois chegava ao IPPAR e as verbas não estavam cabimentadas, de modo que eles não me podiam dar dinheiro».
A conservação do palácio passou, pelo menos em parte, a autofinanciar-se graças à abertura ao público. Há duas visitas guiadas de Outubro a Maio, quatro no resto do ano, sempre de manhã. Os jardins, porventura a parcela mais ociosa e popular da propriedade, também podem ser visitados sem guia da parte da tarde. Tudo junto, serão uns 15 mil visitantes ao ano, o que não é mau, mas está longe do ideal, sobretudo na metade mais fria do ano. Parte do problema, considera o marquês, é que «a esmagadora maioria» dos visitantes são estrangeiros». In Luís Maio, Jornal Público.
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