Legenda:
Planta
do Castelo de Alpalhão, século XVI;
Altura
da Torre de Menagem, 12 varas;
Altura
das Muralhas, 5 varas;
Altura
dos Cubelos, 8 varas;
Largura
das Muralhas, 1 vara e 1 pé;
(Segundo
Duarte d’Armas)
«A
espessura dos muros laterais era de uma vara e um pé, sendo a sua altura de
cinco varas. A Torre de Menagem comunicava com os aposentos sobradados,
destinados à residência do alcaide. Nessa torre, nos Cubelos e em volta dos
muros havia um grande número de Troneiras ou Bombardeiros, que eram aberturas
por onde, nas horas de luta, se disparavam os tiros de artilharia.
Em
volta da fortaleza acumulava-se, a nascente, sul e poente, o casario da
povoação. A norte, erguia-se a Igreja, de estilo românico no local onde está a
actual Matriz. No reinado de João III o castelo apresentava bom aspecto e bom
aposentamento.
João
IV mandou guarnecer a vila da muralhas que foram concluídas no reinado de
Afonso VI, em 1660. Tanto o Castelo como as muralhas, foram destruídas em Junho
de 1704 durante a Guerra da Sucessão, pelo Franco-Espanhol, comamdado pelo
duque de Berwick e por Filipe V de Espanha, quando se dirigia de Castelo Branco
para Portalegre.
Alpalhão, a
par de Salvaterra do Extremo, são
casos únicos de esquecimento e perda de memória do património construído. Não
estamos certos que no século XIX fossem ainda visíveis
as ruínas mas em 1758 o vigário afirmava que, à excepção de uma parede o castelo medieval
estava em razoáveis condições de conservação. Um texto de 1874, escrito por Pinho Leal, indica que (o castelo e os
muros) estão completamente desmantelados…
Os desenhos de 1509
representam um castelo de forma quadrada, guarnecido com uma torre
de menagem de secção também quadrada. A ausência de ameias nos muros é tão
regular que deve corresponder a uma intenção de beneficiar o sistema defensivo.
A existência tão profusa de troneiras de uma forma que faz lembrar o Castelo de Vimioso é, aliás, um sinal
de que havia uma preocupação de manter a fortificação em condições de se
defender.
No Tombo da Comenda de Alpalhão,
elaborado por frei Francisco capelão do rei, notário e escrivão da visitação,
em 1505, procede-se à seguinte descrição do castelo:
Tem na vila
huua torre alta e forte. toda de pedra e cal de fundo acima. bem ameada e de
booa largura .e tem dous sobrados igualmente corregida. oliuellada de castanho
em três painees e cuberta de telha. e tem no sobrado de baixo huua janella d
asentos com suas portas ainda booas contra ho norte. e no sobrado de cima tem
quatro janelas d asentos com suas portas cada huua em sua quadra. e huua
chaminee de dous fogos. em cada sobrado seu fogo. leua de longo çinquo uaras e
meya bem medidas e çinquo de largo escassas. e sobem pera ho sobrado de çima
per dentro da torre per huua escaada de madeira bem corregida. contra ho
ponente. tem huua salla sobradada e oliuellada de castanho em três painees .e tem
huua janella ao norte e outra ao sul ambas d asentos com suas portas booas e
nouas. e ao ponente tem huua boa chaminee leua esta sala de longo sete uaras e
meya e çinquo e meya de largo. e desta salla sobem pera ho primeiro sobrado da
torre per huua escaada de madeira de poucos degraaos. sobem a esta salla per
huua escaada de pedra que em cima tem huu tauoleiro argamassado com seu
peitoril alto. cuberto de oliuel muito bem obrado e telhado em quatro aguas. ha
qual salla e çinquo ameyas da dita torre. fernam da silua comendador da ficta
comenda mandou fazer toda de nouo. debaixo da dicta sala vay huua logea com
dous portaaes de cantaria bem feitos. huu de serujntia da dita logea grande e
outro pequeno que uay pera huu quintal e tem ainda outro portal na parede da
torre e he outrosi de cantaria. ho que todo o dito fernam da silua mandou
fazer. aalem da dita salla estas huua casa que ora serue de cozinha terrea. e
tem huua grande e booa chaminee. leua de longo çinquo haras e meya e três e
meya de largo. ha qual cozinha ho dicto comendador mandou fazer de nouo. contra
ho ponente tem huua casa de estrebaria com suas manjadoiras. todo nouo e bem
feito bem madeirada e cuberta de telha que leua .xviij. varas de longo e quatro
de largo. ha qual ho dicto comendador outrosi de nouo mandou fazer. contra ho
norte estaa outra casa que serue de çeleiro. toda ladrilhada per baixo com suas
tulhas de madeira bem feitas e bem repartidas bem madeirada e cuberta de telha
e leua oito varas e meya de longo e três de largo. com seu portal de pedraria e
suas portas bem fechada. E logo junto do dicto çelleiro outra casa parede em
meyos. pera apousentamento de homens e he do tamanho do dito çeleiro. e seu
portal de cantaria com booas portas. has quaaes casas ho dicto comendador
outrosi mandou fazer. a rredor do dicto apousentamento estaa huua cerca
nouamente começada de fazer e estaa jaa de noue couados d alto.cinquo palmos de
grossura e tem tres cubelos nos três quantos da mesma altura e grossura com
suas bonbardeiras de pedraria. e tem huu grande portal de pedraria bem obrado
com suas portas nouas e fortes. e bem fechadas. huu dos ditos três cubelos que
estaa ao ponente fez o dito comendador em huu chãao que comprou ha qual çerca e
culbelos. ho dicto comendador mandou fazer de nouo. dentro da dicta çerca estaa
huu patio xvij varas e meya de longo. e xiij e meya de largo muy chãao e bem
feito. e ao canto do dito patio e çerca estaa ha dita torre. e aalem della e da
dita salla e cozinha estaa huu quintal que ho dicto comendador fez ha maior
parte em huu chãao que comprou e deu aa hordem. no qual quintal estam .xv.
limeiras e duas larangeiras e xj pees de parreiras e três pereiros e três
amexieiras e huua figueira e parte ao norte com ha dita salla e torre. e das
outras bandas com casas de pedro lopez e de ioham uelho e de estejam afonsso e
com ho cubello do muro. Leua de longo xxxiiij varas e oito de largo.
In
Jerónimo M. Canatátio, Al-Palh’am, História e Património, Associação dos Amigos
dos Castelos, Alpalhão, Online.
Com
a amizade de José de Caldeira Martins
Cortesia de Al-Palh’am/JDACT