terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Factos Escondidos da História de Portugal (que os Compêndios não nos dizem). José Ferreira Gomes. «Afonso Henriques decidiu contra Roma e seguiu o seu caminho como se não tivesse de prestar contas ao chefe máximo da Igreja Católica. Estamos a falar de episódios como a nomeação unilateral pelo primeiro rei de Portugal de um bispo negro…»

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Símbolos Eternos

Um Plano Geoestratégico Chamado Portugal

Até os inimigos reconheceram a grandeza da nossa História

«Afinal de onde vem o nome Portugal? Existem diferentes teorias, algumas que proliferam na internet, que tentam encontrar uma explicação para o nome do nosso país. Contudo não parece haver paru já consenso quanto à sua origem. Certo é que o borgonhês conde Henrique' pai de Afonso Henriques, por ter ajudado a combater os sarracenos no noroeste da Península Ibérica, recebeu um condado portucalense que já tinha existido há muitos séculos, que desaparecera e que voltara a reaparecer. O nome já existia de facto. Mas a associação do nome Portugal a um símbolo ou selo do primeiro rei deste território, Afonso Henriques' trouxe-lhe um significado muito mais complexo, profundo e concreto: esse nome e esse símbolo passaram a significar a existência e o resultado de um projecto político-religioso de criação de um novo estado soberano na Europa. Esse projecto chamava-se: Por (à procura de) - Tu (ti) - Gal (Graal)

A expressão, como vemos, tanto remete para a busca milenar do Santo Graal, por exemplo, o Cálice Sagrado da Ultima Ceia, como de uma antiquíssima ideia mística de perfeição ou de um segredo ou conjunto de segredos históricos, filosóficos, astronómicos ou geográficos, ou ainda da independência de um território até então submetido à suserania de outrem. A busca do santo Graal poderia materializar-se através da criação de um novo Estado onde os Templários se pudessem sentir em segurança pelos séculos vindouros, como se adivinhassem já a sua futura perseguição no centro da Europa (o que acabou por acontecer 200 anos depois). Tratava-se de um projecto nascido não só na cabeça de um membro especial dos Templários, o próprio Afonso Henriques, mas nas cabeças dos líderes de uma das mais poderosas organizações do mundo cristão no início do segundo milénio da nossa era.

Para perceber a importância da criação de um novo estado-nação na Europa a partir da iniciativa de uma ordem religiosa como os Templários, convém lembrar que os membros desta organização não declaravam fidelidade e obediência total ao papa da igreja Católica Apostólica de Roma, mas sim, ao seu líder fundador Hugh de Payens (e, mais tarde, ao seu mentor espiritual, Bernardo de Claraval, futuro santo). E, como está comprovado historicamente, seguiam discretamente mais o culto de São João Baptista que valorizava sobretudo o Divino Espírito Santo, do que os rituais católicos apostólicos romanos estabelecidos pelo papa. Ainda hoje, em regiões de predomínio da presença dos Templários, como Tomar, a maior festa (conhecida como Festa dos Tabuleiros, com oferendas aos pobres) é feita em honra do Divino Espírito Santo. O mesmo acontece nos Açores, onde a sucessora Ordem de Cristo estava também fortemente implantada e onde o culto ao Divino Espírito Santo prevalece sobre todos os outros.

Isto é, a assistir o futuro rei de Portugal na criação, estabilização, defesa e engrandecimento de um novo reino, estava uma pequena organização militar, que seguia práticas de culto religioso não totalmente coincidentes (algumas até mesmo divergentes) com os da fé católica estabelecidos por Roma e até conhecimentos místicos ou esotéricos originários no Antigo Egipto. A identificação desta situação é tanto mais importante quanto, em momentos decisivos do relacionamento do novo monarca com o papa, Afonso Henriques decidiu contra Roma e seguiu o seu caminho como se não tivesse de prestar contas ao chefe máximo da Igreja Católica.

Estamos a falar de episódios como a nomeação unilateral pelo primeiro rei de Portugal de um bispo negro, de origem africana, para a Sé de Coimbra, por divergências com Roma sobre a escolha do novo prelado; e também o da doação de terras aos cavaleiros templários na zona de Santarém, pelo auxílio por estes prestado na conquista de Lisboa e das zonas em redor do Tejo aos sarracenos, contra a vontade do bispo de Lisboa nomeado por Roma, que queria essas terras para si e para a sua área de influência». In José Ferreira Gomes, Factos Escondidos da História de Portugal (que os Compêndios não nos dizem), 2021, Oficina do Livro, 2021, ISBN 978-989-661-002-9.

Cortesia de OdoLivro/JDACT

JDACT, José Ferreira Gomes, História, Cultura, Conhecimento, O Saber,