segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

Factos Escondidos da História de Portugal (que os Compêndios não nos dizem). José Ferreira Gomes. «... no século XVII, o combate dos holandeses (além das armas) pela via jurídica e diplomática ao conceito de Mare Clausum,o mar exclusivo, que tinha ajudado decisivamente a construir o Império Português do Oriente…»

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Símbolos Eternos

Um Plano Geoestratégico Chamado Portugal

Até os inimigos reconheceram a grandeza da nossa História

«O grande economista Adam Smith escreveu na abertura do livro A Riqueza das Nações, ainda hoje estudado em todas as universidades do mundo, que a descoberta da América por Colon e a chegada de Vasco da Gama à Índia foram os dois maiores acontecimentos da História. Já o historiador económico norte-americano Leo Huberman escreveu no século XX no seu livro História da Riqueza do Homem que os portugueses dos Descobrimentos foram os criadores do comércio verdadeiramente internacional. No século XVI, portugal foi comprovadamente a primeira potência comercial de dimensão global. Nunca antes nenhuma potência marítima tinha chegado tão longe e abrangido tantos continentes ao mesmo tempo. Mas a partir do final daquele século, com a perda da independência para a Espanha em 1580 e a participação de navios e forças militares portuguesas na Invencível Armada de Filipe II de Espanha, que acabou por ser derrotada pelos ingleses no canal da Mancha, estava ditada â sorte do nosso império: ser disputado em todos os palcos e por todos os meios, navais, militares, políticos, diplomáticos e até religiosos e culturais.

No entanto, no século XVII, o combate dos holandeses (além das armas) pela via jurídica e diplomática ao conceito de Mare Clausum,o mar exclusivo, que tinha ajudado decisivamente a construir o Império Português do Oriente, acabou por levar os nossos concorrentes a fazer um dos mais rasgados elogios aos navegadores lusitanos, que ficou registado para sempre na História do Mundo. Ao pretender contrariar o direito de monopólio comercial e marítimo dos portugueses no Atlântico e no Índico, isto é, acabar com o Mare Clausum, o filósofo holandês Hugo de Grotius escreveu no século XVII,  no capítulo V do seu famoso livro The. Rigbts of 'War and Peace, considerado o fundamento do Direito Internacional:

Porque não há parte alguma do mar em que não tenha havido um português a entrar primeiro, resultaria daí que toda a navegação seria da sua posse! Estaríamos [os holandeses] excluídos de todo o lado. E eles [os portugueses] que andaram por todo o mundo, teriam conquistado todo o oceano para eles. (...) Que os portugueses renovaram a navegação; que o descobriram ]o mar] a [favor de] nações europeias que o não conheciam, com grandes trabalhos, custos e perigos? (...) Quem seria tão louco a ponto de não lhes estar grato? [Mas] devem receber: o mesmo agradecimento e a mesma glória imortal com que todos os grandes descobridores se contentaram. Quantos não se beneficiam a si próprios, mas à Humanidade?»

O discurso de Grotius tinha como objectivo justificar o acesso ao Mare Clausum ou fechado (reservado aos portugueses e aos espanhóis) por parte de outras potências como a Holancla, para a posteridade ficou igualmente registado um dos mais rasgados elogios ao pioneirismo dos portugueses nas mais importantes descobertas por via marítima da História da Humanidade. Mas afinal como se começou a forjar o destino glorioso deste pequeno país?» In José Ferreira Gomes, Factos Escondidos da História de Portugal (que os Compêndios não nos dizem), 2021, Oficina do Livro, 2021, ISBN 978-989-661-002-9.

 Cortesia de OdoLivro/JDACT

JDACT, José Ferreira Gomes, História, Cultura, Conhecimento, O Saber,