sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

Dan Brown. O Símbolo Perdido. «Sato olhou para o professor como se ele estivesse louco. Como é que é? Langdon gesticulou na direcção do BlackBerry dela. Procure no Google George Washington Zeus»

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«Sato tornou a baixar os olhos para Langdon e esfregou o pescoço. Instalar um cabo telefónico é algo muito diferente de ser um deus. Para os homens modernos, pode até ser, retrucou Langdon. Mas, se George Washington soubesse que nós virámos uma raça com o poder de nos comunicar através dos oceanos, voar à velocidade da luz e pisar na Lua, ele iria supor que nós nos transformámos em deuses, capazes de tarefas milagrosas. Ele fez uma pausa. Nas palavras do futurista Arthur C. Clarke: Qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível da magia. Sato franziu os lábios, aparentemente entretida com os próprios pensamentos. Baixou os olhos para a mão e, em seguida, os ergueu de volta para a cúpula, na direcção apontada pelo indicador esticado.

Professor, o senhor foi informado de que Peter iria apontar o caminho, correcto? Sim, senhora, mas... Chefe, disse Sato, virando as costas para Langdon, pode nos fazer ver a pintura mais de perto? Anderson aquiesceu. Sim, há uma passarela que contorna a parte interna da cúpula. Langdon olhou bem lá para cima, para a minúscula grade logo abaixo do fresco, e sentiu o corpo se retesar. Não há necessidade de ir até lá em cima. Ele já subira uma vez naquela passarela raramente visitada, a convite de um senador e sua esposa, e quase desmaiara por causa da altura estonteante e da precariedade da estrutura. Não há necessidade?, repetiu Sato. Professor, nós temos um homem que acredita que esta sala contém um portal capaz de transformá-lo em um deus; temos um fresco no tecto que simboliza exactamente essa transformação; e temos a mão de alguém apontando directo para essa pintura. Parece que tudo está nos incentivando a subir.

Na verdade, interveio Anderson, olhando para cima, poucas pessoas sabem disso, mas existe um painel hexagonal na cúpula que se abre como um portal e pelo qual é possível olhar e... Esperem um instante, disse Langdon, vocês estão entendendo mal. O portal que esse homem está procurando é um portal figurado... que não existe. Quando ele disse Peter apontará o caminho, estava falando em termos metafóricos. O gesto da mão que aponta, com o indicador e o polegar esticados para cima, é um símbolo conhecido dos Antigos Mistérios, e aparece na arte antiga do mundo todo. Esse mesmo gesto aparece em três das obras-primas codificadas mais famosas de Leonardo da Vinci: A Última Ceia, A Adoração dos Magos e São João Baptista. É um símbolo da conexão mística do homem com Deus. Assim em cima como em baixo. A bizarra escolha de palavras do louco começava a parecer mais relevante. Nunca vi esse gesto antes, disse Sato. É só assistir à ESPN, pensou Langdon, que sempre achava graça ao ver atletas profissionais apontando para o céu para agradecer a Deus depois de um touchdown ou de um home run. Perguntava-se quantos deles sabiam que estavam dando continuidade a uma tradição mística pré-cristã de reconhecer o poder superior que, por um breve instante, os havia transformado em um deus capaz de realizar feitos milagrosos. Não sei se adianta alguma coisa, disse Langdon, mas a mão de Peter não é a primeira desse tipo a aparecer na Rotunda.

Sato olhou para o professor como se ele estivesse louco. Como é que é? Langdon gesticulou na direcção do BlackBerry dela. Procure no Google George Washington Zeus. A directora fez cara de desconfiada, mas começou a digitar as palavras. Anderson se aproximou dela devagar, olhando por cima de seu ombro com interesse. Langdon disse: Antigamente, esta Rotunda era dominada por uma gigantesca escultura de George Washington nu da cintura para cima... retratado como um deus. Ele estava sentado exactamente na mesma posição que Zeus no Panteão, com o peito à mostra, segurando uma espada na mão esquerda enquanto a direita se erguia com o polegar e o indicador esticados». In Dan Brown, O Símbolo Perdido, 2009, Bertrand Editora, 2009, ISBN 978-972-252-014-0.

Cortesia de BertrandE/JDACT

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