Cortesia de abaciente
A Lenda dos Reis
«Rezava assim a tradição:
Primeiramente veio Hércules e matou Caco, o filho de Vulcano, no seu antro do Aventino, onde jazia vomitando chamas:
- Em memória da façanha levantou Hércules em Roma a Ara maxima,
- obra que o povo lhe atribuía ainda no tempo de Virgílio, de Juvenal e de Ovídio.
Depois deu-se o caso de Evandro, sessenta anos antes da guerra de Tróia. Evandro era um rei grego, filho de Hermes e duma ninfa da Arcádia, por nome Carmenta ou Tiburtis. Partiu de Palâncio, na Arcádia, com uma colónia que veio assentar na margem do Tibre, ao pé do Monte Palatino, dando à nova cidade o mesmo nome da metrópole donde se destacara. Ensinou aos vizinhos as artes e as leis, ensinou-lhes nomeadamente o alfabeto, e introduziu os cultos helénicos de Pã, de Demeter (Ceres), de Poseidon (Neptuno) e de Heracles (Hércules).
Segue-se a história de Eneias, o troiano refugiado na Itália depois da queda da sua pátria.
Eneias abandona Tróia
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Era filho de Anquises e de Afrodite (Vénus) e dele diziam descender os Júlios de Alba depois nacionalizados romanos. Eneias reuniu no Monte Ida os destroços dos troianos e veio em vinte navios para a Itália. Seu pai Anquises morre na Sicília; e Eneias desembarca no Lácio, onde o rei Laurente, que reina sobre os latinos, recebe amoravelmente, dando-lhe terra para uma cidade e a mão de sua filha Lavínia. Mas a rainha Amata, que viu isto com maus olhos, excitou Turno, rei dos rútulos, noivo afiançado antes a Lavínia, a levantar-se em armas contra o rival e intruso. O rei de Cera, Mezêncio, e muitos outros reis abraçaram a causa de Turno contra Eneias, que tinha por si Evandro. Batalharam todos muito, e por fim Eneias matou Turno. Esta é a lenda histórica como a contam, pouco mais ou menos, Virgílio, Tito Lívio e Ovídio.
Roma na sua fundação
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Não acabaram aqui os trabalhos do herói, que afinal se some, como mais tarde Rómulo, no meio de uma escuridão de trevas, entre relâmpagos, e trovões, enquanto os latinos ferem uma batalha nas margens do rio Numício. Aparece depois de morto, armado em guerra, a seu filho Ascânio, anunciando-lhe ser deus e estar no Olimpo. Daí ficou sendo um Júpiter (Jup. indiges) e levantaram-lhe um altar no lugar da batalha, com outra a Latino, igualmente Júpiter.
Daí, Ascânio, trinta anos depois da fundação de Lavínio, funda Alba-Longa, onde a dinastia troiana reina por espaço de três séculos. Sucedeu então que, reinando o rei Númitor, seu irmão Amúlio o derrubou do trono. Tinha o rei destronado uma filha, Reia Sílvia, que professara no culto das vestais proferindo voto de castidade isso não impediu porém que o deus Marte lhe fizesse dois gémeos: Rómulo e Remo, os quais o rei usurpador, seu tio, sem atenção à origem divina dos recém-nascidos, mandou deitar ao Tibre». In Oliveira Martins, História da República Romana, Guimarães Editores, 7ª edição 1987, depósito legal nº 18351/87.
Cortesia de Guimarães Editores/JDACT