«Ao que vos parecer verso chamai verso,
e ao resto chamai prosa». In Irene Lisboa
«Há
tanto mistério e tanta beleza no acto da criação artística como no seu
contrário: passar pela vida sem criatividade. Ambas as coisas são humanas,
absurdas. E fugazes».
«Quando
morre um poeta, a poesia não fica mais pobre, não senhor. O poeta tinha mesmo
de morrer, fazia parte do seu trabalho de casa».
«É
preciso ter amado a vida para aceitar a morte. Convém mesmo ter amado alguém».
«Fazer
teatro é brincar aos deuses, já se sabe. … Mas os deuses, ao fazerem de conta
que faziam o mundo, não estariam também eles a brincar aos teatros?»
«Naquele
tempo os deuses ainda viviam, sobreviviam, num daqueles sinistros lares da
terceira idade. Os animais, é claro, falavam ainda correntemente. E as plantas,
as pedras, os penedos, os penhascos, os minérios e os minerais, cantavam em
coro a sua canção. Ainda! … As pessoas é que tinham começado a não existir,
buzinando, coléricas, nos engarrafamentos».
«Papoilas:
o riso dos trigais».
«As
pessoas, no geral, não vivem. Acontecem. E quando acontecem, se acontecerem!,
as pessoas, em regra, não fazem a menor ideia, morrendo sem saber quem foram,
por onde andaram e com quem. Ora nós, pormenor curioso!, chamamos a esta
alcateia de patuscos a humanidade».
«Há
sempre um erro novo à nossa espera. Seja ele um cubo ou uma esfera, há que recebê-lo
com alegria. É um erro novo. Está à nossa espera».
«As
pessoas que sabem tudo, nem sabem o que perdem da beleza deste mundo».
In
Jaime S. Sampaio, O Mar não Precisa de Poetas, Hugin Editores, Lisboa, 1998,
ISBN 972-831-058-7.
Cortesia
de Hugin/JDACT