A Corporação
dos Bombeiros Voluntários de Portalegre
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A Corporação permaneceu naquele espaço até 1916,
altura em que George Milner Robinson cedeu as instalações em que a mesma estava
ao l.º Batalhão de Infantaria 22, cujo quartel ia entrar em obras, continuando
ali a casa escola até pelo menos 1932.
Nos anos seguintes os bombeiros voluntários de Portalegre não tiveram os meios
necessários para modernizar o seu equipamento e, em 1933, o Álbum Alentejano
depois de tecer grandes elogios à Corporação referia que a mesma se mantinha na
retaguarda no que diz respeito ao material de combate, pois, ainda conservava
as suas antigas viaturas, não dispondo de viaturas motorizadas suficientes numa
cidade onde existiam importantes fábricas e edifícios de valor.
A
corporação dos Bombeiros Robinson
Esta
corporação foi criada a 14 de Setembro de 1908, ficando a dever-se à necessidade de uma equipa permanente que
vigiasse e acudisse de imediato ao mais pequeno indício de incêndio na fábrica,
devido aos riscos elevados por conta da quantidade e do valor da matéria-prima
armazenada. Constituída sobretudo por trabalhadores da fábrica, alguns deles
bombeiros nos Voluntários de Portalegre de onde saíram para integrarem a nova
corporação. Começou com 25 elementos, tendo como primeiro comandante Francisco
António Ceia. Contou de início com diverso material que estava há anos cedido
aos Voluntários de Portalegre, entre o qual constavam duas bombas de extinção
de incêndios, que passaram para a Fábrica Robinson, continuando no entanto à
disposição daquela Corporação. A primeira intervenção em conjunto de que há
conhecimento teve lugar a 2 de Setembro ainda antes da efectiva legalização da
corporação Robinson, num incêndio que se deu num olival da estrada da serra. Ambas
as corporações tinham instituído práticas de entre-ajuda para melhor gerir o
combate aos incêndios. Uma dessas práticas, previa que se o incêndio fosse na
cidade todos os bombeiros se pusessem sob a alçada do comandante dos Bombeiros
Voluntários de Portalegre, outra estabelecia que uma das companhias
permanecesse na cidade, enquanto a outra se dirigia ao local do fogo,
comunicando previamente tal situação, prática que ainda se encontrava em vigor
em 1933. Na comemoração dos 25 anos da corporação dos Bombeiros da Robinson, o
jornal A Rabeca de Outubro de 1932,
descreve as várias iniciativas com que se comemorou esse dia: alvorada com içar
da bandeira, um exercício de bombeiros na Fábrica Robinson, bem como uma
romagem ao cemitério e um sarau dançante. Em 1990, a corporação, tendo como comandante José Maria Ramos e
contando com 20 elementos activos e 4 auxiliares, é integrada no Serviço
Nacional de Bombeiros.
As
antigas viaturas da corporação dos Bombeiros Privativos Robinson
A
documentação disponível, para além de não ser abundante, nada refere de
concreto sobre as viaturas, distinguindo-as apenas pela sua função durante os
fogos entre bombas ou viaturas auxiliares. Para além de algumas referências a
viaturas que pertenciam a empresas da cidade ou mesmo ao município, não é
conhecido o seu número exacto e muito menos as suas características e
proveniência, excepto para a bomba já mencioada que George Robinson mandou vir
de Inglaterra para oferecer aos Bombeiros Voluntários de Portalegre. Quanto aos
meios com que se iniciou a corporação, António Ventura refere a existência
de 4 veículos não motorizados, um destinado ao transporte de lances de
mangueiras e agulhetas, outro para lances de escadas e os dois restantes
equipados com bombas braçais. Dois destes veículos seriam as já mencionadas
bombas que foram devolvidas pelos Voluntários de Portalegre, às quais se juntaria
o restante material da Fábrica Robinson e tendo em conta as quatro viaturas que
chegaram aos nossos dias, três delas poderão constituir o núcleo original das
viaturas Robinson.
Estas
viaturas eram movidas a força humana, pois além de não existirem nem
referências ao uso de animais nem peças de atrelagem, possuem uma barra
dianteira revestida de corda, o quepermitia que fossem empurradas por dois
homens. São construídas em madeira, com algumas peças em metal, pintadas de
vermelho com um pequeno símbolo a negro (dois machados cruzados tendo por baixo
as iniciais B.R., de Bombeiros Robinson quer na dianteira, quer face
lateral das viaturas. Em relação à primeira viatura trata-se de uma bomba de
extinção de incêndios, cujos cilindros de cobre, activados pela força braçal,
constituíam uma câmara-de-ar que funcionava através do princípio do vácuo,
puxando assim a água de poços ou fontes». In Armando Quintas, Um Olhar sobre as
Antigas Viaturas dos Bombeiros Privativos da Fábrica Robinson, Portalegre,
Publicações da Fundação Robinson, Portalegre, nº 28, p.22-33, 2014, ISSN
1646-7116.
Cortesia
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