segunda-feira, 22 de junho de 2015

O Mar não Precisa de Poetas. Jaime Sampaio. «Muita mais água correu e muita água corre ainda, aqui, bestes escritos que deslizam à flor de um mar que, arquétipo preexistente ao seres humanos que não precisa de poetas. Papoilas, o riso dos trigais da cdu…»

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«Ao que vos parecer verso chamai verso, e ao resto chamai prosa». In Irene Lisboa

«Viajamos, esquecemos, imaginamos. O amor é sempre uma criança».

«Os homens inventaram as mulheres. E as mulheres inventaram o mundo».

«Entre céu e terra, desejo e morte, a linha do teu corpo anuncia o norte».

«Se enquanto houver amor, houver amor, vai tudo bem. E enquanto a vida for, também».

«A Morte?... Nós já lá estivemos, calha bem. É uma casa muito grande com muitas janelas sem vista para o mar. Andámos por lá uma eternidade. E como o bom filho à casa torna, havemos de voltar».


«Os dias pingam da torneira do tempo. Quando o nível das águas beijar os meus lábios, logicamente deixarei de cantar. Até lá: Lá-la-ri-lo-lé. Desculpem se desafinei»

«Era então isso a paisagem: umas quantas árvores, campos, sombras, casario? E a vida. Era então isso a vida: o voo de um pássaro inexistente, em viagem urgente para sítio nenhum?»

«Ontem, disse o pardal, à beirinha do telhado. Mas os pássaros têm péssima memória…, e o pardal não acabou o seu discurso».

«Passava uma criança (as crianças também passam) por uma rua da cidade. Mas esta criança levava consigo, pela mão, um velho. (Embora o velho pensasse que era ele quem levava pela mão uma criança)»

In Jaime S. Sampaio, O Mar não Precisa de Poetas, Hugin Editores, Lisboa, 1998, ISBN 972-831-058-7.

Cortesia de Hugin/JDACT