quarta-feira, 9 de setembro de 2020

As Sete Irmãs. Lucinda Riley. «Em certas ocasiões em que Pa Salt estava em casa depois de uma das suas longas viagens ao exterior, eu notava como seus olhos brilhavam quando ele a olhava…»

Cortesia de wikipedia e jdact

Maia. 22 de Junho de 2007

«(…) Desta vez, Maia, eu trouxe um presente muito especial. Tem uma irmã, ele sorriu para mim e me ergueu nos seus braços. Agora não vai mais se sentir solitária quando eu precisar viajar. Depois disso, a vida mudou. A enfermeira que Pa trouxe, desapareceu algumas semanas mais tarde, e Marina assumiu os cuidados com minha irmã. Eu não conseguia entender como aquela coisa vermelha que não parava de berrar, frequentemente fedia e tirava a atenção de mim poderia ser um presente. Até certa manhã, quando Alcyone, baptizada com o nome da segunda estrela das Sete Irmãs, sorriu para mim da sua cadeira durante o café da manhã. Ela sabe quem eu sou, falei, admirada, para Marina, que a estava a alimentar. Claro que sabe, querida Maia. Você é a irmã mais velha, o modelo que ela vai seguir. Será sua responsabilidade ensinar a ela muitas das coisas que já sabe. Enquanto crescia, ela se tornou minha sombra, me seguindo para todo o lugar, o que me agradava e me irritava igualmente. Maia, espera!, exigia enquanto tropeçava atrás de mim. Na verdade, ainda que Ally, o apelido que lhe dei, fosse originalmente um acréscimo indesejado à minha existência onírica em Atlantis, eu não poderia ter desejado uma companheira mais doce e adorável. Ela raramente chorava e não fazia birra, como muitas crianças da sua idade. Com seus cachinhos louro-avermelhados e grandes olhos azuis, Ally tinha um charme natural que atraía as pessoas, incluindo o nosso pai.

Em certas ocasiões em que Pa Salt estava em casa depois de uma das suas longas viagens ao exterior, eu notava como seus olhos brilhavam quando ele a olhava, de um jeito que eu sabia que não brilhavam por mim. Enquanto eu era tímida e reticente com estranhos, Ally tinha uma franqueza e uma confiança que conquistavam todos. Ela também era uma daquelas crianças que pareciam destacar-se em tudo, particularmente música e desportos aquáticos. Eu me lembro de Pa nos ensinando a nadar na nossa piscina enorme, e, enquanto eu lutava para aprender a técnica para boiar e detestava ficar em baixo d’agua, minha irmãzinha parecia uma sereia. Enquanto eu tinha dificuldade para encontrar o equilíbrio num barco, mesmo no Titan, o iate gigantesco e maravilhoso de Pa Salt quando estava em casa, Ally implorava que ele a levasse para velejar na Laser que ele tinha aportado no nosso píer particular. Eu me agachava na pequena popa do barco enquanto Pa e Ally assumiam o controle e nós acelerávamos pelas águas transparentes. Essa paixão que compartilhavam por velejar os unia de um jeito que eu jamais poderia imitar. Apesar de Ally ter estudado música no Conservatoire de Musique de Genève e ser uma flautista talentosa, que poderia ter agraciado uma orquestra profissional, ela escolheu seguir a carreira de velejadora assim que deixou a escola de música.

Agora, competia em regatas regularmente e já havia representado a Suíça numa série de ocasiões. Então, quando Ally tinha quase três anos, Pa chegou em casa com nossa nova irmã, chamada Asterope, em homenagem à terceira estrela das Sete Irmãs. Mas vamos chamá-la de Star. Pa sorriu para Marina, para Ally e para mim enquanto estudávamos o novo acréscimo à família, deitado no seu moisés. Mas, agora eu estava frequentando aulas todas as manhãs com um professor particular, então a chegada da minha nova irmã me afectou menos que a chegada de Ally. Assim como, apenas seis meses depois, outra bebé com doze semanas de vida, chamada Celeano, a quem Ally imediatamente começou a chamar de CeCe. Havia apenas três meses de diferença entre Star e CeCe, e, desde que consigo me lembrar, as duas formaram um vínculo estreito. Eram como gémeas, conversando na sua própria linguagem infantil, que às vezes ainda usam para se comunicar. Elas habitavam um mundo particular, excluindo todas nós. Até agora, com mais de vinte anos de idade, nada mudou». In Lucinda Riley, As Sete Irmãs, 2014, Editora In, 2017, ISBN 978-989-648-906-9.

Cortesia de EIn/JDACT

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