Cortesia
de wikipedia e jdact
A
Perda
Genizah
«(…) Um
par de harpas feitas e tocadas por David. Receptáculos para recolher os dízimos
e a bacia de prata para água benta. Os recipientes para o sacrifício e para a
libação, de ouro batido. Talentos de prata e de ouro, resultado da taxa de
imposto anual de meio shekel, paga por todos os judeus. Vamos deixar os talentos e
esconder um número maior de objectos sagrados, disse Hilak. Devemos incluir os
tesouros não santificados, observou Jeremiah. Algum dia podem servir para
construir uma nova casa para o Senhor. Há barras de ouro que valem muitos
talentos, disse Hilak, olhando para o pai, o guardião do tesouro. Qual o objecto
não santificado mais precioso? Uma pedra preciosa enorme, disse Shimor,
imediatamente. Hilak fez um gesto afirmativo. Um grande diamante amarelo. Incluam
o diamante também, disse Jeremiah. Os homens entreolharam-se tristemente,
pensando em tudo que não poderiam incluir. Por três noites seguidas, entre o
fim do dia e a manhã, Hezekiah retirou os guardas do Templo do Portão Novo. A
entrada principal do Santo dos Santos era usada somente pelo Sumo Sacerdote por
ocasião do Yom Hakippurim para interceder por seu povo junto ao Senhor
Todo-poderoso. Mas havia uma entrada obscura no último andar do Templo. Uma vez
ou outra operários religiosos desciam por ela para arrumar o lugar sagrado.
Foi assim que os catorze homens
roubaram a Arca Sagrada e o que ela continha, as tábuas da lei que o Senhor
dera a Moisés no monte Sinai. O jovem sacerdote chamado Berechia desceu
amarrado a uma corda. Baruch ficou bem longe do Santo dos Santos. Ele pertencia
a uma família de sacerdotes mas nasceu com uma perna mais curta que a outra, o
que fazia dele um haya nega, um engano do Senhor. Não tinha permissão
para tocar no que era sagrado, uma honra reservada aos de físico perfeito. Mas
o medo de Berechia não era maior do que o seu enquanto os outros iam desenrolando
a corda e o jovem, girando lentamente, pousou como uma aranha nas sombras do
lugar sagrado. A luz fraca estendeu-se além do homem dependurado na corda
iluminando um brilho de asas. Berechia mandou para cima primeiro o querubim e
Baruch desviou os olhos, pois o Não Denominável ficava entre essas figuras no
Dia Mais Solene, para ouvir as preces do Sumo Sacerdote. Subiu então a
cobertura da Arca. Ouro sólido, difícil de içar pela corda. Finalmente a Arca.
Contendo as Tábuas!
Eles
puxaram Berechia para cima, muito pálido e trémulo. Eu me lembrei de Uzzah,
disse ele, com voz entrecortada. Baruch conhecia a história. Quando o rei David
resolveu levar a Arca para Jerusalém, um dos bois que puxava o carro tropeçou.
Uzzah, andando ao lado, segurou a arca sagrada para que não caísse e o Senhor
se enfureceu e o matou. Uzzah não morreu por ter tocado na Arca, mas porque
duvidou da capacidade do Senhor para protegê-la, disse Jeremiah. Não é o que
estamos fazendo, tentando escondê-la? O Senhor a protege. Nós agimos apenas
como seus servos, disse Jeremiah severamente para o jovem. Vamos. Nosso
trabalho apenas começou. Shimor e Hilak os levaram aos tesouros e objectos
sagrados que haviam escolhido previamente. Foi Baruch quem viu a folha enrolada
de cobre e sugeriu que fosse levada para fazer a lista dos esconderijos. O
cobre era mais durável do que o pergaminho e podia ser limpo facilmente, se
ficasse impuro, de acordo com o ritual.
Um camelo carregou a Arca da
Aliança do templo de Salomão e um asno carregou a tampa. Como gravetos errantes
num molho de lenha, as asas dos querubins erguiam a coberta de pano grosso. Baruch
foi recrutado por ser escriba. Agora Jeremiah mandou que ele gravasse os locais
de cada esconderijo na folha de cobre e ele se encontrou individualmente com
cada um dos treze homens para separar os objectos e enviá-los aos lugares
determinados. Só Baruch sabia todos os locais e o que cada um continha. Por que
só ele merecia essa confiança?» In Noah
Gordon, O Diamante de Jerusalém, 1979, Bertrand Editora, 1998, ISBN 978-972-251-041-7.
Cortesia de
BertrandE/JDACT