Com a devida vénia a Fernando Silva Soares publico o texto Bombeiros Voluntários de Castelo de Vide, um pouco de história de 10 de Outubro de 1983.
«Foi em 1915 no estalar de um Verão quente e era dia onze, precisamente umas horas depois da Feira de S. Lourenço, que um grupo de castelovidenses de garra resolveram criar a Agremiação dos Bombeiros Voluntários da Notável Vila de Castelo de Vide, como então lhe chamavam.
Eram uns quantos, 18 ao todo, chefiados pelo que foi alguns dias depois Instrutor e 1º Comandante dos Bombeiros de Castelo de Vide - o Senhor Modesto como vulgarmente era conhecido mas de nome completo, Modesto Duarte Garcês.
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Sem estatutos e orientação escrita ou regulamentada, foram estes 18 castelovidenses conversando sobre o assunto; vendo a necessidade de organização administrativa que haviam de precisar, fizeram a primeira reunião oficial a 25/10/1915 para eleição dos senhores:
- Professor Manuel Marcos Canário como Presidente;
- António Vicente Raposo Repenicado como 1º Secretário;
- Eduardo d'Alegria Ramos Gasalho como 2º Secretário;
- Mateus da Cruz Maniés como Tesoureiro.
Desta primeira Direcção não poderíamos passar adiante sem relatar qualquer análise, pequena que seja, para relembrar como era evidente e significativa a amizade e comunhão de ideias destes quatro cidadãos que à nossa Terra deram exemplo grandioso de carácter, honra e defesa acérrima da República democrática bem corno dos Direitos do Homem por que se bateram até à morte sem que tivessem o prazer de ver a Pátria renascida para uma 2ª experiência democrática neste século. Serviram esta e outras Instituições, simbolizaram a esperança, a verdade e o amor e por tal foram respeitados pela População da sua época. Ainda hoje são lembrados com muito respeito.
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Embora sem Estatutos próprios, mas regendo-se pelas condutas e normas usuais do momento, não deixou a Associação dos Bombeiros Voluntários de Castelo de Vide de ir sendo governada e comandada por pessoas que lhe emprestaram sempre grande prestígio, respeito e dignidade. Sucederam-se então, quer na Direcção, quer no Comando, homens dos maiores que Castelo de Vide teve na respectiva época, como por exemplo:
- João Vidal - Carlos Pereira;
- Professor Francisco Tavares;
- Carlos Tapadinhas;
- José da Graça Curado Carita;
- Olímpio Gonçalves Novo;
- João António Madeira Quintans como Presidentes da Direcção.
Tendo cabido a este último a honra de, com a sua capacidade organizativa que ainda e felizmente lhe conhecemos, ter feito aprovar os primeiros Estatutos de que há notícia por altura de 1937, bem como ter adquirido por Esc: 7.500$00 (sete mil e quinhentos escudos) a primeira viatura automóvel, corno então lhe chamavam. uma camioneta APS Chevrolet que ainda existe e que está neste momento a restaurar. Esta Direcção era composta tambérn pelo saudoso Tio Alberto d'Assunção e Armando Maniés. Seguiram-se outras Direcções presididas pelos Senhores António Vicente Raposo Repenicado, Joaquim da Conceição Miranda. Diogo Salema Cordeiro. Prof. António Maria Raposo que este cerca de 14 anos no desempenho da rnissão para o que foi acompanhado dos Srs. João Casimiro Penhasco Barrigas e José Júlio Soares Rabaça, Direcção a quem os Bombeiros e Castelo de Vide muito ficam devendo por tudo quanto conseguiram fazer, mas especialmente pelo equipamento e viaturas que adquiriram.
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Quanto a Comandantes devemos igualmente relembrar quantos passaram e deram o seu melhor que, além do fundador Sr. Modesto Garcês, foram os Srs:
- António de Jesus Morais Maia;
- João António Madeira Quintans;
- Alberto d’Assunção;
- Ten. Manuel Canhão Fernandes;
- António Carlos Pinto dos Santos;
- Augusto Beliz Rainho (Comandante Honorário);
- actualmente José Miguel Pardo Miranda.
Mas quantos outros, e tantos foram, permanecem na incógnita depois de terem dedicado toda a sua vida à Associação entregando-se na defesa do lema Vida por Vida. Esses ficam para depois porque os últimos serão os primeiros.
Ao longo dos anos e de toda a história dos Bombeiros muita coisa se passou e algumas delas dignas de registo merecendo portanto ser relatadas. Contudo, e porque não posso dar largas ao papel, vão-me permitir que escolha para contar a seguinte: Em determinada altura, cerca de 14 anos passados sobre a data de constituição da Associação em 1929 portanto, surge numa reunião da Direcção o 1º Comandante e Fundador Sr. Modesto com uma proposta que foi para a acta e que diz mais ou menos o seguinte:
“Considerando que na hipótese de um incêndio toda a vigilância é insuficiente não podendo um só dirigir o ataque e vigiar a Corporação, proponho que seja nomeado o Sr. António Jesus Soares Maia, ficando eu próprio a desempenhar as funções de 2º Comandante”. Depois de alguma discussão a proposta foi aprovada.
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A tal acto – que, pelo que me é dado a conhecer, “está fora de uso” no mínimo gostaria de fazer o seguinte comentário. Será que a modéstia e humildade deste Senhor que parece tudo ter feito na difícil fundação da Associação, lhe retiraram prestígio, dignidade, honra e respeito por que era tido por todos? A resposta será sua, caro leitor, mas o exemplo fica e perdurará para que afinal a irreverência, orgulho e displicência daqueles que nunca e nada fizeram pela sociedade, possam ser postos em causa e desacreditados.
- Vamos recolher exemplos, que há mais e felizmente.
- Dar sem receber.
- Servir sem ser servido.
- Vamos muitos e cada vez mais sabendo bem o que queremos.
- Para que amanhã hajam muitos Modestos Modestos.
Cortesia de Notícias de Castelo de Vide, RR, Fernando Soares/JDACT
