sexta-feira, 18 de junho de 2010

José Saramago, Parte I: Nobel da Literatura em 1998. «Passei de repente da alegria enormíssima da notícia que tinha recebido, para a solidão mais completa. Naquele momento a sensação que tive, claro que eu dava por mim numa grande alegria, era uma espécie de serenidade, pronto aconteceu»

(1922-2010)
Azinhaga-Golegã
Cortesia de DN 
José Saramago nasceu na aldeia ribatejana de Azinhaga, concelho de Golegã. Os pais vieram viver para a cidade de Lisboa quando ele era de «tenra idade». Fez estudos secundários (liceal e técnico) que não pôde continuar por dificuldades económicas. Segundo os dados, foi serralheiro mecânico, desenhador, funcionário da saúde e da previdência social, editor, tradutor, jornalista. O seu primeiro livro, o romance «Terra do Pecado», foi publicado no ano de 1947. Houve um interregno literário 1966.
Fez parte da redacção do jornal «Diário de Lisboa» (1972 e 1973) onde foi comentador político e coordenou o seu suplemento cultural. Entre Abril e Novembro de 1975 foi director-adjunto do «Diário de Notícias». Desde 1976 vive exclusivamente do seu trabalho literário.
José Saramago, conhecido pelo seu ateísmo e iberismo, foi  membro do Partido Comunista Português e juntamente com Luiz Francisco Rebello, Armindo Magalhães, Manuel da Fonseca e Urbano Tavares Rodrigues fundou, em 1992, a Frente Nacional para a Defesa da Cultura (FNDC). Era casado com a a jornalista sevilhana María del Pilar del Río Sánchez e vivia na ilha de Lanzarote, nas Ilhas Canárias. «Branca, com dois pavimentos, a casa de José Saramago se chama exatamente isso, «A Casa», conforme se lê junto ao portão de entrada. Fica no número 3 da Rua Los Topes, numa esquina da minúscula cidade de Tías, mas pode ser que o visitante tenha dificuldade em encontrá-la, pois o dono de A Casa, tendo lido sobre a história do lugar, decidiu restabelecer a sua antiga denominação, hoje inteiramente esquecida, Las Tías de Fajardo». In Jornal de Poesia.
Cortesia de DN
Os seus romances:

  • Terra do Pecado, 1947;

  • Manual de Pintura e Caligrafia, 1977;

  • Levantado do Chão, 1980;

  • Memorial do Convento, 1982;

  • O Ano da Morte de Ricardo Reis, 1984;

  • A Jangada de Pedra, 1986;

  • História do Cerco de Lisboa, 1989;

  • O Evangelho Segundo Jesus Cristo, 1991;

  • Ensaio Sobre a Cegueira, 1995;

  • Todos os Nomes, 1997;

  • A Caverna, 2000;

  • O Homem Duplicado, 2002;

  • Ensaio Sobre a Lucidez, 2004;

  • As Intermitências da Morte, 2005;

  • A Viagem do Elefante, 2008;

  • Caim, 2009.


Com a devida vénia ao CITADOR (http://www.citador.pt/) apresento um pensamento de José Saramago:


«Eu não sei o que é a inspiração. Mas também a verdade é que às vezes nós usamos conceitos que nunca paramos a examinar. Vamos lá a ver: imaginemos que eu estou a pensar determinado tema e vou andando, no desenvolvimento do raciocínio sobre esse tema, até chegar a uma certa conclusão. Isto pode ser descrito, posso descrever os diversos passos desse trajecto, mas também pode acontecer que a razão, em certos momentos, avance por saltos; ela pode, sem deixar de ser razão, avançar tão rapidamente que eu não me aperceba disso, ou só me aperceba quando ela tiver chegado ao ponto a que, em circunstâncias diferentes, só chegaria depois de ter passado por todas essas fases. Talvez, no fundo, isso seja inspiração, porque há algo que aparece subitamente; talvez isso possa chamar-se também intuição, qualquer coisa que não passa pelos pontos de apoio, que saltou de uma margem do rio para a outra, sem passar pelas pedrinhas que estão no meio e que ligam uma à outra. Que uma coisa a que nós chamamos razão funcione desta maneira ou daquela, que funcione com mais velocidade ou que funcione de forma mais lenta e que eu posso acompanhar o próprio processo, não deixa de ser um processo mental a que chamamos razão». In o Citador.
Cortesia de DN
«Aprendi a não tentar convencer ninguém. O trabalho de convencer é uma falta de respeito, é uma tentativa de colonização do outro». In José Saramago.
Da poesia ao romance, passando pelo conto, crónica, viagem e teatro, foi um dos autores portugueses mais conhecido internacionalmente.
Morre aos 87 anos de idade o Nobel da Literatura de 1998.

Cortesia do Citador/Jornal DN/JDACT