Gonçalo Lourenço Gomide (1350-1426), nasceu na vila da Castelo de Vide, Alto Alentejo, figura de relevo nos séculos XIV e XV. Escrivão da puridade de 1391 a 1393.
Foi o bisavô do Vice-Rei da Índia, Afonso de Albuquerque. Recebeu do rei D. João I várias doações, uma herdade em Alcácer do Sal (8.7.1382), umas casas junto a S. Vicente de Fora (14.11.1389), o reguengo de Mourão, Santarém (20.8.1390). Foi o 1º Senhor e alcaide-mór de Vila Verde dos Francos - 1396. Participou na tomada de Ceuta onde foi armado cavaleiro.
Outros dados.
Gonçalo Lourenço Gomide, era filho de Nuno Martins de Gomide, «homem muito nobre» de Portalegre, viveu no tempo d' el-rei D. Pedro I, Senhor de Vila Verde (é o primeiro de que há notícia com o uso deste apelido) e de Bartoleza Lourenço Gorjão.
Escrivães da Puridade (sécs. XIII a XVIII)
Carta de confirmação de El-Rei Dom Afonso IV dos foros e privilégios
atribuidos por reis anteriores à cidade de Lisboa.
Cortesia de Miguel Pires Prôa
«Escrivão da puridade, designação que se encontra de vez em quando em qualquer biografia de um Rei português. À primeira vista, interpretaria esse cargo como um secretário pessoal do Rei, mas uma análise mais atenta levou-me a perceber que seria não um mero escriturário mas um «quase» primeiro ministro. O escrivão da puridade do Rei, pelo menos da segunda metade do século XIV até ao século XVII, situava-se hierarquicamente acima de todos os outros cargos de Estado, como chanceler-mor, conselheiro de Estado ou vèdor. Pretendo fazer uma pesquisa mais detalhada sobre estes cargos alto-medievais e renascentistas, mas, para já, aqui fica uma listagem dos homens que exerceram o cargo de escrivão da puridade do Rei (a Rainha e os Infantes também tinham os seus próprios escrivães da puridade, mas só o do Rei é que teria funções de Estado)». Escrivães da Puridade do Rei:
- Dom Afonso III, Petro Petri scriptore secretorum regis;
- Dom Dinis I, Aires Martins, também vice-chanceler;
- Dom Dinis I, Martim de Louredo (fl. 1287);
- (...);
- Aires Anes de Beja;
- Gonçalo Lourenço de Gomide, 1391-1393;
- (...)
«Nos finais do século XIV, Guardão pertencia a João Fernandes Pacheco, mas, em virtude da sua adesão ao partido castelhano, as terras reverteram a favor da Coroa Portuguesa. D. João I doou-as, a 6 de Abril de 1398, a Gonçalo Lourenço de Gomide, bisavô do Vice-Rei da Índia, Afonso de Albuquerque». Mas a 21 de Outubro de 1446, Gonçalo Lourenço de Gomide e sua esposa, venderam ao rei o Couto de Guardão «pelo preço de mil quinhentos dobras de ouro, com sua jurisdiçam, com todas as suas entradas e saydas e direitos e pertenças, foros e geiras e padroado da ygreja». Cortesia da CM de Tondela.
Mais dados referentes a Gonçalo Lourenço de Gomide:
Cortesia do Turismo da CM de Leiria
O Moinho de Papel é um edifício histórico localizado em Leiria. Situa-se na margem esquerda do rio Lis, a leste da Igreja de Santo Agostinho e junto à ponte dos Caniços. O antigo moinho data da época medieval e foi criado especificamente para a produção de papel. Actualmente foi convertido em museu.
Sabe-se que, ao longo da Idade Média, Leiria possuiu vários moinhos em seus arredores dedicados à moagem de cereais que tiveram grande significado para a economia da cidade. O moinho dedicado à manufatura de papel foi instalado em Leiria a partir de 1411, de acordo com uma Carta Régia de D. João I na qual ele permitia a D. Gonçalo Lourenço de Gomide, escrivão do rei, que «… em dois assentamentos velhos que em outro tempo foram moinhos que estão no termo e na ribeira da nossa vila de Leiria … junto à ponte dos caniços…» se instalassem «…engenhos de fazer ferro, serrar madeira, pisar burel e fazer papel ou outras coisas que se façam com o artifício da água… contando que não sejam moinhos de pão». Cortesia da CM de Leiria.
É o primeiro moinho de papel conhecido em Portugal e a primeira fábrica da cidade, no qual se fabricaram as primeiras folhas a base de celulose. A existência de um moinho de papel na cidade terá influenciado o fato de Leiria ter sido uma das primeiras cidades portuguesas a ter uma tipografia, da qual sairia em 1496 um dos primeiros livros impressos do país, o Almanach perpetuum, do erudito hebraico Abraão Zacuto. Estudos recentes apontam que o moinho de papel foi construído sobre uma estrutura preexistente, possivelmente do século XIII, primeiramente dedicado à moagem de cereais.
«Os Albuquerques de Jerónimo de Albuquerque, sogro de Filippo Cavalcanti, eram os chamados Gomides Albuquerques, porque descendentes do casamento, trágico, de D. Leonor de Albuquerque e de João Gonçalves de Gomide. João Gonçalves, homem rico, era de nobreza muito recente. O pai, Gonçalo Lourenço de Gomide, tão ou mais rico, esteve em 1415 em Ceuta acompanhando D. João I; diz-se que levou-lhe quatrocentos homens armados para a empresa. Foi recompensado: o próprio rei armou-o cavaleiro, e depois fez a Gonçalo Lourenço, senhor de Vila Verde dos Francos. Foi também, nome delicioso, que já não nomeiam cargos burocráticos com tal espírito, escrivão de puridade, ou seja, secretário particular, de D. João I». O filho, João Gonçalves de Gomide, foi igualmente senhor de Vila Verde e escrivão de puridade do rei. Casou-se na boa nobreza de Portugal com D. Leonor de Albuquerque, filha de Gonçalo Vaz de Mello, senhor de Castanheira, Povos e Cheleiros, e de D. Izabel de Albuquerque. Aí aconteceu a tragédia: nalgum momento antes de 1437, João Gonçalves de Gomide assassina a mulher. É preso, condenado, e degolado em alto cadafalso em Évora. Aos órfãos de pai e mãe, determina-se que tomem o nome da mãe como apelido de família, e se lhes nomeia um tutor e curador, isso em 24 de março de 1437. Cortesia de Longtemps je me suis couché de bonne heure.,famadoria.
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