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O Forte de São Filipe de Setúbal, também conhecido como Castelo de São Filipe, localiza-se em posição dominante sobre um outeiro, fronteiro à cidade litoral de Setúbal, dominando a margem esquerda da foz do rio Sado e o oceano Atlântico, em Portugal.
A povoação de Setúbal não conheceu um castelo própriamente dito, embora tendo sido muralhada em época medieval. A expressão Castelo de Setúbal é popularmente empregada para denominar o Forte de São Filipe de Setúbal, este em posição dominante sobre um outeiro, fronteiro à cidade, na margem esquerda da foz do rio Sado. À época da Reconquista cristã da Península Ibérica, o povoado muçulmano foi conquistado pelo primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques, em 1165. Arrasado durante a ofensiva das forças do califa Almóada Abu Yusuf Ya'qub al-Mansur (1190), foi reerguido a partir de 1200, sob o reinado de D. Sancho I. O seu neto, D. Sancho II, após a retomada do Castelo de Palmela (1194), assegurando a posse desta região, também doou esta povoação à Ordem de Sant’Iago da Espada, para que a defendesse e repovoasse.
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Devido ao seu porto privilegiado pela sua localização sobre a rota comercial no oceano Atlântico e pelo desenvolvimento cada vez intenso que vivenciou, Setúbal tornou-se, no reinado de D. Afonso III, um dos principais portos de Portugal, a par do de Lisboa, do do Porto e do de Faro, razão pela qual recebeu o seu foral em 1249. O foral de portagem de Lisboa (5 de Outubro de 1337) refere, entre os produtos que alcançam a capital, uvas, vinhos, figos, peixe fresco e seco, itens que também transitavam pelo porto de Setúbal.
Data deste período, a primeira estrutura defensiva da povoação, uma muralha envolvente iniciada ao tempo do rei D. Afonso IV e concluída no reinado seguinte, sob D. Pedro I, com a função de conter os assaltos de piratas e de corsários que, oriundos do Norte d’África pelo oceano Atlântico, penetravam pela foz do rio Sado. Os trabalhos são referidos nas Crónicas de Fernão Lopes, que noticiam o lançamento das sisas, tributo cuja cobrança permitu essa edificação. Em 1343 o soberano ordenou que fosse demarcado o termo de Setúbal.
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O projecto de uma fortificação moderna para defesa deste trecho do litoral português remonta ao século XIV, com a construção do Forte de Santiago do Outão, destinado ao controle da entrada barra do rio e acesso ao burgo medieval. Visando ampliar essa defesa, no reinado de D. João III, Brás Dias recebeu Regimento no cargo de administrador das obras da Praça e Castelo de Setúbal (31 de Julho de 1526). As dificuldades financeiras, que levaram inclusive ao abandono das posições no Norte de África (Praça-forte de Azamor, Praça-forte de Arzila, Praça-forte de Alcácer-Ceguer e Praça-forte de Safim), terão atrasado o desenvolvimento desses trabalhos.
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Retomado à época da dinastia Filipina, a sua relevância é demonstrada pelo facto de que o próprio soberano D. Filipe I assistiu em pessoa, em 1582, ao lançamento da pedra fundamental da nova fortificação, com traça do arquitecto e engenheiro militar italiano Filippo Terzi. Este engenheiro teria trabalhado nessas obras até meados de 1594, quando assinou uma planta e corte da fortificação (8 de Julho de 1594), remetida ao Conselho de Guerra espanhol. Com o seu falecimento, foi designado para as obras o engenheiro militar e arquitecto cremonense Leonardo Torriani, que as teria dado como concluídas em 1600.
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No contexto da Restauração da Independência, sob o reinado de D. João IV, o Governador das Armas de Setúbal, João de Saldanha, executou a ampliação desta defesa pela adição de uma bateria baixa, entre 1649 e 1655. Acredita-se que esta nova estrutura visava cobrir a deficiência da artilharia em cobrir o acesso fluvial ao porto. No século XVIII a Capela no seu interior adquiriu um revestimento de azulejos, assinados por Policarpo de Oliveira Bernardes (1736). Durante o consulado pombalino (1750-1777) não teria ficado imune ao terramoto de 1755 e foi utilizada como Escola de Artilheiros.
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Em meados do século XIX um incêndio destruiu a Casa do Comando, então residência do Governador das Armas de Setúbal. A então moderna estrutura projetada por Terzi, em estilo maneirista, incorporava os avanços impostos pela artilharia da época. Em alvenaria depedra e tijolo, revestida por cantaria de pedra, apresenta planta poligonal irregular estrelada (orgânica) com seis baluartes e guaritas prismáticas cobertas por cúpulas nos ângulos salientes, cercada por um fosso. Pelo lado de terra, a defesa é complementada por uma segunda muralha (contra-escarpa), exterior ao fosso.
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No interior, sendo o acesso feito por um Portão de Armas a Oeste nas nuralhas, defendido por dois baluartes, um átrio dá acesso a um túnel de alvenaria de pedra, cum uma larga e suave escadaria com degraus em dois lances. Esta, por sua vez, é coberta por uma abóbada e o patamar entre os seus lances dá acesso às casamatas. Ao seu final, no terrapleno, encontram-se os edifícios de serviço: a Casa de Comando (antiga residência do Governador das Armas) e a Capela, à esquerda.
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A pequena Capela de São Filipe, orago do forte, apresenta planta rectangular, coberta por abóbada de berço. O seu portal exibe frontão ornado com volutas e uma torre sineira, entre pilastras. O seu interior é completamente revestido por azulejos nas cores azul e branca, onde se destacam painéis com cenas da vida daquele santo católico, assinados por Policarpo de Oliveira Bernardes (1736). A bateria baixa, estrutura datada do século XVII, constitui-se num baluarte com o formato trapezoidal que se estende em direcção ao mar.
Cortesia de wikipédia/CMSetúbal/Pousadas de Portugal/JDACT