(1920-1980)
Santarém
Cortesia de tintafresca
Bernardo Santareno, pseudónimo literário de António Martinho do Rosário é considerado o maior dramaturgo português do século XX. Estudou na Universidade de Lisboa e na Universidade de Coimbra, onde se licenciou em medicina psiquiátrica.
Dedicatória de Bernardo Santareno no Livro dos
Quartanistas de Medicina, 1949BNP Esp. N21/57
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Em 1957 e 1958, a bordo dos navios David Melgueiro, Senhora do Mar e do navio-hospital Gil Eanes, acompanhou as campanhas de pesca do bacalhau como médico. A sua experiência no mar serviria de inspiração a muitas das suas obras, como «O Lugre», «A Promessa» e o volume de narrativas «Nos Mares do Fim do Mundo».
Bernardo Santareno foi um intelectual de esquerda e teve vários problemas com o regime salazarista, tendo a sua peça «A Promessa» sido retirada de cena após a estreia. Depois da revolução de 1974 milita activamente no partido MDP/CDE e no Movimento Unitário dos Trabalhadores Intelectuais. Foi distinguido por três vezes com o Prémio Imprensa.
Bernardo Santareno deixou inédito um dos seus mais vigorosos dramas, «O Punho», cuja acção se localiza no quadro revolucionário da Reforma Agrária, em terras alentejanas. A sua obra dramática completa está publicada em quatro volumes. Parte do espólio de Bernardo Santareno encontra-se no Arquivo de Cultura Portuguesa Contemporânea da Biblioteca Nacional de Portugal.
Cortesia da cm-sobral
Médico de profissão, revelou-se como autor de teatro apenas depois de publicar três livros de poesia «Morte na Raiz, 1954», «Romances do Mar,1955», «Os Olhos da Víbora,1957», onde se enunciam alguns temas e motivos dominantes da sua obra dramática.
Reconhecido como o mais pujante dramaturgo português do século XX, a sua obra reparte-se por dois ciclos, menos distanciados um do outro do que a evolução estética e ideológica do autor terá feito supôr, já que as peças compreendidas em qualquer deles respondem à mesma questão essencial, a reivindicação feroz do direito à diferença e do respeito pela liberdade e a dignidade do homem face a todas as formas de opressão, a luta contra todo o tipo de discriminação, política, racial, económica, sexual ou outra.
Cortesia de revistaantigaportuguesa
Esta temática exprime-se, nas peças integrantes do primeiro ciclo através de um naturalismo poético apoiado numa linguagem extremamente plástica e coloquial e estruturado sobre uma acção de ritmo ofegante que atinge, nas cenas finais, um clima de trágico paroxismo. A partir de 1966, com a narrativa dramática «O Judeu», que retrata o calvário do dramaturgo setecentista António José da Silva, queimado pelo Santo Ofício, o autor plasma as suas criações no molde do teatro épico de matriz brechteana, adaptando-o ao seu estilo próprio, e assume uma posição de crescente intervencionismo que irá retardar até à queda do regime salazarista. Em 1979, depois de uma curta incursão no teatro de revista, colaborando com César de Oliveira, Rogério Bracinha e Ary dos Santos na autoria do texto de P'ra Trás Mija a Burra (1975).
Bernardo Santareno, ele próprio um «homossexual discreto» aborda a temática da homossexualidade em muitas das suas peças, antevendo a importância que esta questão e outras relacionadas com os direitos e as liberdades individuais face aos preconceitos morais e sociais da época, como o adultério, a virgindade, o papel da mulher no casamento e a moral religiosa.
A obra de Bernardo Santareno:
Poesia
- A Morte na Raiz (1954);
- Romances do Mar (1955);
- Os Olhos da Víbora (1957).
- A Promessa (1957);
- O Bailarino e a Excomungada (1957);
- O Lugre (1959);
- O Crime da Aldeia Velha (1959);
- António Marinheiro ou o Édipo de Alfama (1960);
- Os Anjos e o Sangue (1961);
- O Duelo (1961);
- O Pecado de João Agonia (1961);
- Anunciação (1962);
- O Judeu (1966);
- O Inferno (1967);
- A Traição do Padre Martinho (1969);
- Português, Escritor, 45 Anos de Idade (1974);
- Os Marginais e a Revolução (1979);
- O Punho (publicado postumamente em 1987)
Bernardo Santareno morreu aos 59 anos de idade.
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