(1825-1891)
Lisboa
Litografia por Antoine Maurin (1856).
Cortesia de wikipédia
José Maria Latino Coelho, mais conhecido por Latino Coelho, militar, escritor, jornalista e político português, formado em Engenharia Militar. Seguiu a carreira das armas, tendo atingido o posto de general de brigada do estado-maior de engenharia. Seguindo um percurso político que o levaria do Partido Regenerador, pelo qual foi eleito deputado, ao Partido Republicano Português, com passagem por um governo do Partido Reformista, de que foi fundador e ministro.
A sua carreira política percorreu todo o arco partidário da Monarquia Constitucional. Foi várias vezes eleito deputado, foi par do Reino eleito e exerceu as funções de ministro da Marinha e de vogal do Conselho Geral de Instrução Pública. Foi lente na Escola Politécnica de Lisboa e sócio efectivo e secretário perpétuo da Academia Real das Ciências de Lisboa. Como escritor, notabilizou-se com obras de foro histórico e ensaístico.
Cortesia de riodasmacas
Seu pai, pelas suas ideias liberais, emigrou para Espanha, e só em 1834 é que se estabeleceu em Lisboa novamente, podendo então dedicar-se à educação de seu filho. Latino Coelho estudou francês, inglês e rudimentos de Matemática e das ciências exactas. Estudar latim, lógica e a língua grega. Da Escola Politécnica passou à do Exército a seguir o curso de Engenharia Militar, que concluiu quando rebentava. a revolução popular, que em 1847 terminou pelo protocolo e pela intervenção das três nações estrangeiras, França, Espanha e Inglaterra, segundo o tratado da quádrupla aliança. Chegou ao posto de general de brigada em 19 de Setembro de 1888. Foi nomeado paraa lente substituto da cadeira de mineralogia e geologia na Escola Politécnica.
Cortesia de riodasmacas
Entrando na política, filiado no Partido Regenerador, foi eleito deputado por Lisboa, nas eleições suplementares de 1854. Só dois meses depois de frequentar a câmara, é que fez o seu primeiro discurso. O diploma de deputado era a honra dada ao mérito e ao estudo, porque já nessa época, Latino Coelho se tornara distinto como jornalista, carreira que encetara em 1849. Foi na Revolução de Setembro que se estreou escrevendo uma série de artigos sobre as questões que agitavam então a Europa e sobre as diferentes fases por que passava a ideia democrática. Entrando activamente a colaborar na Revolução, começou a combater o governo. Durante muitos meses foi também redactor principal dum jornal da sua politica, A Emancipação.
Em 1851 fundou A Semana, jornal literário que se publicava semanalmente e em cuja redacção Latino Coelho teve parte importante. Os seus melhores artigos de então foram os fac-similes de diferentes homens eminentes nas letras. Anteriormente escrevera muitos artigos biográficos de nacionais e estrangeiros, e uma colecção de tipos nacionais na Revista Peninsular. Em 1853, no Portugal Artístico, escreveu a maior parte dos artigos que acompanham as gravuras em grande formato, sendo escritos em francês e em português. No Panorama publicou uma minuciosa e extensa biografia de Almeida Garrett.
Colaborou na Época, Farol, Civilização Popular, Discussão, Politica Liberal, Jornal do Comércio, Democracia, distinguindo-se sempre pela elegância e pureza de estilo, e pelo vigor e correcção com que discutia os assuntos sujeitos ao seu exame.
Tinha grande predilecção pelas línguas estrangeiras. Escreveu em espanhol a biografia de Almeida Garrett, que foi publicada na Revista Peninsular. Era raro o jornal literário importante que não tivesse colaboração sua. Para uso dos alunos da Escola Politécnica publicou um Curso Elementar de História Natural. Foi director do Diário de Lisboa.
Cortesia de purl
«A Academia Real das Ciências nomeou-o seu sócio efectivo, e pouco tempo depois foi por votação unânime nomeado em 1856 secretário da mesma academia, ficando depois considerado secretário perpétuo. A Academia incumbiu-o de dirigir o Dicionário da língua portuguesa, conforme os subsídios de Ramalho, legados a Alexandre Herculano, e vendidos pelo falecido historiador àquela corporação. Latino Coelho foi par do Reino, e ministro da Marinha desde Julho de 1868 até Agosto de 1869. Exerceu diversas comissões, como a encarregada da reforma da Academia das Belas Artes de Lisboa, e o encargo de escrever, oficialmente uma História do Cerco do Porto em 1832. Latino Coelho, entrando na política, filiara-se no partido da Regeneração, agremiação política que se tornou um grande benefício para o país, principalmente por acabar de vez com a intolerância arvorada em forma de governo, e por abrir uma época de paz, condição primária de toda a civilização e progresso, mas no momento em que o país soltou um brado de reprovação geral dos seus erros, abandonou esse partido, e aspirando à realização dum ideal mais perfeito, adquiriu a persuasão de que a forma de governo republicano dava mais seguras garantias ao direito do cidadão, nas suas múltiplas manifestações, filiou-se nesse partido com sinceridade e fé patriótica. Comparecia nas assembleias políticas, quando o partido reclamava o auxílio do seu saber e da sua experiência, usando da palavra com toda a correcção e dignidade, criticando, castigando, demolindo, sem perder a linha austera e nobre, que era uma das feições dominantes do seu carácter. Foi por isso que obteve o respeito e as atenções de todos os partidos, e que, dentro da monarquia que ele combateu, contava verdadeiras afeições, porque se fazia justiça à sua sinceridade. Latino Coelho era comendador da Ordem de Cristo, grã-cruz da Torre e Espada e de N. Sr.ª da Conceição». In Portugal Dicionário Histórico, Manuel Amaral
Carta dirigida a Latino Coelho sobre a reforma da carta constitucional
Sá da Bandeira
Cortesia de purl
(A Carta_Reforma)
Cortesia de purl/Portugal Dicionário Histórico, Manuel Amaral/wikipédia/JDACT