As edições do Hyssope
«Além disso os indivíduos
que possuíssem quaisquer exemplares, eram obrigados a entrega-los aos ministros
territoriais, ou ao secretário da intendência, dentro de prazo de 30 dias,
ficando sujeitos, não o fazendo, à pena de degredo para África, por tempo de 10
anos. Esta edição de 1802 é pouco
vulgar.
2 - O Hyssope. Poema heroi-cómico de António Diniz da Cruz e Silva,
em 8 cantos. Lisboa, Typ. Rollandiana, 1808,
de 134 páginas. Esta edição é cópia fiel da de 1802, e portanto inferior às duas que vão mencionadas seguidamente,
publicadas em Paris nos anos de 1817
e 1821; contudo a edição de 1808 é também, como a de 1802, pouco vulgar, por terem sido
mandados recolher os respectivos exemplares, e proibida a sua venda e
divulgação, logo que foram expulsos os franceses do nosso país em Setembro de
1808. O falecido escritor Brito Aranha, refere-se a páginas 14 do seu
interessante livro Notas acerca das invasões francesas em Portugal, impresso em
Lisboa no ano de 1909, a uma cópia
manuscrita do Hyssope, que havia comprado a um alfarrabista, e que fora
escrita pelo habilíssimo calígrafo Domingos dos Santos, de nome completo,
Domingos dos Santos de Moraes Sarmento, natural do Fundão. O Brito Aranha
emite a opinião de que esta cópia tivesse sido transcrita da edição do Hyssope,
publicada em Lisboa pelo livreiro Rolland em 1808, e que fora mandada recolher pela autoridade depois da
expulsão dos franceses. Esta cópia foi feita por Domingos dos Santos, na
cadeia do Limoeiro, em Lisboa, onde esteve preso desde 1799 (?) a 1814,
falecendo neste último ano. Escreveu duos outras cópias do Hyssope, imitando em
ambas letra de imprensa; uma datada de 1795
que se guarda na biblioteca da Universidade, e outra que possui José Pereira Paiva
Pitta.
3 - O Hyssope. Poema heroi-cómico, por António Diniz da Cruz e Silva. Nova edição, correcta com variantes, Prefácio e Notas. Em 8 cantos. Paris, Off. de A. Bobée 1817, 8.° peq. de 4 innum. - XXXIII - 3 innum. – 137 pag. e 1 innum. - É adornada com uma interessante gravura a buril, em que se vê o deão oferecendo o hyssope ao bispo, e tendo na parte inferior, num espaço contornado por um filete, quatro versos do mesmo poema, que principiam assim: Reinava a doce paz na santa Igreja, etc. – Por fora do filete, em baixo e à esquerda, lê-se Couché fils Aquaf. Sculp. O Prologo do poema termina a página XXXIII, a que se seguem três paginas inumeradas, a primeira com uma Advertência, e as duas últimas com o Argumento. Segue-se o poema que abrange de página 1 a 114, ocupando as Notas de página 115 a 137, e seguindo-se uma inumerada de Errata. - Innocencio no seu Diccionario Bihliographico, Tomo I, dá apenas a esta edição XXIV-137 pag; Manuel dos Santos no n.º 8 da sua Bibliographia (1916),
diz XXXII em vez de XXXIII.
Tanto esta como a edição imediata, embora se não declare, foram dirigidas por Thimoteo
Lecusson Verdier, filólogo distinto, de quem são os prólogos e as notas. Era
natural de Lisboa, e residia nessa época em Paris.
NOTA: Verdier era filho
de pais franceses, e nasceu em Lisboa em 1754, sendo expulso de Portugal pela
regência em 1808 ou 1809, por ser francês,
quando foi sempre mais português no coração e nas obras, do que os seus perseguidores.
Foi ele que conjuntamente com Jacome Ratton e filho, estabeleceu em 1790 na então
vila de Tomar, a primeira e magnífica fábrica de fiação e tecidos de algodão, que
passou a denominar-se Real Fábrica dos algodões,
lençarias, e meias de Tomar. Verdier faleceu em Lisboa no mês de Novembro
de 1831. Quando esteve em Londres no
ano de 1825, por ocasião de uma leve
doença que o acometeu, escreveu o seguinte epitáfio satírico, para ser colocado
na sua sepultura, o qual se encontra transcrito no 3.º volume das Memorias
com o titulo de Annaes, de José Liberato Freire Carvalho:
«Aqui jaz Verdier negociante,
Que de Thomar a fabrica fundou,
Que uma regencia atroz, por
infamante,
Decreto injusto, a longe
o desterrou;
Ajunta do commercio despojou;
Tão certo é que seu mel nem
come a abelha,
Nem sua lã por cobrir-se
traz a ovelha.
Assi pois aconteceu
Ao pobre Luso e Francez,
Que trabalho e bens perdeu,
Porque tolo os dispendeu
Em dominio portuguez».
R. I. P.
In Francisco Augusto Martins
Carvalho, As Edições do Hyssope, Apontamentos Bibliográficos, (tiragem
limitada, só para ofertas), Editor o Autor, Casa Tipographica, Coimbra, 1921.
Cortesia de Casa
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