sábado, 30 de junho de 2012

Henrique VI. Rei Enfermo que sofreu Dramático Destino. «O filho do duque de York, Eduardo, não se demorou a assumir a chefia dos ‘Rosas Brancas’, manifestando a sua vontade de prosseguir na luta. Tanto mais que se sentia sustentado pela larga experiência de Warwick e apoiado, valiosamente, pelos condados do Sul»


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«As suas esperanças foram ali goradas. Em lugar de vitória com que contava, sofreu o desapontamento de uma humilhante derrota. Henrique foi mais runa vez capturado. No entanto, a rainha não desanimou. Persistente nos seus propósitos, recompôs-se rapidamente, oferecendo, de novo, batalha ao inimigo, nesse mesmo ano, já melhor preparada para a luta.
O êxito das suas armas, desta vez, ultrapassou-lhe as mais acalentadoras expectativas. Não só obtém a brilhante vitória de Wakefield, como deixa o duque de York morto no campo da liça. Era um adversário de respeito aniquilado para sempre. Nem assim mesmo a depauperante guerra interna terminou. O filho do duque de York, Eduardo, não se demorou a assumir a chefia dos ‘Rosas Brancas’, manifestando a sua vontade de prosseguir na luta. Tanto mais que se sentia sustentado pela larga experiência de Warwick e apoiado, valiosamente, pelos condados do Sul, que seguiam-lhe a causa com simpatia.
As suas hostes, impulsionadas pelo seu vigor e pela sua juventude entusiástica, marcham, quase sem resistência do contendor, sobre Londres. A capital acolhe-o calorosamente e Eduardo de York, ocupando-a, em Março de 1461, faz-se ali proclamar rei da nação, sob o nome de Eduardo IV.
A Europa assiste, então, a esta disputa singular de dois soberanos, ambos proclamados e com iguais direitos à coroa, procurando cada um deles aniquilar o outro. Margarida de Anjou, sendo forçada a admitir a realidade, não se conforma nem se rende a ela. O seu valoroso espírito, insubmisso mesmo perante o destino, rebelado, não quer domar-se às circunstâncias. E, ainda esse ano de 1461 não estava decorrido, já os dois partidos se enfrentavam, na batalha de Towton, cujo resultado de deploráveis efeitos, se apresentou desfavorável para as tropas da intrépida amazona..
Henrique VI teve a desgraça de cair, de novo, prisioneiro do rival e é expulso do reino para a Escócia. A mulher, mais expedita do que ele, forçada a fugir, procura asilo ,na França acolhedora. Em Inglaterra, o ambiente ,não é propiciário aos proscritos.
O rei da casa de Lancastre, débil e irresoluto, imbecilizado ainda mais pelas ,inúmeras atribulações que o têm massacrado, incapaz de uma reacção, não sabe nem pode tomar uma atitude conveniente, corajosa, que o dignifique aos olhos dos vassalos.
Pelo contrário, é Margarida, a rainha, quem chama a si o difícil encargo de, por todos os meios, fazer valer os seus direitos, antes, os direitos do filho, dado que o marido que lhe coubera em sorte, não passava de um desventurado ente inferiorizado por cruenta enfermidade e sem a indispensável envergadura para governar o país em tão desfavoráveis emergências. Ela tinha de arranjar energias por ambos.
Obtendo de Luís XI, que sucedera a Cados VII na coroa da França, um diminuto socorro e dispondo ainda de tropas em Inglaterra que a seguiriam nos riscos da campanha, Margarida sente-se impelida a tentar mais uma vez  a sorte das armas.
Mas, mais uma vez também, o azar a persegue, deixando-a em ultra precária posição». In Américo Faria, Dez Monarcas Infelizes, Livraria Clássica Editora, colecção 10, Lisboa, s/d.

Cortesia de Livraria Clássica Editora/JDACT