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«As suas esperanças foram ali goradas. Em lugar de vitória com que
contava, sofreu o desapontamento de uma humilhante derrota. Henrique foi mais
runa vez capturado. No entanto, a rainha não desanimou. Persistente nos seus
propósitos, recompôs-se rapidamente, oferecendo, de novo, batalha ao inimigo,
nesse mesmo ano, já melhor preparada para a luta.
O êxito das suas armas, desta vez, ultrapassou-lhe as mais
acalentadoras expectativas. Não só obtém a brilhante vitória de Wakefield, como
deixa o duque de York morto no campo da liça. Era um adversário de respeito
aniquilado para sempre. Nem assim mesmo a depauperante guerra interna terminou.
O filho do duque de York, Eduardo, não se demorou a assumir a chefia dos ‘Rosas
Brancas’, manifestando a sua vontade de prosseguir na luta. Tanto mais que se sentia
sustentado pela larga experiência de Warwick e apoiado, valiosamente, pelos condados
do Sul, que seguiam-lhe a causa com simpatia.
As suas hostes, impulsionadas pelo seu vigor e pela sua juventude entusiástica,
marcham, quase sem resistência do contendor, sobre Londres. A capital acolhe-o
calorosamente e Eduardo de York, ocupando-a, em Março de 1461, faz-se ali
proclamar rei da nação, sob o nome de Eduardo IV.
A Europa assiste, então, a esta disputa singular de dois soberanos,
ambos proclamados e com iguais direitos à coroa, procurando cada um deles
aniquilar o outro. Margarida de Anjou, sendo forçada a admitir a realidade, não
se conforma nem se rende a ela. O seu valoroso espírito, insubmisso mesmo
perante o destino, rebelado, não quer domar-se às circunstâncias. E, ainda esse
ano de 1461 não estava decorrido, já os dois partidos se enfrentavam, na batalha
de Towton, cujo resultado de deploráveis efeitos, se apresentou desfavorável
para as tropas da intrépida amazona..
Henrique VI teve a desgraça de cair, de novo, prisioneiro do rival e é
expulso do reino para a Escócia. A mulher, mais expedita do que ele, forçada a
fugir, procura asilo ,na França acolhedora. Em Inglaterra, o ambiente ,não é
propiciário aos proscritos.
O rei da casa de Lancastre, débil e irresoluto, imbecilizado ainda mais
pelas ,inúmeras atribulações que o têm massacrado, incapaz de uma reacção, não sabe
nem pode tomar uma atitude conveniente, corajosa, que o dignifique aos olhos
dos vassalos.
Pelo contrário, é Margarida, a rainha, quem chama a si o difícil encargo
de, por todos os meios, fazer valer os seus direitos, antes, os direitos do filho,
dado que o marido que lhe coubera em sorte, não passava de um desventurado ente
inferiorizado por cruenta enfermidade e sem a indispensável envergadura para
governar o país em tão desfavoráveis emergências. Ela tinha de arranjar
energias por ambos.
Obtendo de Luís XI, que sucedera a Cados VII na coroa da França, um
diminuto socorro e dispondo ainda de tropas em Inglaterra que a seguiriam nos
riscos da campanha, Margarida sente-se impelida a tentar mais uma vez a sorte das armas.
Mas, mais uma vez também, o azar a persegue, deixando-a em ultra precária
posição». In Américo Faria, Dez
Monarcas Infelizes, Livraria Clássica Editora, colecção 10, Lisboa, s/d.
Cortesia de Livraria Clássica
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