segunda-feira, 25 de junho de 2012

Guimarães. Barroso da Fonte. As Duas Cabeças: « Essas quatro tapeçarias foram encontradas, em 1915, por José de Figueiredo e Reinaldo dos Santos. Numa deslocação a Pastrana, vila que dista a cerca de 47 km a NE de Madrid, identificaram essas três valiosas peças que se reportam à tomada de Arzila pelas tropas Portuguesas, em 1471»



jdact e cortesia de wikipedia

«Do opúsculo que seguimos para ligar Geraldo Geraldes ao norte de África transcrevemos um mapa que explica “as incursões terrestres e marítimas dos portugueses e dos mouros entre 1178 e 1184”.
O norte de África, nomeadamente Marrocos, foi o varandim para as cruzadas que, a partir de 1415, os Portugueses iriam desenvolver, umas com mais brilho do que outras, mas todas demonstrativas da coragem e do estoicismo que o Povo Lusitano sempre colocou nas suas decisões.

Arzila - Portuguesa desde 1471
Quem passa pelo Museu do Paço dos Duques de Bragança repara, naturalmente, em 4 riquíssimas tapeçarias. Duas dessas tapeçarias encontram-se no salão dos “Passos Perdidos, desembarque e cerco”, uma terceira está exposta no “Salão dos Banquetes, o assalto a Arzila”, e a quarta, vê-se no “Salão Nobre”, simbolizando a entrada triunfal dos Portugueses em Tânger, sem qualquer resistência e com João de Bragança à frente das tropas.
Essas quatro tapeçarias foram encontradas, em 1915, por José de Figueiredo e Reinaldo dos Santos. Numa deslocação a Pastrana, vila que dista a cerca de 47 km a NE de Madrid, identificaram essas três valiosas peças que se reportam à tomada de Arzila pelas tropas Portuguesas, em 1471. Em 1924 Reinaldo dos Santos voltou a Pastrana, fotografou essas tapeçarias e, no ano seguinte, publicou um livro sobre elas, chamando ao livro:
  • “As Tapeçarias da Tomada de Arzila”.
Em 1926 Afonso de Ornelas voltou a Pastrana e aí descobriu a quarta tapeçaria. Todas elas foram executadas com base nos painéis de Nuno Gonçalves, um artista Português do século XV. Terão sido dadas pelos Filipes a um dos filhos do português Rui Gomes da Silva que optou pela vida eclesiástica, com o nome de frei Pedro Gonçalez de Mendonça (1564-1639). Veio a ser bispo de Granada, Saragoça e Siguença, tendo feito da igreja de Pastrana o panteão dos Silvas. Daí o ter reunido, nessa Igreja, as Tapeçarias que os Filipes lhe ofereceram e que se reportavam à tomada de Arzila e de Tânger pelas tropas portuguesas.
Quando, em 1915, foram identificadas, o Governo Português fez diligências junto do governo Espanhol para lhe devolver as tapeçarias. Contudo foram infrutíferas essas diligências. De facto o Governo galego apenas permitiu que fossem reproduzidas, ficando os originais no Escorial. Essas cópias acabaram por ser atribuídas ao Museu do Paço dos Duques de Bragança, constituindo um elo de ligação dos Vimaranenses às conquistas do norte de África. Afonso de Bragança, como se sabe, foi quem comandou as tropas na tomada de Ceuta. Mazagão foi fundada pelo Duque de Bragança, Jaime.
O mesmo duque conquistou Azamor. Quer em Tânger, quer em Arzila, quer em Safi, Aguz, Mogador, Casa Branca, Azamor e Mazagão, sempre os Vimaranenses deram provas de valentia e de portuguesismo. Era justo, portanto, que as Tapeçarias, encontradas em Pastrana, fossem doadas ao “Museu da Cidade-Berço”, onde permanecem, como espólio raro, a justificar os milhares, quiçá, um milhão de visitantes que por ali passam». In Barroso da Fonte, Guimarães e as Duas Caras, Editora Correio do Minho, 1994, ISBN 972-95513-8-3.

Cortesia de Guimarães/JDACT