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Um olhar diacrónico sobre o
território humanizado
«Com o advento da contemporaneidade há uma outra realidade que percorre
e irmana todos estes concelhos. São as invasões militares vindas de leste, nos séculos
XVIII e XIX. Os exércitos invasores entravam na Idanha deixando rasto de conflitos, pilhagens e destruições
por toda a região, onde ainda se ouvem inúmeros relatos, sob a forma de lendas
e sítios com história. Chegados à muralha natural constituída pelas serras das
Talhadas, do Muradal e dos Álvelos ainda se podem ver fortes e baterias
posicionados sobre as zonas de passagem obrigatória na rota para Lisboa. De
entre estes merecem destaque as fortificações da Ponte do Alvito, na fronteira
entre Proença-a-Nova e Castelo Branco e os de Vila Velha de Ródão, protegendo
a passagem do rio na área das Portas.
Os primeiros e mais
significativos trabalhos de investigação arqueológica nesta região, globalmente
considerada, remontam ao início do século XX e devem-se a Francisco Tavares de
Proença Júnior, autor da primeira Carta Arqueológica do Distrito de Castelo
Branco que também executou escavação em diversos monumentos e sítios.
Nos meados do século XX
merecem destaque os trabalhos que, sob o impulso de Fernando de Almeida,
conduziram à revelação da ocupação romana e medieval de Idanha-a-Velha.
Com a descoberta da arte
rupestre gravada do Tejo, no início dos anos 70, é posto em evidência um
complexo arqueológico pós-paleolítico de nível europeu e o maior do género
existente em Portugal. Parcelas embora diminutas desse importante património
têm sido divulgadas, em monografias ou sínteses cronológico-culturais, por dois
dos investigadores do grupo inicial, António Martinho Baptista e Mário Varela
Gomes.
Por essa altura têm
início os estudos da ocupação paleolítica dos terraços do Tejo em Vila Velha de
Ródão, uma linha de investigação que permaneceu até à actualidade sob a
direcção do arqueólogo Luís Raposo, e com resultados de enorme valia
científica.
Também, desde o início
dos anos 70, diversos arqueólogos integrados na Associação de Estudos do Alto
Tejo, nomeadamente Francisco Henriques, João Caninas e João Luís Cardoso,
desenvolvem, em toda esta região, projectos permanentes de cartografia
arqueológica, homologados pelos institutos de tutela sobre o património
arqueológico, e pesquisas mais aprofundadas (escavações arqueológicas) em
sepulturas e povoados pré-históricos em Vila Velha de Ródão e Idanha-a-Nova.
Trabalhos recentes
desenvolvidos pela arqueóloga Raquel Vilaça, universidade de Coimbra, permitiram
conhecer de forma aprofundada o povoamento, em sítios elevados, de vasta região
da Beira Interior, no final da Idade do Bronze.
O património
arqueológico do concelho de Nisa tem sido objecto de estudo sob a coordenação
do arqueólogo Jorge de Oliveira, universidade de Évora no âmbito de projectos
de investigação que abrangem uma área mais vasta no distrito de Portalegre». In
Jorge Oliveira, Associação de Estudos
do Alto Tejo, Arqueologia e Património Construído na Região do Alto Tejo
Português.
Cortesia de AE do Alto Tejo/JDACT