quinta-feira, 3 de junho de 2010

Filipe Folque: Um grande impulsionador da Cartografia em Portugal. Carta Topográfica da Cidade de Lisboa

Portalegre
(1800-1874)
Cortesia de igeo.pt/instituto
Filipe de Sousa Folque, foi um general de divisão, nascido na cidade de Portalegre. Assentou praça voluntariamente na Armada como aspirante de piloto, sendo mais tarde sido promovido a oficial. Estudou  na Universidade de Coimbra onde doutorou em Matemática. Foi nomeado Director das Obras do Rio Mondego e, em 1827, Ajudante do Observatório da Universidade de Coimbra. Em 1833 foi transferido para o Exército, sendo promovido a 1.º tenente adido ao Real Corpo de Engenheiros, onde fez toda a sua carreira militar.

Ainda decorria a Guerra Civil entre Liberais e Absolutistas, quando em 1833, começou a trabalhar na Comissão para os Trabalhos de Triangulação Geral e Levantamento da Carta Corográfica do Reino (Ministério da Guerra). Em 1852, em pleno período da Regeneração, chefiou a Comissão Geodésica e Topográfica do Reino que deu lugar a uma Direcção-Geral de Geodésica e Topográfica do Reino. As suas competências e designações foram-se alterando ao longo dos anos e, no final da sua vida Filipe Folque era Director-Geral dos Trabalhos Geodésicos, Topográficos, Hidrográficos e Geológicos do Reino.

Além de grande impulsionador da Cartografia em Portugal, colocando-a ao nível do que de melhor se fazia na Europa (como foi pública e internacionalmente reconhecido por sucessivos prémios), foi responsável pela adopção dos novos métodos de reprodução e divulgação da mesma, quer seja com a contratação do Mestre polaco Jan Lewicki para introdução da Litografia na Cartografia portuguesa.
Em termos de grandes marcos da cartografia nacional, é responsável:
  • Levantamento da Carta Geral do Reino ou Carta Corográfica de Portugal na escala 1: 100.000 (não obstante não ter tido tempo para assistir à sua conclusão, com a publicação das últimas folhas);
  • Carta Topográfica da Cidade de Lisboa, na escala 1: 1.000, em 65 folhas manuscritas e coloridas, que permitiram a elaboração da excelente Carta de Lisboa, litografada, na escala 1: 5.000;
  • Plano Hidrográfico da barra do Porto de Lisboa, na escala 1: 10.000, entre muitos outros trabalhos.


Dois exemplos da Carta Topográfica da Cidade de Lisboa
Cortesia de diasquevoam (Jorge Lima)
Com a criação da Escola Politécnica de Lisboa foi nomeado Lente de Astronomia. Foi mestre de Matemática dos filhos da Rainha D. Maria II e acompanhou estes, D. Pedro V e seu irmão Luiz, Duque do Porto (mais tarde Rei D. Luiz I) nas duas viagens que estes efectuaram à Europa em 1854 e 1855, já com a patente de Brigadeiro. Social e politicamente muito activo, foi deputado pelo círculo de Portalegre e de Lisboa.

Ainda em 1834, foi feito Sócio efectivo da Academia Real das Ciências de Lisboa, de que veio a ser Director de classe, em 1850. Lente jubilado da Escola Politécnica de Lisboa e da Escola do Exército, e devido aos seus grandes conhecimentos musicais (exímio flautista), colaborou activamente com Almeida Garrett na fundação do Conservatório Nacional. Escreveu várias obras científicas, que serviram de base a muitos estudiosos da matéria:
  • Memórias sobre os trabalhos geodésicos executados em Portugal;
  • Continuação das Memórias sobre os trabalhos geodésicos em Portugal;
  • Dicionário do Serviço dos trabalhos geodésicos e topográficos do Reino;
  • Instruções pelas quais se devem regular os Directores e Oficiais encarregados dos trabalhos geodésicos e topográficos, seguidas da descrição e rectificação do Teodolito;
  • rabalhos geodésicos do Reino;
  • Tábua para determinar a influência do erro dos ângulos sobre o cálculo dos lados do triângulo;
  • Tábuas para o cálculo trigonométrico das cotas de nível;
  • Tábuas para o cálculo de redução do centro;
  • Tábuas para o cálculo das distâncias à meridiana;
  • Colecção de notícias para a História e Geografia das Nações Ultramarinas e muitas outras obras...