segunda-feira, 6 de junho de 2016

Memórias Paroquiais. 1758. Alvito. Transcrição de André Coelho. «… achei, que esta terra e Villa de Alvito, está na provincia do Alemtejo pertence ao arcebispado de Evora, comarca da cidade de Beja, e he propria freguesia»

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Com a devida vénia a Fernanda Olival e André Coelho

Alvito. 2 de Junho de 1758. Memória Paroquial da freguesia de Alvito, comarca de Beja, [ANTT, Memórias Paroquiais, Vol. 3, nº 9, pp. 365 a 370]

[…]
Excelentissimo e Reverendissimo Senhor
Satisfazendo ao que Vossa Excelencia me manda informar em vertude da ordem de Sua Magestade Fidelissima, e respondendo aos quezitos, que nella se contem, achei, que esta terra e Villa de Alvito, está na provincia do Alemtejo pertence ao arcebispado de Evora, comarca da cidade de Beja, e he propria freguezia. He de donatario, que ao prezente he o barão conde dom Jozeph Lobo Silveira. Consta ter dentro da Villa trezentos e noventa fogos ou vizinhos, e fora da Villa no seu termo oitenta não contando a Villa de Agua de Peixes, de que abacho darei noticia, a qual pertence ao governo espiritual desta Villa, e ao temporal do duque de Cadaval com que dentro da Villa nestes vizinhos ou fogos contão se mil cento e vinte pessoas, e fora da Villa trezentas, e sincoenta. Para a parte do Sul, e meyo dia esta situada em hum alto mas não muito eminente della se avistão o lugar de Odivelas em distancia de duas leguas, termo da Villa do Torrão, os lugares de Peraguarda, o de Alfundão cada hum em distancia de duas leguas e ambos termo da cidade de Beja, a Villa de Ferreira em distancia de três leguas, a Aldeya de Frigaches em distancia de duas leguas, a Villa de Bringel em distencia [sic] de tres leguas, a cidade de Beja em distancia de sinco leguas, alguma parte da Aldeya da Cuba em distancia de duas leguas, Villa Ruiva em distancia de meya legua, a Villa de Oriolla de Cima em distancia de duas leguas, e a Villa de Portel em distancia de quatro leguas. Tem termo proprio e para a parte do meyo dia tem duas leguas, e para as outras tem menos, e ha partes, que não chega a meya legua, e nelle não se comprehende aldeya alguma, e so tem a Villa de Agua de Peixes, que pertence ao duque de Cadaval, e tem dezoito fogos na villa e termo; tem quarenta pessoas. Na Villa está o palacio do duque de Cadaval aonde rezide o seu ouvidor, e almoxarife. A paroquia esta no arrabalde da villa, mas junto a ella para a parte do poente, não tem mais lugares, que a Villa de Agua dos Peixes [sic] o seu oragão he Nossa Senhora da Assumpção tem nove altares, o altar mayor de talha dourada; o qual na boca da tribuna tem debacho de hum docel a imagem de Nossa Senhora da Assumpção nas collunas do entalhados [sic] dous ninchos com as imagens de S. João da Mata e S. Feliz de Urebes[?], mas abacho no mesmo entalhado estão duas piannas, nas quaes estão as imagens de S. Pedro Apostolo e Santa Barbara. Da parte de fora do arco da capella mor estão dous altares o da parte do evangelho he de Nossa Senhora da Conceição e tem hum nincho mais alto com a imagem de S. João de Deos e he de talha dourado [sic], o da parte da epistola he de talha mas ainda não está dourado he de S. Chrispim, e S. Chrispiniano, e em sima tem e outro nincho a imagem do Arcanjo S. Miguel. Tem no cruzeiro dous altares colatraes, que ambos são capellas da caza do barão conde o da parte do evangelho tem em pintura as imagens de Santo André Apostolo, e do martir S. Sebastião na ilharga fica hum tumulo de predra com as armas do barão conde, que são sinco lobos, o da parte da epistola tambem em outra pintura o nascimento de Christo, e na ilharga tem outro tumulo com armas, que são seis costas, e duas cruzes. Tem três naves na da parte da epistola tem dous altares o primeiro he de talha dourada com três ninchos no do meyo está Nossa Senhora do Rozario de quem he a capella, e tem duas confrarias huma de brancos, outra de prettos, no nincho da parte direita esta a imagem de Nossa Senhora com ttitulo da Consolação, e no outro nincho a imagem de S. Jozé. O outro altar he pintado na parede, e tem em hum nincho a imagem de Christo crucificado com hũa vidrassa, tem nas ilhargas em ninchos a imagem do Menino Jezus, e a de Nossa Senhora dos Remedios e este altar se chama do Senhor dos Aflitos, e nelle se acha, e esta o sacramento que se divide aos fieis, e ambos estes altares estão em capellas mais dentro da parede, e no meyo delles está huma porta para a rua chamada a Porta do Sol, a qual fica ao meyo dia. Na nave da parte do evangelho tem outros dous altares em conrespondencia da outra nave, o primeiro he dourado, tem tres ninchos o do meyo he de Nossa Senhora com o titulo das Almas, a qual está anexa a Confraria das Almas, tem as imagens do Apostolo S. Thiago, e de S. Luiz Bispo a outra capella de pintada e tem tres ninchos no do meyo está Nossa Senhora do Carmo e tem confraria e nas ilhargas estão as imagens de S. João Baptista, e Santa Thereza nesta capella estão em hum sacrario duas reliquias a do Santo Lenho em huma cruz de prata, e a de S. Chrispim, e S. Chrispiniano tambem em hum reliquario de prata, e no meyo destas duas capellas está outra porta a que chamão a Porta da Sombra, e fica para o Norte»
. In André Coelho e Fernanda Olival, ANTT, Memórias Paroquiais, Vol. 3, nº 9, pp. 365 a 370, Memórias Paroquiais de 1758, Universidade de Évora, CIDEHUS, FCTecnologia, 2011.

Cortesia de UÉvora, Cidehus, FCT/JDACT