terça-feira, 7 de junho de 2016

Memórias Paroquiais. Joana Braga. «Um aviso de 18 de Janeiro de 1758 do Secretário de Estado dos Negócios do Reino, Sebastião José Carvalho Melo, fazia remeter, através dos principais prelados, e para todos os párocos do reino, os interrogatórios sobre as paróquias…»

Cortesia de ANTT

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O instrumento de descrição da colecção Memórias Paroquiais que se apresenta pretende substituir o antigo ID L 321, fotocópia do volume 44 da própria colecção e que lhe serve de índice.  Esta colecção constitui-se como uma fonte de informação incontornável para a realização de estudos de história local, para agrado da curiosidade de qualquer pessoa, ou para investigações sobre o século XVIII português, nas mais diversas áreas, como sejam a organização administrativa, judicial, ou eclesiástica, a demografia, a geografia, as actividades económicas, etc. A vasta bibliografia onde se estuda esta colecção ou as inúmeras monografias em que são utilizadas as memórias paroquiais para fotografar uma localidade tal como era em 1758, são demonstrativas e convincentes do interesse que estes documentos suscitam. Por ser uma documentação de utilização e requisição constante, desde há largos anos que a sua consulta apenas se efectuava através do recurso a microfilme. Para obter a cota de uma memória paroquial o utilizador tinha de recorrer ao ID L 321, e solicitar o microfilme relativo ao volume onde se encontrava tal memória. Posteriormente, este trabalho foi integrado na base de dados então em uso na Torre do Tombo, fazendo corresponder cada memória paroquial a um documento. A mesma base de dados possuía vários módulos de trabalho interrelacionados, construindo-se do primordial módulo de descrição de documentos uma rede de ligações a outros módulos de descrição e de gestão arquivística, um dos quais era o módulo de autoridades de lugares. Neste módulo de autoridades de lugares foi possível, também em 2005, constituir milhares de autoridades de lugares alimentadas automaticamente da Codificação normalizada do nome dos municípios e freguesias, documento utilizado mormente pelos arquivos distritais, desde a sua primeira versão quando foi produzido pelo Instituto Português de Arquivos. A resolução de utilização máxima das funcionalidades das aplicações informáticas determinou que se estabelecessem ligações entre cada memória paroquial e a respectiva localidade actual, consagrada numa autoridade de lugar. Foram ao todo 4123 as memórias paroquiais constituídas em registos ao nível do documento simples, e apesar das dificuldades inerentes ao facto de terem ocorrido algumas mudanças nas designações das localidades e de nem todas as paróquias que compõem esta colecção estarem representadas nas autoridades de lugares, que foram associadas a pontos de acesso normalizados, neste caso, os nomes das localidades, permitindo um outro tipo de acesso aos documentos. A mudança para uma outra base de dados, durante o ano de 2009, que oferecia outras funcionalidades, ditou a suspensão das autoridades de lugares, e provocou o descaminho desse trabalho de associação. Espera-se que a recuperação da associação memória paroquial com a correspondente freguesia permita potenciar a utilização das mesmas memórias. Até esse ambicionado momento, oferece-se este índice, que, como dito acima, pretende tão só substituir o antigo ID L 321.  No presente índice pode encontrar-se em primeiro lugar a descrição genérica da colecção Memórias Paroquiais, tal como surge no catálogo em linha. De seguida é apresentada a transcrição do Prólogo patente no volume 44 das Memórias Paroquiais, onde se expõem algumas informações e considerações sobre a colecção. As entradas do índice correspondem aos registos descritivos existentes na base de dados, sendo que cada registo equivale a uma memória paroquial. Está apenas registado o nome da localidade, a circunscrição administrativa (comarca ou termo) em que se integrava, e a cota, isto é a indicação da colecção, volume e fólios em que se encontra a memória. Procedeu-se ainda, sempre que possível, a uma nova actualização da grafia do nome das localidades de acordo com as Orientações para a descrição arquivística. Só com o contributo dos utilizadores será possível melhorar o serviço prestado. Qualquer partilha de informação com o Arquivo Nacional da Torre do Tombo é um acto de colaboração e de cidadania activa cujos maiores beneficiários são os nossos utilizadores». Lisboa, Torre do Tombo, Outubro 2014. Joana Braga

«Um aviso de 18 de Janeiro de 1758 do Secretário de Estado dos Negócios do Reino, Sebastião José de Carvalho e Melo, fazia remeter, através dos principais prelados, e para todos os párocos do reino, os interrogatórios sobre as paróquias e povoações pedindo as suas descrições geográficas, demográficas, históricas, económicas, e administrativas, para além da questão dos estragos provocados pelo terramoto de 1 de Novembro de 1755. As respostas deveriam ser remetidas à Secretaria de Estado dos Negócios do Reino.  As respostas ao inquérito terão sido levadas para a Casa de Nossa Senhora das Necessidades, em Lisboa, da Congregação do Oratório, para serem trabalhadas pelo Padre Luís Cardoso (?-1769). O ex-libris existente na maioria dos volumes confirma esta custódia. O índice terá sido elaborado ou concluído no ano de 1832, data que apresenta. Passaram depois para a Biblioteca da Ajuda após a extinção das ordens religiosas, seguindo para o Depósito Geral das Livrarias, no antigo Convento de São Francisco da Cidade, e daí para a Torre do Tombo entre os anos de 1836 e 1838. As datas desta história custodial são incertas, mas encontra-se registado em livro do Ministério do Reino o ofício de 17 de Março de 1843, de D. Manuel de Portugal e Castro (vedor da Casa Real) reclamando como pertencentes à Biblioteca Real os 44 volumes que formam a colecção dos apontamentos para o dicionário geográfico de Portugal, reunidos pelo Pe. Luís Cardoso. Na sequência, surge a Portaria de 21 de Março de 1843 do Ministério do Reino para a Torre do Tombo, inquirindo sobre a existência dessa colecção neste arquivo, para onde tinha sido conduzida pelo Dr. António Nunes de Carvalho (guarda-mor da Torre do Tombo entre 1836 e 1838), retirando-a do Depósito Geral das Livrarias dos extintos conventos. A resposta dada pela Torre do Tombo, a 27 de Março do mesmo ano, confirmou a existência dessa colecção, referindo que não devia sair do arquivo, porque não era propriedade particular, mas sim o resultado de uma diligência que o Governo mandara fazer». In Joana Braga, Memórias Paroquiais, Índice, Arquivo Nacional da Torre do Tombo, 270.01.03, 1/2014, Lisboa, 2014, ID L 712.

Cortesia de ANTT/JDACT