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«(…) Cinco anos após a fundação
da Biblos surge
no nosso panorama cultural a Princípio
(Porto 1930), dirigida pelo filósofo e pedagogo Álvaro Ribeiro,
impulsionador do movimento da filosofia portuguesa, onde, apesar da sua
efémera duração, encontramos colaboração filosófica assinada por José Marinho e
Delfim Santos. Esta mesma década de 30 conhecerá a edição de mais uma revista
universitária de carácter interdepartamental, destinada também ela a grande
projecção futura, a Revista da
Faculdade de Letras (Lisboa, 1933 até à actualidade),
publicada pela Faculdade de Letras de Lisboa, que nos oferece um valioso
testemunho da actividade filosófica no âmbito escolar, sobretudo a partir de
1957, ano que marca a independência do 6 Grupo (Filosofia) e, consequentemente,
a autonomia curricular da Filosofia, suprimida desde a reforma de 1926. O
estudo da colaboração de interesse filosófico veiculado pelas páginas da Revista da Faculdade de Letras
da Universidade de Lisboa, até ao ano de 1983, foi exaustivamente elaborado
por Francisco Gama Caeiro, em artigo intitulado Da Filosofia na Faculdade de Letras de Lisboa, editado no
número comemorativo dos cinquenta anos da sua publicação (Lisboa, 1983), pelo
que, sobre o período referido, mais não cumpre dizer. Assim, tomando como
referência os anos posteriores a 83, a Filosofia continuou a encontrar nas
páginas da revista um espaço relevante com colaboração, no âmbito da lógica, de
Manuel Santos Lourenço, sobre o conceito de identidade na teoria clássica da
dedução; de Cristina Beckert Assunção e Carlos João Correia sobre a hermenêutica
contemporânea; de Francisco Gama Caeiro e Joaquim Cerqueira Gonçalves no âmbito
da mesa redonda sobre Literatura e Hermenêutica, publicada no n° 12, (Lisboa 1989).
de José Barata Moura sobre as condições de possibilidade da História das Ideias
como disciplina do saber, de Leonel Ribeiro Santos sobre Descartes e a concepção
moderna da analogia e de Adriana Veríssimo Serrão sobre Feuerbach e a filosofia
do Renascimento.
Registemos ainda, nos anos
trinta, o aparecimento de uma revista de dominância literária, mas que não
deixou de evidenciar colaboração filosófica de interesse. Falamos da Revista de Portugal (Coimbra
1937), dirigida por Vitorino Nemésio, que reedita assim o título da publicação
dirigida por Eça de Queiroz na centúria anterior. Aí publicou Delfim Santos o
seu estudo recentemente reeditado sobre
Heidegger e Holderlin, e Magalhães Vilhena uma primeira abordagem à sua futura
obra sobre a história da ideia de progresso. Para além dos dois autores
citados, regista ainda a colaboração de António Sérgio, com uma análise dos
sonetos de Antero, de José Marinho com um estudo sobre o juízo tácito e
de Vieira Almeida sobre a veritas latina.
O início da década de quarenta
assiste ao aparecimento da revista coimbrã Vértice (1942 até à actualidade), que corporizará um
espaço de opinião em clara oposição à política cultural vigente durante o
Estado Novo, em áreas próximas das correntes marxistas. Foi nas suas páginas
que se desenrolou a interessante polémica entre António Sérgio e Bento Caraça
sobre a natureza e o valor da ciência, nos anos 1945-46. De registar a
colaboração de autores como Vieira Almeida, Egídio Namorado, Alberto Ferreira,
José Percegueiro, Eduardo Lourenço, José Barata Moura, Adriana Veríssimo Serrão
e Eduardo Chitas. Um ano mais tarde saiu a público a Gazeta de Filosofia
(1943-44), revista de existência efémera (apenas três números), mas que
contou com a colaboração, entre outros, de Vieira Almeida e de V. Magalhães
Vilhena». In Pedro
Calafate, Estado da Questão, Revistas Filosóficas em Portugal, Philosophia
2, Lisboa, 1993.
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