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Festas bacanais. Argumento
«(…) Fazem concílio os bêbados de porte,
opõe-se aos Bagulhentos Pedro ingente;
favorece-os o Catigela forte,
no Lamarosa tem seu lava-dente.
De inveja Lieo lhes busca a morte,
descendo a Monte-mor contra esta gente,
que vê em rio Mourinho a acção traidora,
e a Peramanca chega venceora.
XVII
De
Castela se veem nessa morada
águas
de duas cores deleitosas,
quando
a nossa cidade está esgotada,
inda
que o gesso as faz menos gostosas;
c’o
licor novo espera ser tirada
a
reima das entranhas sequiosas,
porque
esse é o que aquenta a velha idade
desterrando
a água-pé desta cidade.
XVIII
Mas
em quanto com novo não me alento,
reparti
com os pobres que o desejam;
ide
largando dele, com intento
que
seus poucos reales vossos sejam.
assim
recolhereis o nosso argento,
e de
todos aqueles que festejam
por
tal ordem a Baco celebrado,
que
costumam beber cada bocado.
XIX
Já
de lá d’Alcochete caminhavam,
as
formosas borrachas apertando,
e
depois de vazias as largavam,
outras
doutro licor melhor tomando,
de
branca escuma os copos se mostravam
cobertos
ao beber não lhe assoprando;
mas
as águas nem doces, nem salgadas
delas
vistas não foram nem provadas.
XX
Quando
Francisco, bêbado espantoso,
que
em copo, frasco, taça é eminente,
se
ajuntou em conselho, desejoso
de
dar favor a toda aquela gente.
Pisando
esse caminho tão famoso
da
rua das adegas prestemente,
convocados
da parte do entornante
por
um já n’outro tempo bom tocante».
[…]
In Décio Carneiro, Paródia ao Primeiro
Canto dos Lusíadas de Camões, Quatro Estudantes de Évora, 1589, 1880, autoria
anónima, Projecto Livro Livre, livro 660, 2015, Poeteiro Editor Digital, Iba
Mendes.