domingo, 19 de janeiro de 2014

Balanços Globais e Regionais de Entropia da Atmosfera. António R. Tomé. «A Lei Fundamental da Dinâmica, “2ª lei de Newton”, exprime a variação da quantidade de movimento em função das forças que a produzem. A extensão desta Lei à dinâmica dos fluídos foi realizado por Euler»


Cortesia de wikipedia

A Entropia no Ecossistema Terrestre. O Ecossistema terrestre
«(…) O sistema climático coincide com o ecossistema terrestre. Numa primeira fase poderíamos aceitar que o sistema climático, S, era constituído pela união de vários subsistemas abertos, disjuntos, que eram a Atmosfera, A, a Hidrosfera, H, a Litosfera, L, a Criosfera, C, e a Biosfera, B. Todos estes subsistemas são abertos e não isolados, interactuando entre si, e encontram-se imersos num mar de fotões de origem solar e terrestre. Os fotões solares são de energia mais elevada (ESol = hvSol) e incidem, em cada instante, sobre uma região limitada do Globo; os fotões de origem terrestre são em muito maior número, na banda do infravermelho, vSol » vTerra, de menor energia (ETerra = hvTerra) e são emitidos em todas as direcções, mas de tal maneira que, os dois sistemas de fotões se compensam energeticamente. Assim, o sistema climático só fica completo com a inclusão da Fotosfera, F. Podemos, portanto escrever:


Os diversos componentes do sistema climático são sistemas heterogéneos, caracterizados pelas suas composições químicas diferentes e por propriedades físicas distintas. A Atmosfera, a Hidrosfera, a Criosfera e a Biosfera formam uma cascata de sistemas ligados por processos físicos complexos, envolvendo fluxos de energia, de entropia, de momento angular e de matéria, através das respectivas fronteiras, de tal forma que o sistema climático global é altamente não linear. Esta não linearidade é, ainda, reforçada pelos numerosos mecanismos de auto-realimentação (feed-back).

Esquema do ecossistema terrestre

Leis que regem o ecossistema terrestre
A Terra constitui um sistema fechado e não isolado. É um sistema fechado porque não há transferência de matéria com o universo complementar; é um sistema não isolado porque recebe energia radiante solar e emite, para o espaço, energia radiante no domínio do infravermelho. No entanto, os subsistemas que a constituem são sistemas abertos quer para a massa quer para a energia. As leis fundamentais que regem o comportamento do ecossistema terrestre e dos seus subsistemas são as Leis Universais da Física, nomeadamente, a Lei da Gravitação, a Lei de Conservação da Massa, a Lei Fundamental da Dinâmica, as Leis do Radiamento e o Primeiro e Segundo Princípios Fundamentais da Termodinâmica. A Lei da Gravidade manifesta-se em todos os fenómenos que envolvam massa desde o movimento da própria Terra até à queda dum grave na sua superfície.
A Lei Fundamental da Dinâmica (2ª lei de Newton) exprime a variação da quantidade de movimento em função das forças que a produzem. A extensão desta Lei à dinâmica dos fluídos foi realizado por Euler; são estas equações que regem todos os fenómenos da dinâmica dos geofluidos. As Leis do radiamento permitem analisar a influência da energia radiante na fenomenologia do ecossistema terrestre. A Lei da Conservação da Massa permite-nos aceitar que a massa total da Terra é constante. O mesmo se passa com a substância água, que é um componente comum a todos os subsistemas do ecossistema terrestre. Todos os processos que ocorrem no ecossistema terrestre envolvem transferências ou transformações de energia. Assim, da energia solar recebida pelo ecossistema terrestre, uma parte é utilizada em aquecer os oceanos e a Litosfera, em manter a evaporação e, em geral, o ciclo hidrológico e em alimentar a fotossíntese; outra parte é utilizada em aquecer a própria Atmosfera e gerar a fotodissociação dos gases da Atmosfera. Finalmente, uma terceira parte, é refectida e reenviada para o espaço, não participando na dinâmica do ecossistema terrestre. A quantidade de energia total mantém-se constante (Primeiro Princípio) mas esta pode apresentar-se sob diversas formas, com possibilidade de transformação de umas nas outras. O Primeiro Princípio da Termodinâmica fixa, exclusivamente, a quantidade total de energia, mas não determina a direcção da sua evolução e das transformações entre as diversas formas que apresenta. A direcção dessas transformações é determinada pelo Segundo Princípio Fundamental da Termodinâmica. A introdução do conceito entropia, S, permite especificar o sentido das transformações de energia. O Segundo Princípio pode enunciar-se em termos da entropia: A entropia dum sistema isolado aumenta sempre, ou quando muito, mantém-se constante, i.e.

Fluxos e geração de entropia no interior de um sistema


Para um sistema aberto e não isolado a variação de entropia, dS, é igual à entropia gerada no seu interior, diS, mais a entropia importada do exterior, deS, associada ao fluxo de massa e de energia (Prigogine, 1962).


A entropia aparece como um aferidor do grau de desorganização, ou de desordem dum sistema e como um indicador do nível da qualidade da energia de que dispõe. O Primeiro Princípio Fundamental da Termodinâmica afirma que a energia do Universo é constante, e que não pode ser criada nem destruída; só a sua forma pode mudar. O Segundo Princípio, o Princípio da Entropia, afirma que, em processos naturais, a energia só pode variar numa direcção única, de uma forma de energia mais utilizável para uma forma de energia menos utilizável (i.e. mais degradada)». In António Rodrigues Tomé, Balanços Globais e Regionais de Entropia, de Energia e de Massa da Atmosfera, Contribuição para o Estudo do Clima do Mediterrâneo, Departamento de Física, Universidade da Beira Interior, Covilhã, 1997.

Para o JPP! Que esteja em paz!

Cortesia da UBInterior/JDACT