Igreja
«Planta longitudinal composta em cruz latina, de nave única com 6 capelas
laterais intercomunicantes, transepto inscrito e capela-mor com retrocoro.
Volumetria escalonada com coberturas em terraço acima das quais se eleva o
volume da cúpula com cobertura piramidal. O alçado principal da igreja
integralmente de cantaria, de um só corpo ladeado por 2 torres de secção
quadrada encimadas por cúpula e lanternim, organiza-se em 2 níveis. No 1º
rasgam-se 3 vãos em arco de volta inteira, de acesso à galilé, gradeados,
separados por pilastras e encimados por 3 nichos com estátuas (da esquerda para
a direita: São Vicente, Santo Agostinho e São Sebastião), os laterais coroados
por frontão triangular e o central por frontão curvo. No nível superior
abrem-se 3 janelões rectangulares sobrepujados de frontão curvo (os laterais) e
triangular (o central). Acima da cornija eleva-se uma platibanda de balaústres
e plintos com pináculos piramidais. As torres, de 3 níveis e delimitadas
lateralmente por dupla pilastra, ostentam no 1º um nicho com estátua (na da
esquerda Santo António, na da direita São Domingos), encimado por frontão
curvo; no nível imediato, nicho com estátua (na da esquerda São Bruno, na da
direita São Norberto), dotado de frontão triangular; no 3º nível abrem-se as
ventanas sineiras em arco de volta perfeita. A nave e a capela-mor são cobertas
por abóbadas de berço com marcação de caixotões, enquanto que sobre o cruzeiro
se eleva uma cúpula. Três degraus e uma balaustrada de mármore operam a
transição entre a nave e o transepto. O altar-mor, de dupla face, é coberto por
um baldaquino assente em 4 colunas rematadas por dossel. O envolvimento das
bases das colunas é feito por 8 estátuas de madeira de grandes dimensões, do
lado do Evangelho: São José, Santo Agostinho, Santa Mónica e São Vicente; do
lado da Epístola a Virgem, São Teotónio, São Frutuoso e São Sebastião. No coro
dos cónegos destaca-se o órgão revestido a talha dourada da 1ª metade de
setecentos e o cadeiral, de pau-santo, de 3 faces em 2 ordens.
Mosteiro
Planta composta de volumes articulados e coberturas a 4 águas. No alçado
principal O., de corpo único e um só andar, destaca-se o portal em arco de
volta inteira, de feição seiscentista, ladeado por 2 pares de pilastras
caneladas, que se terminam em acrotérios e assim se articulam com uma janela de
sacada coroada por uma pedra de armas do reino. Outras 4 janelas, idênticas,
sucedem-se para a direita do portal. À esquerda um nicho com a imagem de pedra
de Santo Onofre, medalhões e capitéis decorados com a emblemática de São Sebastião
e de São Vicente. É a partir deste portal que se pode ter acesso aos claustros
e dependências conventuais, podendo igualmente fazer-se através da igreja.
Transposto o portal acede-se à Sala da Portaria, compartimento quadrangular com
tecto pintado, onde se pode ver a representação do Triunfo da Igreja contra os
Manicheus, tendo como figura central Santo Agostinho, datada de 1710, altos
silhares de azulejos joaninos figurando cenas históricas e relacionadas com a
fundação e a construção do mosteiro e ainda a teia de embrechados polícromos
com balaustrada torneada em pau santo. A partir da Portaria tem-se acesso à
galeria de um dos 2 claustros (ambos de planta quadrada), os quais ocupam uma
vasta área rectangular. Neles destacam-se os silhares de azulejos recortados
que revestem os muros num conjunto de 81 painéis, datáveis da 1ª metade do séc.
18 e de temática variada: passos das fábulas de La Fontaine, paisagens
campestres e marítimas, cenas galantes e pastoris. A Sacristia, situada entre
os 2 claustros, sendo a acesso ao seu interior feito através de um portal e
moldura por pilastras e frontão, apresentando as armas reais, é um
compartimento rectangular, com revestimento de mármores polícromos de forte
impacto decorativo e tecto ostentando uma composição pictórica de autor
desconhecido. Outras dependências conventuais, com acesso a partir dos
claustros, apresentam silhares de azulejos azuis e brancos do período joanino,
sendo de realçar a composição dos alizares das escadarias que levam à torre e
aos antigos Paços episcopais, bem como um painel de azulejos representando um
cortejo episcopal, nos terraços do patamar dos claustros. D. Fernando de
Saxe-Coburgo mandou instalar no antigo refeitório dos monges o Panteão da Casa
de Bragança para onde foram transferidos os túmulos que se encontravam junto da
capela-mor». In Teresa Vale e Carlos Gomes, Igreja e Mosteiro de São Vicente
de Fora, Lisboa, Revista Monumentos, 1994.
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