quinta-feira, 12 de setembro de 2013

A Fortaleza de Sabugal. Beira Interior. «A localidade mantinha a anterior importância, agora acrescida pelas cláusulas do “Tratado de Alcanices”, que lhe impunham um estatuto de primeira fortaleza raiana. Neste contexto, Dinis I ergueu um castelo exemplar, moderno e espacialmente racionalizado»


Cortesia de igespar e jdact

«O Castelo do Sabugal, também referido como Castelo das Cinco Quinas devido ao formato incomum de sua torre de menagem, localiza-se na freguesia e concelho do Sabugal, no distrito da Guarda. Em posição dominante sobre a povoação, num pequeno planalto da serra da Malcata, controla a travessia do rio Côa na sua margem direita. Daí  a sua importância na antiguidade e na época medieval.
Reza a tradição que foi no largo deste castelo que se deu o famoso milagre das rosas tendo como protagonistas a Rainha Santa Isabel e o rei D. Dinis».

«As origens do Castelo de Sabugal encontram-se no reino de Leão, quando Alfonso IX detinha as terras de Riba-Côa. Nos séculos XII e XIII, a vila era a principal localidade desta vasta região, na medida em que controlava a ponte que permitia a passagem do rio Côa. Apesar desta circunstância de inegável importância, os primeiros dados seguros surgem apenas nos inícios do século XIII, quando o monarca leonês fundou a vila, por volta de 1224. Nos setenta anos seguintes, um primitivo reduto defensivo foi edificado a expensas do reino de Castela e Leão, fortificação que haveria de ser conquistada pelo monarca Dinis I em 1296, na sequência da ofensiva militar do nosso rei sobre as terras de Riba-Côa.
É a partir da transferência de soberania da vila que aparece o castelo gótico de Sabugal. A localidade mantinha a anterior importância, agora acrescida pelas cláusulas do Tratado de Alcanices, que lhe impunham um estatuto de primeira fortaleza raiana. Neste contexto, Dinis I ergueu um castelo exemplar, moderno, arquitectónica e espacialmente racionalizado. As obras principiaram pelo desimpedimento do núcleo central da vila, dentro das antigas muralhas leonesas, onde se erguiam algumas casas. Definido o perímetro, a opção foi por uma fortaleza de planta geométrica quase perfeita, delimitando um pátio sub-rectangular com torreões quadrangulares nos ângulos.
A radicalidade e modernidade deste projecto está bem espelhada na majestosa torre de menagem. Ao contrário dos castelos românicos, onde esta torre aparecia isolada dentro do recinto interior, a torre de menagem do castelo de Sabugal adossa-se a uma das muralhas e tem por objectivo a defesa activa da porta principal. Para além disso, ao contrário da secção quadrangular da estrutura, optou-se por uma torre pentagonal, herdeira das torres quinárias dos Templários e de Sancho I, cuja imponência se assumiu como uma das principais imagens da vila ao longo da sua história.
As muralhas do castelo foram igualmente tratadas de forma cuidada e bastante actual, de um ponto de vista operacional. Dois torreões circulares protegem um dos alçados e um largo adarve percorre todo o recinto quadrangular. Exteriormente, uma barbacã, possivelmente já do século XIV, circunda a fortaleza, obrigando ao estreitamento dos acessos e à progressiva individualização das forças inimigas, que ficam, assim, expostas ao tiro vertical.




A cerca que circunda a vila é, também ela, um produto gótico. De planta oval, e integrando grande parte do castelo, devem datar do século XIV, praticamente em simultâneo com a construção do reduto. A porta principal localiza-se na outra extremidade e, entre estes dois elementos, a Rua Direita assume-se como o principal eixo de circulação intra-muros.
À semelhança da maioria dos nossos castelos, também o de Sabugal foi objecto de várias reformas. No reinado do monarca Manuel I, os desenhos de Duarte de Armas mostram uma barbacã bem composta de tranoeiras, perfeitamente adaptada à guerra de artilharia. Nos séculos seguintes sucedem-se as obras, visando o reforço da estrutura, que ainda serviu de ponto de apoio às guerras peninsulares de inícios do século XIX. A partir daqui, perdida a função militar pelo progresso da arte da guerra, o castelo entrou em decadência. Se no século XVI existiam algumas casas no interior do pátio, em meados de Oitocentos este foi adaptado a cemitério da localidade, chegando mesmo, na viragem do século, a demolir-se a capela de Santa Maria, templo tutelar da fortaleza desde a época gótica.
As obras de restauro tiveram início pouco depois, após a constituição da Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais. Esta instituição, desenvolveu aqui um programa de intervenção bastante ambicioso e integral, que teve por objectivo a reconstrução de grande parte do castelo medieval, desde as muralhas à colocação de merlões, obras que estão na origem da configuração actual do castelo». In PAF, IGESPAR.

Cortesia de Wikipédia e IGESPAR/JDACT