sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Transmissão de Más Notícias. José Carlos Luís. «A escuta activa é um acto terapêutico que permite identificar as necessidades do interlocutor e eleva a sua auto-estima; reduz a tensão do momento e permite-lhe verbalizar todos os seus sentimentos. No fundo ajuda o doente a enfrentar a doença…»


Cortesia de jcl e jdact

Empatia
«(…) É um processo pelo qual uma pessoa é capaz de um modo imaginário de se colocar no papel e na situação de uma outra pessoa afim de apreender os seus sentimentos, pontos de vista, atitudes e tendências próprias do outro numa dada situação. O profissional de saúde deve reconhecer, valorizar e aceitar a condição da pessoa que sofre. Deve dar sinais de que é capaz de se colocar no lugar do doente e compreender os seus sentimentos, (Entendo que seja difícil…Compreendo que tenha razões para se sentir assim…). Mesmo quando o doente se apresenta agressivo, zangado, irritado ou nervoso, é sempre útil começar por demonstrar a nossa empatia para com aquilo que ele sente. O uso da empatia é, assim, a melhor forma para se começar uma relação. A compreensão empática tem como objectivos: permitir ao profissional de saúde compreender o que o doente / família vive; fazer compreender ao doente / família que o profissional se interessa por ele; encorajar o doente e família a conhecerem-se intimamente e a explorar o que lhe acontece. A empatia deve ser reforçada com uma atitude de consideração positiva e respeito incondicional pelo doente, e com uma atitude de autenticidade e congruência por parte do profissional de saúde.

Escuta Activa
A escuta activa é uma escuta centrada no doente. Implica estar atento a todas as mensagens transmitidas pelo doente, verbais e não verbais. Ouvir não é a mesma coisa que escutar. Ouvir é um acto passivo, automático, enquanto que escutar implica uma atenção desperta activa, que formula perguntas e sugere respostas. Escutar activamente permite-nos conhecer aquilo que é mais importante para o doente. Não consiste apenas em captar e compreender as palavras que se dizem, mas também em prestar atenção aos sentimentos da pessoa. O profissional de saúde deve escutar o que o doente diz, como diz e o que é que implicam as palavras que profere. Muitas vezes a comunicação não verbal fala mais forte que as próprias palavras e pode até indicar uma mensagem diferente. Escutar activamente consiste em: não interromper; olhar nos olhos; adoptar uma atitude e postura de disponibilidade, sem dar a impressão de ter pressa; sentar-se ao lado do doente; dar sinais de que se está a escutar aquilo que o outro diz; não fazer juízos de valor; respeitar os silêncios do doente; estar com atenção à tonalidade da voz, ao ritmo do enunciado, à postura corporal, aos temas que evita, às desculpas, gestos, hesitações e repetições do doente; reformular junto do doente, utilizando as suas próprias palavras (Quando o Sr. diz que… quer dizer que…). A escuta activa é um acto terapêutico que permite identificar as necessidades do interlocutor e eleva a sua auto-estima; reduz a tensão do momento e permite-lhe verbalizar todos os seus sentimentos. No fundo ajuda o doente a enfrentar a doença e estimula a sua cooperação no cumprimento do tratamento

Fazer Perguntas
Não é possível ajudar o doente se não lhe fizermos perguntas. Estas têm como objectivo identificar as suas necessidades e descobrir aquilo que o poderá fazer sentir-se melhor. A dificuldade principal consiste em saber formular as perguntas. Devem colocar-se com naturalidade, delicadeza, de forma gradual, adaptando a linguagem à capacidade de compreensão do doente e expressando de forma activa o nosso interesse em clarificar e responder a tudo o que o doente pergunta durante a realização de uma entrevista (O que...? Como…? Quando…? Quem…? Porquê…?). A maioria das perguntas devem ser abertas para que seja possível ao doente reflectir e exprimir os seus sentimentos e preocupações. Por vezes é necessário sermos específicos e ajudar a que o doente também o seja (Como se sente hoje? Disse-me que se encontrava um pouco nervoso…porquê?). Durante o diálogo o doente deve ser incentivado a comunicar (Continue…) e os seus aspectos psicológicos deverão ser explorados (O que é que o preocupa mais na sua situação?). Por outro lado, é útil evitar o uso de perguntas fechadas ou perguntas que já sugiram uma resposta (Está melhor, não está?)» In José Carlos Pereira Luís, Transmissão de Más Notícias, Curso de Mestrado em Gestão de Unidades de Saúde, IPP, ESSP, Portalegre, 2010.

A amizade de AM e JCL

Cortesia de IPP/ESSEP/JDACT