O que é a imitação?
«Acção de imitar qualquer um, de reproduzir os traços significativos do seu comportamento exterior ou de evocar qualquer coisa, ou o resultado destas acções. Pode ser a imitação também a tomada de qualquer pessoa como modelo ou de se inspirar no seu exemplo, como aconteceu, por exemplo, com S. Francisco ao imitar Cristo, tal como inúmeros outros santos carismáticos, ou na sua obra, artística ou literária. Muitos são os mestres da pintura, da escultura, da literatura que têm imitadores na sua época ou na sua posteridade. A imitação pode ser assim também a composição segundo o género ou estilo de um outro autor, ou nele inspirada directamente, apresentando, em relação a esse modelo, uma originalidade variável, mais no domínio da criatividade. Este tipo de imitação sucedia imenso no Renascimento, com o revisitar dos autores clássicos, tendo-se feito imensas obras à sombra de outras ou de outros autores. Aqui sucede aquilo que os franceses chamam de pastiche, cópia ou decalque, em Portugal. O termo outro, refira-se, no que concerne à imitação reveste-se de um significado abrangente, já que se trata da apropriação parcial ou total de outrem. O outro é na imitação, por assim dizer, o modelo, o exemplo, algo que se procura seguir de forma mais ou menos acentuada. É neste contexto que se segue o exemplo de alguém, de alguma instituição. Com o sucesso das companhias majestáticas de comércio dos holandeses em finais do século XVI e meados do seguinte, muitas outras lhes seguiram o exemplo, quase como um comerciante que baixa os preços...
A imitação é também a reprodução artificial de algo, de uma matéria ou objecto, a sua cópia enquanto algo com valor passível de ser imitado. Quantas peças de mobiliário, vestuário, obras das artes decorativas, antiguidades, até, foram, e são, imitadas. Aparece neste sentido muitas vezes a palavra (ou derivado) imitação junto da matéria imitada, como, por exemplo, uma carteira de imitação.
Imitação nas Belas Artes
São tradicionalmente conhecidas como artes da imitação a pintura e a escultura, nas quais se procura reproduzir os objectos na sua natureza própria, num meio artificial e de forma incompleta. Começa-se sempre por imitar nas Belas Artes. Aquilo que normalmente se chama de criação nos grandes artistas mais não é do que uma maneira particular de cada um ver e assimilar a natureza, a forma de renovar nos espíritos dos espectadores as impressões, as recordações, as emoções e as sensações que formam ou devem ser reproduzidas pela coisa representada. Os grandes artistas tiveram sempre que imitar os seus antecessores, antes de conseguirem ter autonomia criativa para traçarem a sua própria forma de ver a natureza. Aristóteles, por exemplo, considerava a arte como imitação, com um valor puramente artístico e purificador do sentimento (Kátarsis), para além de produtor de coisas belas.
Rafael, um dos grandes pintores do Renascimento, foi, segundo muitos estudiosos da arte, um dos que mais se aplicou a imitar, desde os seus mestres às obras pictóricas e escultóricas da Antiguidade Clássica, bem como a outros mestres que o precederam e mesmo outros seus contemporâneos, como Albrecht Dürer, Ticiano, Michelangelo, entre outros. Rubens, por exemplo, foi um dos grandes imitadores da pintura, não deixando, no entanto, de se afirmar como um dos maiores artistas do seu tempo. Contudo, não se poderá chamar a estes artistas, como a outros também, de imitadores. A pintura não consegue, de facto, operar sobre o espírito do espectador com toda a amplitude do ser real. Por isso é que esses pintores não são meros imitadores, pois foram mestres no uso dos meios de imitação que a arte dispõe para compensar ou superar as insuficiências ou limitações da representação do real, que nem sempre é exacta. A imitação é também a acção mediante a qual se opera de acordo com um modelo artificial, ou copiando-o exactamente (cópia) ou, trabalhando sobre um assunto original, à maneira e ao gosto do artista (pastiche).
Desde as mais antigas civilizações que a imitação existiu na pintura e na escultura. Recordemos as imagens gravadas em grutas (Altamira ou Lascaux) ou em esculturas zoomórficas oriundas, posteriormente, do Crescente Fértil, reveladoras já de um forte sentido de imitação. A natureza desde logo foi o elemento a imitar, porque o único, nos seus fenómenos, que impressionava o homem e o induzia a reproduzir, sob vários suportes materiais e segundo diversas técnicas, era aquilo que via. A imaginação despertava depois a fantasia, surgindo a estilização e, consequentemente, abria-se o caminho à criação. Por isso, os pintores e escultores de todos os tempos não pararam nunca de imitar, os outros ou as coisas à sua volta, nas suas obras. Deste modo, a imitação artística é a reprodução através de um meio artificial da aparência de um ser real. Todavia, as artes da imitação não se limitam a reproduzir o aspecto dos seres reais, pois também procuram renovar no espírito do espectador as impressões, as recordações, as sensações e as emoções que foram ou deveriam ser produzidas pela coisa representada. A missão das artes plásticas, concluindo, é a de idealizar a realidade, ainda que o ideal não tenha modelo na natureza e só exista na imaginação, pondo de lado as imperfeições e fealdades da mesma, num primeiro momento de imitação, e buscando nas dificuldades vencidas a máxima emoção estética». In Infopédia, Porto Editora, Porto.
«Acção de imitar qualquer um, de reproduzir os traços significativos do seu comportamento exterior ou de evocar qualquer coisa, ou o resultado destas acções. Pode ser a imitação também a tomada de qualquer pessoa como modelo ou de se inspirar no seu exemplo, como aconteceu, por exemplo, com S. Francisco ao imitar Cristo, tal como inúmeros outros santos carismáticos, ou na sua obra, artística ou literária. Muitos são os mestres da pintura, da escultura, da literatura que têm imitadores na sua época ou na sua posteridade. A imitação pode ser assim também a composição segundo o género ou estilo de um outro autor, ou nele inspirada directamente, apresentando, em relação a esse modelo, uma originalidade variável, mais no domínio da criatividade. Este tipo de imitação sucedia imenso no Renascimento, com o revisitar dos autores clássicos, tendo-se feito imensas obras à sombra de outras ou de outros autores. Aqui sucede aquilo que os franceses chamam de pastiche, cópia ou decalque, em Portugal. O termo outro, refira-se, no que concerne à imitação reveste-se de um significado abrangente, já que se trata da apropriação parcial ou total de outrem. O outro é na imitação, por assim dizer, o modelo, o exemplo, algo que se procura seguir de forma mais ou menos acentuada. É neste contexto que se segue o exemplo de alguém, de alguma instituição. Com o sucesso das companhias majestáticas de comércio dos holandeses em finais do século XVI e meados do seguinte, muitas outras lhes seguiram o exemplo, quase como um comerciante que baixa os preços...
A imitação é também a reprodução artificial de algo, de uma matéria ou objecto, a sua cópia enquanto algo com valor passível de ser imitado. Quantas peças de mobiliário, vestuário, obras das artes decorativas, antiguidades, até, foram, e são, imitadas. Aparece neste sentido muitas vezes a palavra (ou derivado) imitação junto da matéria imitada, como, por exemplo, uma carteira de imitação.
Imitação nas Belas Artes
São tradicionalmente conhecidas como artes da imitação a pintura e a escultura, nas quais se procura reproduzir os objectos na sua natureza própria, num meio artificial e de forma incompleta. Começa-se sempre por imitar nas Belas Artes. Aquilo que normalmente se chama de criação nos grandes artistas mais não é do que uma maneira particular de cada um ver e assimilar a natureza, a forma de renovar nos espíritos dos espectadores as impressões, as recordações, as emoções e as sensações que formam ou devem ser reproduzidas pela coisa representada. Os grandes artistas tiveram sempre que imitar os seus antecessores, antes de conseguirem ter autonomia criativa para traçarem a sua própria forma de ver a natureza. Aristóteles, por exemplo, considerava a arte como imitação, com um valor puramente artístico e purificador do sentimento (Kátarsis), para além de produtor de coisas belas.
Rafael, um dos grandes pintores do Renascimento, foi, segundo muitos estudiosos da arte, um dos que mais se aplicou a imitar, desde os seus mestres às obras pictóricas e escultóricas da Antiguidade Clássica, bem como a outros mestres que o precederam e mesmo outros seus contemporâneos, como Albrecht Dürer, Ticiano, Michelangelo, entre outros. Rubens, por exemplo, foi um dos grandes imitadores da pintura, não deixando, no entanto, de se afirmar como um dos maiores artistas do seu tempo. Contudo, não se poderá chamar a estes artistas, como a outros também, de imitadores. A pintura não consegue, de facto, operar sobre o espírito do espectador com toda a amplitude do ser real. Por isso é que esses pintores não são meros imitadores, pois foram mestres no uso dos meios de imitação que a arte dispõe para compensar ou superar as insuficiências ou limitações da representação do real, que nem sempre é exacta. A imitação é também a acção mediante a qual se opera de acordo com um modelo artificial, ou copiando-o exactamente (cópia) ou, trabalhando sobre um assunto original, à maneira e ao gosto do artista (pastiche).
Desde as mais antigas civilizações que a imitação existiu na pintura e na escultura. Recordemos as imagens gravadas em grutas (Altamira ou Lascaux) ou em esculturas zoomórficas oriundas, posteriormente, do Crescente Fértil, reveladoras já de um forte sentido de imitação. A natureza desde logo foi o elemento a imitar, porque o único, nos seus fenómenos, que impressionava o homem e o induzia a reproduzir, sob vários suportes materiais e segundo diversas técnicas, era aquilo que via. A imaginação despertava depois a fantasia, surgindo a estilização e, consequentemente, abria-se o caminho à criação. Por isso, os pintores e escultores de todos os tempos não pararam nunca de imitar, os outros ou as coisas à sua volta, nas suas obras. Deste modo, a imitação artística é a reprodução através de um meio artificial da aparência de um ser real. Todavia, as artes da imitação não se limitam a reproduzir o aspecto dos seres reais, pois também procuram renovar no espírito do espectador as impressões, as recordações, as sensações e as emoções que foram ou deveriam ser produzidas pela coisa representada. A missão das artes plásticas, concluindo, é a de idealizar a realidade, ainda que o ideal não tenha modelo na natureza e só exista na imaginação, pondo de lado as imperfeições e fealdades da mesma, num primeiro momento de imitação, e buscando nas dificuldades vencidas a máxima emoção estética». In Infopédia, Porto Editora, Porto.
Cortesia de Infopédia/JDACT