Imitação na Psicologia
«As ciências e a filosofia também não fogem à imitação, que afinal em tudo toca. A filosofia define-a como a um processo de criação artística que consiste na inspiração na natureza para se criar um objecto. A psicologia dá-lhe mais um sentido de reprodução, de um gesto, de um mimetismo, de uma postura, de um acontecimento, de uma sequência. Também Piaget, por exemplo, desenvolveu modelos de imitação de acordo com os modelos de desenvolvimento psicossomático do indivíduo por ele definidos. A imitação aperfeiçoa-se e torna-se cada vez mais à medida que o indivíduo cresce. A imitação, cópia intencional de acções de outra pessoa, foi um dos principais temas debatidos pelos psicólogos da psicologia social. O sociólogo francês Gabriel Tarde escreveu uma monografia inteiramente dedicada a este tema denominada As leis da Imitação (Les lois de l`imitation, 1890), uma vez que acreditava que a imitação era um dos processos fundamentais da realidade social.
Inicialmente, ela era entendida como uma conduta não criativa, não inteligente e, portanto, com pouco interesse. Contudo, mais tarde com a teoria da aprendizagem social do teórico Albert Bandura, passou a ser alvo de estudo exaustivo uma vez que se provou as inúmeras vantagens que a imitação proporciona ao nível da aprendizagem. A imitação favorece a aprendizagem de comportamentos que de outra forma teriam uma fraca probabilidade de ocorrer, isto é, de serem apreendidos.
De acordo com o psicólogo social Albert Bandura, no processo da imitação ocorrem dois momentos: um primeiro momento com a aquisição (durante o qual o sujeito aprende por observação o comportamento de um modelo, ou seja, o comportamento de outra pessoa) e num segundo momento ocorre a fase de performance (quando o sujeito reproduz o comportamento observado, isto é, apresentado pelo modelo).
Do momento da aquisição para o momento da performance outros quatro processos intervêm. Durante a aquisição intervêm sobretudo os processos da atenção (registo sensorial do comportamento a adquirir) e os processos da retenção que provocam uma representação mnemónica (esta é um sistema artificial que visa melhorar a capacidade de memorização). Por sua vez, durante a fase da performance, intervêm os processos da reprodução motora (imitar um comportamento executando-o) e os processos da motivação (se o sujeito estiver motivado memoriza mais facilmente o comportamento observado, ou seja, imita com mais facilidade e reproduz sem se esquecer de um único detalhe).
Os principais factores que contribuem para a realização de uma imitação são: o afecto na relação modelo-sujeito (por exemplo, uma criança reproduz mais facilmente os comportamentos do pai ou da mãe); a semelhança inicial entre o modelo e o sujeito (um comportamento é mais imitado se o modelo que o produz é do mesmo sexo que o sujeito); o estatuto do modelo (quanto maior for o estatuto do modelo mais facilidade há em imitá-lo); e os reforços vicariantes (são incentivos ou punições) que são experimentados única e exclusivamente pelo modelo e, portanto, cujas vantagens ou desvantagens o sujeito observador não experimenta mas aprende a partir deles.
Pode-se dizer que a imitação possui principalmente três funções: pode aumentar a rapidez e a eficácia de uma aprendizagem; pode desempenhar uma função de desinibição (imitamos algo que nunca fizemos ou que pensávamos que não podíamos fazer) ou de inibição (a observação do comportamento de outra pessoa pode fazer com que determinado comportamento em nós nunca mais se repita); e pode assumir um papel de facilitação geral, isto é, facilita o aparecimento de respostas já anteriormente adquiridas e socialmente aceitáveis.
Imitação na Literatura
É na literatura, um pouco como nas artes decorativas, que a imitação assume contornos mais visíveis, mais problemáticos e até mais condenáveis pela sociedade, que tudo imita, provavelmente. Platão dizia que existe imitação da aparência e uma relação desta (a aparência) com o ser; por outro lado, pode existir simplesmente a imitação de um autor por outro, pura e simplesmente. Platão, que foi quem abriu o debate em torno da imitação (mimésis), não deixou de afirmar que ela é o princípio de toda a actividade criativa, artística, do que resulta uma desvalorização da arte». In Infopédia, Porto Editora, Porto.
«As ciências e a filosofia também não fogem à imitação, que afinal em tudo toca. A filosofia define-a como a um processo de criação artística que consiste na inspiração na natureza para se criar um objecto. A psicologia dá-lhe mais um sentido de reprodução, de um gesto, de um mimetismo, de uma postura, de um acontecimento, de uma sequência. Também Piaget, por exemplo, desenvolveu modelos de imitação de acordo com os modelos de desenvolvimento psicossomático do indivíduo por ele definidos. A imitação aperfeiçoa-se e torna-se cada vez mais à medida que o indivíduo cresce. A imitação, cópia intencional de acções de outra pessoa, foi um dos principais temas debatidos pelos psicólogos da psicologia social. O sociólogo francês Gabriel Tarde escreveu uma monografia inteiramente dedicada a este tema denominada As leis da Imitação (Les lois de l`imitation, 1890), uma vez que acreditava que a imitação era um dos processos fundamentais da realidade social.
Inicialmente, ela era entendida como uma conduta não criativa, não inteligente e, portanto, com pouco interesse. Contudo, mais tarde com a teoria da aprendizagem social do teórico Albert Bandura, passou a ser alvo de estudo exaustivo uma vez que se provou as inúmeras vantagens que a imitação proporciona ao nível da aprendizagem. A imitação favorece a aprendizagem de comportamentos que de outra forma teriam uma fraca probabilidade de ocorrer, isto é, de serem apreendidos.
De acordo com o psicólogo social Albert Bandura, no processo da imitação ocorrem dois momentos: um primeiro momento com a aquisição (durante o qual o sujeito aprende por observação o comportamento de um modelo, ou seja, o comportamento de outra pessoa) e num segundo momento ocorre a fase de performance (quando o sujeito reproduz o comportamento observado, isto é, apresentado pelo modelo).
Do momento da aquisição para o momento da performance outros quatro processos intervêm. Durante a aquisição intervêm sobretudo os processos da atenção (registo sensorial do comportamento a adquirir) e os processos da retenção que provocam uma representação mnemónica (esta é um sistema artificial que visa melhorar a capacidade de memorização). Por sua vez, durante a fase da performance, intervêm os processos da reprodução motora (imitar um comportamento executando-o) e os processos da motivação (se o sujeito estiver motivado memoriza mais facilmente o comportamento observado, ou seja, imita com mais facilidade e reproduz sem se esquecer de um único detalhe).
Os principais factores que contribuem para a realização de uma imitação são: o afecto na relação modelo-sujeito (por exemplo, uma criança reproduz mais facilmente os comportamentos do pai ou da mãe); a semelhança inicial entre o modelo e o sujeito (um comportamento é mais imitado se o modelo que o produz é do mesmo sexo que o sujeito); o estatuto do modelo (quanto maior for o estatuto do modelo mais facilidade há em imitá-lo); e os reforços vicariantes (são incentivos ou punições) que são experimentados única e exclusivamente pelo modelo e, portanto, cujas vantagens ou desvantagens o sujeito observador não experimenta mas aprende a partir deles.
Pode-se dizer que a imitação possui principalmente três funções: pode aumentar a rapidez e a eficácia de uma aprendizagem; pode desempenhar uma função de desinibição (imitamos algo que nunca fizemos ou que pensávamos que não podíamos fazer) ou de inibição (a observação do comportamento de outra pessoa pode fazer com que determinado comportamento em nós nunca mais se repita); e pode assumir um papel de facilitação geral, isto é, facilita o aparecimento de respostas já anteriormente adquiridas e socialmente aceitáveis.
Imitação na Literatura
É na literatura, um pouco como nas artes decorativas, que a imitação assume contornos mais visíveis, mais problemáticos e até mais condenáveis pela sociedade, que tudo imita, provavelmente. Platão dizia que existe imitação da aparência e uma relação desta (a aparência) com o ser; por outro lado, pode existir simplesmente a imitação de um autor por outro, pura e simplesmente. Platão, que foi quem abriu o debate em torno da imitação (mimésis), não deixou de afirmar que ela é o princípio de toda a actividade criativa, artística, do que resulta uma desvalorização da arte». In Infopédia, Porto Editora, Porto.
Cortesia de Infopédia/JDACT