Vagas…
«Conduzir depressa e mal,
pode ser muito perigoso,
mas condutor vagaroso,
produz o choque frontal.
Eu sei que o honesto tem,
um passado mui brilhante,
mas um futuro ofuscante,
é o que mais tarde lhe vem.
Eu uma noite sonhei,
que a vida era um sonho,
de manhã quando acordei,
era um pesadelo medonho.
O homem é muito pior,
quando bom se quer fazer,
se nada faz p'ró parecer,
decerto é muito melhor.
Se fores, filho da riqueza,
terás que ter muito cuidado,
se te encostares ao cajado,
ainda acabas na pobreza.
Pobre e triste cidadão,
tantas leis que se fabricam,
mais a vida complicam,
mais
e mais corrupção».
Quando se dá uma estalada,
tem que se estar preparado,
quando menos for esperado,
pode-se levar uma facada,
de Darwin e sua teoria,
muitos podem duvidar,
mas decerto que um dia,
isso se vai desvendar.
Vejo um macaco a olhar,
para um homem, admirado,
parece que está a pensar,
terei por ali começado.
Quem dinheiro perseguir,
um dia o vai encontrar,
mas tem muito que lutar,
se p’la via do bem seguir.
Se um dia te rires d’alguém,
pode esse alguém não gostar,
poderás um dia esperar,
que se ria de ti também.
A política sempre viveu,
dos crimes que praticou,
e sempre o crime apoiou,
porque
do crime nasceu».
[…]
In
Fernando Baralba, Vagas, Pragas e Adagas, Chiado Editora, colecção Prazeres
Poéticos, 2014, ISBN 978-989-511-322-4.
Cortesia
de ChiadoE/JDACT