domingo, 10 de março de 2013

Henrique VI. Rei Enfermo que sofreu Dramático Destino. «Seu filho, o príncipe de Gales, encontrava-se, também, em poder do inimigo que não sabia perdoar. Eduardo IV, tinha assegurado definitivamente o senhorio à coroa inglesa»


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«Um dos primeiros gestos de Warwick, de grande alcance político, foi o de libertar o desventurado soberano deposto, figura passiva movida ao sabor dos acontecimentos, e recolocá-lo em linha de combate.
Estava-se em 1470. Restaurado Henrique VI com a solenidade apropriada, a Ingraterra de novo se viu dividida entre os dois partidos e governada por dois monarcas. Os seus campos, as suas cidades voltaram a ser tablado de lutas gigantescas, de morticínios entre os dois adversários. A discórdia, que deixava em ruínas a vida nacional, teve lances de derrotas e de vitórias alternadas para ambos.
Em certa altura, Eduardo IV consegue regressar a Londres, onde por meio de traição, na guerra, os meios não contam desde que se atinjam os fins, se apodera novamente do triste Henrique VI. Espanta a facilidade com que este pobre vulto reinante de Inglaterra era aprisionado, sem que os seus partidários, como lhes competia, o soubessem defender do humilhante transe e salvá-lo em primeiro lugar!
O desditoso monarca reentra no ambiente soturno da Torre de Londres. Warwick, sem depor as armas, encontra-se com Eduardo IV na famosa batalha de Barnet, e ali o valoroso cabo-de-guerra, vencido finalmente, acabou por tombar para sempre. O rei da casa de York rejubilou. Livre daquele inimigo, o mais temível com que se batera, e com Henrique de Lancastre em seu poder, o seu exército iria cair agora, em força bruta, sobre a exígua tropa de Margarida de Anjou, a tenacíssima mulher que também quisera participar da luta.
Ao soberano foi fácil batê-la na decisiva batalha de Tewksbury em 1471. A corajosa rainha com este doloroso revés, batida pela adversidade, conheceu pela primeira vez a terrível provação de ser aprisionada pelo inimigo. A aura da restauração de seu marido fora passageira, e, então, uma nova e mais intensa amargura se lhe juntava ao cansado e angustiado coração. Seu filho, o príncipe de Gales, encontrava-se, também, em poder do inimigo que não sabia perdoar. Eduardo IV, com a obtenção das últimas vitórias nos campos de batalha, tinha assegurado definitivamente o senhorio à coroa inglesa.
Faltavam, somente, para que a situação se consolidasse, uns pequenos pormenores, que ele não tardaria a arrumar». In Américo Faria, Dez Monarcas Infelizes, Livraria Clássica Editora, colecção 10, Lisboa, s/d.


Cortesia de L. Clássica Editora/JDACT