As edições do Hyssope
Um amigo, a quem devemos
valiosas informações, mais de uma vez aproveitadas em trabalhos bibliográficos nossos,
pediu-nos que lhe enviássemos uma relação das cópias do Hyssope, de que tivéssemos
conhecimento, escritas principalmente no século XVIII, e bem assim uma indicação
bibliográfica de todas as edições do mesmo poema, pois lhe haviam assegurado
que possuíamos na nossa livraria, a colecção completa dessas edições. Houve evidentemente
equívoco da parte de quem informou o nosso bom amigo. Possuímos várias edições do
Hyssope,
mas a nossa colecção está longe de ser completa.
Falta-nos a primeira edição,
e a edição modificada dos Satíricos Portugueses, publicadas
pela casa Aillaud de Paris em 1834;
a edição de 1884, publicada no Rio de
Janeiro; o volume I da folha bi-mensal de Braga, Prosas e Versos, 1872, onde foi reproduzido o Hyssope;
e a versão em francês deste poema, com o título de Le Goupillon, impressa em
Paris em 1876. Não possuímos igualmente
nenhuma das contrafacções brasileiras do Hyssope. Contudo, anuindo ao pedido
do nosso amigo, que não podemos de forma alguma recusar, vamos dizer resumidamente
o que sabemos acerca das edições do Hyssope publicadas em Paris, Lisboa,
Porto, Braga, Barcellos, Coimbra e Rio de Janeiro, e dar uma nota das cópias
manuscritas do mesmo poema, de que temos conhecimento.
O poema herói cómico O Hyssope,
versa sobre uma discórdia entre o bispo de Elvas Lourenço de Lencastre e o deão
da Sé, José Carlos de Lara, suscitada por este haver deixado de oferecer o Hyssope,
como costumava, ao prelado, quando ele se dirigia à Sé para exercitar as suas
funções, e chegava à porta da casa do cabido. Alguns escritores consideram o gracioso
poema de António Diniz, rival da Seechia Ravita de Tassoni, e do Lutrin
de Boileau, e muito superior ao Rap the Lock, de Pope.
A grande profusão de cópias
do Hyssope,
escritas principalmente nos fins do século XVIII, das quais se encontram 54, de
que temos conhecimento, nas principais bibliotecas públicas e particulares do
nosso país, e o avultado número de edições publicadas deste poema, justificam cabalmente
a autorizada opinião do distinto escritor e poeta Almeida Garrett, quando disse no vol. I do Parnaso Lusitano, que o Hyssope de António Diniz da Cruz Silva,
é o mais perfeito poema do seu género, que ainda se compôs na língua portuguesa.
Abstemo-nos de escrever detidas notas biográficas acerca do autor do Hyssope,
que na Arcádia Lusitana tinha
o nome de Elpino Nonacriense, quer por
nos não terem sido pedidas, quer por que esse assunto se acha tratado com grande
desenvolvimento e a máxima competência, pelos distintos escritores Luiz Augusto Rebello Silva, nos volumes
IV e V da 3.ª Serie do Panorama,
1853-1866; Innocencio Francisco Silva, no
volume I do Archivo Pittaresco,
1858, e Diccionario Bibliographico Portuguez, tomo I; […]
As edições do Hyssope e outras publicações que mais ou menos se lhe relacionam, e que se encontram na nossa livraria, vão indicadas com segue:
As edições do Hyssope e outras publicações que mais ou menos se lhe relacionam, e que se encontram na nossa livraria, vão indicadas com segue:
- 1 - O Hyssope. Poema herói cómico. Por António Diniz da Cruz Sylva. (Em 8 cantos). Paris, mas com a falsa designação de ser de Londres, 1802, 8.° peq. de IV-115 pag. No prefácio da edição do Hyssope de 1817, se declara que a edição de 1802, embora traga a designação de Londres, fora impressa em Paris, e o mesmo se lê na Lusitânia Illustrata. A venda ou divulgação em Portuga], da edição de 1802, foi proibida por um edital do intendente geral da policia de Lisboa, Pina Manique, mandado afixar naquela cidade e nas diferentes comarcas do reino, em harmonia com o aviso do ministro de estado Rodrigo de Sousa Coutinho, datado de 18 de Abril de 1803. Além disso os indivíduos que possuíssem quaisquer exemplares, eram obrigados a entrega-los aos ministros territoriais, ou ao secretário da intendência, dentro de prazo de 30 dias, ficando sujeitos, não o fazendo, à pena de degredo para África, por tempo de 10 anos. Esta edição de 1802 é pouco vulgar».
Cortesia de Casa Tipographica/Coimbra/JDACT