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De outros lugares considerados míticos, como a Tróia de Homero, concluiu-se
terem uma localização real, como Schliemann demonstrou em finas do século XIX. Descobriu a verdadeira Tróia e cinco níveis
de construção com milhares de anos de antiguidade. Claro que todos troçaram
dele e o criticaram, mas no final demonstrou que tinha razão, assinala o antropólogo
Erikson, autor da obra Atlantis in America. Poderia ser este o caso da Atlântida?
Nos seus escritos, e embora possa tratar-se de um velho truque literário, Platão
sublinhou que o seu relato era verdadeiro, que não era ficção. Depois da
condenação à morte do seu mestre Sócrates, Platão abandonou Atenas. Não se
conhece com precisão por onde andou, mas é muito provável que tenha ido para o
Egipto pois que a cultura deste país exercia uma enorme atracção nos gregos. É
possível que ali tenha ouvido o relato da Atlântida, como história ou como
mito, pelo que então não se trataria propriamente de uma invenção sua. Por
outro lado, a forma como Platão afasta de si a fonte, um velho sacerdote egípcio
que conta a história a uma personalidade histórica do passado como Sólon, que a
conta ao avô de Crítias, que com a provecta idade de noventa anos a conta ao
seu neto, que a conta a Sócrates já morto quando Platão escreve, indica uma pretensão
de distanciamento a respeito da história que está a contar... Embora também se possa
interpretar ao contrário, como um recurso para dar credibilidade à história que
se relata, pondo-a na boca de prestigiados transmissores antigos como Sólon.
Em busca de uma civilização lendária
Os
investigadores que tomam os relatos de Platão à letra afirmam que o que seria
mais lógico era procurar na Grécia e na área mediterrânea, onde o filósofo
viveu entre 428 e 347 a. C.. Todavia, um grupo importante de cientistas
centrou a sua atenção no corredor caribenho do Iucatão, seguindo a pista dada
por Platão de que a Atlântida se situava no oceano Atlântico. Os cientistas Greg
e Lora Little formam um dos grupos que tentam encontrar vestígios arqueológicos
do continente perdido, segundo eles, afundado na América, exactamente nas
Baamas. Já há quase quarenta anos que este casal, ambos psicólogos e escritores,
exploram a zona em busca de vestígios dos atlantes. Até ao momento, o indício
que mais se aproxima daquela realidade é a chamada Estrada de Bimini,
uma formação rochosa com 480 metros de comprimento, que se encontra debaixo do
mar na costa da ilha do mesmo nome. Descoberta em 1968 por um piloto, foi analisada nos anos sessenta por um geólogo
que, depois de colher amostras das rochas concluiu , para decepção dos
pesquisadores da Atlântida, tratar-se apenas de rochas naturais. No entanto, a Estrada
de Bimini é uma estrutura que parece construída pedra a pedra, com blocos
rectangulares e quadrados, como se seguisse um plano previamente desenhado. Os
citados cientistas pensam que a Estrada de Bimini pode ter sido um quebra-mar
que fechava um porto da capital, Poseidópolis,
onde os atlantes atracavam os barcos no intervalo das suas viagens pelo mundo.
Além
das rochas de Bimini, os exploradores fizeram várias descobertas nas
Baamas: colunas de mármore, blocos de rocha semelhantes aos de Stonehenge e
ruínas de muros, assim como formações submarinas, com 150 a 300 metros de
diâmetro, geométricas ou formando letras. O casal Little também se
interessou por uma destas formações, mas quando começaram a estudá-la
descobriram que não passava de um conjunto de algas e de esponjas, pasto de
tartarugas...» In The History Channel, Los Grandes Misterios de la Historia, Randon
House Mondadori, 2008, A Atlântida, O Continente Perdido, tradução de Maria
Irene Carvalho, Clube do Autor, Lisboa, 2010, ISBN 978-989-845-206-1.
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