segunda-feira, 12 de março de 2018

Poesia. Maria Teresa Horta. «A pele vive e pulsa a pele gosta»

Cortesia de wikipedia e jdact

A Pele
«A pele goza
a pele muda
a pele sangra.

Na turvação oculta
sob os dedos
no enredo do ciúme.

A hesitar
em ser arrebatada
ou ser enredo.

A pele vive
e pulsa
a pele gosta.

Entrega-se na pressa
à desmesura, debaixo
do vestido a sussurrar.

Como um pássaro
de lume
ou de loucura.

A pele quer e fere
renda e faca
a pele sara e fecha na cintura.

Ferro no arroubo
veia intacta
tacto de cetim e aventura.

Mas logo cicatriza
quando rasga
ora eclipse ora lua.

A pele conta
e seduz
a pele invoca.

Com o seu
febril odor
de pérola acesa.

Tendo da camélia
a maciez do sexo
amêndoa fendida na beleza.

A pele entorna
a pele turva despida
a pele evita.

A pele cura
mata
e silencia.

Da palma e da vagina
o lento odor da folha
do roseiral do corpo.

E da poesia».

Poema de Maria Teresa Horta, in “Portal da Literatura

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