segunda-feira, 10 de junho de 2019

O Segredo do Anel. Kathleen McGowan. «O cheiro intenso e inconfundível do incenso chamado olíbano envolveu Maureen quando ela entrou. Peregrinos de todas as áreas da Cristandade espalhavam-se…»

Cortesia de wikipedia e jdact

Jerusalém
«(…) Descobriu-se no meio de um enxame de turistas britânicos que contornaram a esquina, levados por um guia que usava o colarinho de sacerdote anglicano. Ele anunciou para o seu grupo de peregrinos que se aproximavam do local mais sagrado da Cristandade, a Basílica do Santo Sepulcro. Maureen sabia, por sua pesquisa, que as Estações da Cruz que restavam ficavam dentro daquele prédio reverenciado. A basílica ocupava vários quarteirões, inclusive o local da crucificação. A construção começara quando a imperatriz Helena jurara proteger esse lugar sagrado, no século IV. Helena, a mãe do imperador romano Constantino, fora mais tarde canonizada pelos seus esforços. Maureen aproximou-se da vasta entrada devagar, com alguma hesitação. Ao parar no limiar, compreendeu que não entrava numa igreja de verdade havia muitos anos. Não gostou da perspectiva. Lembrou a si mesma, com a devida firmeza, que a pesquisa que a trouxera a Israel era académica, não espiritual. Enquanto se mantivesse concentrada nesse aspecto da questão, não teria qualquer problema. Poderia passar por aquelas portas. Apesar de sua relutância, ela teve de admitir que havia alguma coisa naquele colossal santuário que inspirava reverência, um ambiente magnético. Enquanto passava pela entrada enorme, ela ouviu as palavras do sacerdote britânico:

Dentro destas paredes, verão onde Nosso Senhor fez o supremo sacrifício. Onde ele foi despojado de sua túnica e pregado na cruz. Entrarão na tumba sagrada em que seu corpo foi sepultado. Meus irmãos e irmãs em Cristo, depois de entrarem aqui, suas vidas nunca mais serão as mesmas.

O cheiro intenso e inconfundível do incenso chamado olíbano envolveu Maureen quando ela entrou. Peregrinos de todas as áreas da Cristandade espalhavam-se pelos vastos espaços da basílica. Ela passou por um grupo de sacerdotes coptas empenhados numa discussão reverente, as vozes abafadas. Observou um clérigo ortodoxo grego acender uma vela numa das pequenas capelas. Um coro masculino cantava em dialecto oriental, um som exótico para ouvidos ocidentais, o hino se elevando de algum lugar secreto dentro da basílica. Maureen concentrava-se em absorver as imagens e sons daquele lugar sagrado, atordoada com a sobrecarga sensorial. Não notou a aproximação do homem pequeno, magro e forte, até que ele bateu no seu ombro, provocando um sobressalto.
Desculpe, moça. Desculpe, srta. Mo-ree. Ele falava inglês. Ao contrário do enigmático Mahmoud, no entanto, o seu sotaque era carregado. Sua habilidade com o idioma de Maureen era rudimentar, na melhor das hipóteses; por isso ela não entendeu a princípio que o homem a chamava pelo primeiro nome. Ele repetiu. Mo-ree. Seu nome. É Mo-ree, não é? Maureen estava perplexa, tentando determinar se o estranho homenzinho a chamava mesmo pelo seu nome e, se chamava, como o conhecia. Estava em Jerusalém havia menos de vinte e quatro horas e ninguém na cidade sabia seu nome, excepto o recepcionista do King David Hotel. Mas aquele homem era impaciente e perguntou de novo: Mo-ree. V. é Mo-ree. Escritora. Você escreve, não é? Mo-ree? Maureen acenou com a cabeça em confirmação, lentamente». In Kathleen McGowan, O Segredo do Anel, Editora Rocco, 2006, ISBN 853-252-096-0.

Cortesia de ERocco/JDACT