quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Atlântida. As Novas Provas. Martin Ebon. «Se a vasta erupção do Santorini, cerca de 1.500 a.C. está no cerne da ideia da Atlântida, que dizer de relatos dos restos da Atlântida em outros lugares? Afinal, algumas autoridades sustentam que a Atlântida era um continente no Oceano Atlântico»


Cortesia de wikipedia

No topo do vulcão
«(…) Sob a direcção do professor Spiridion Marinatos, que morreu num acidente no local da escavação, em 1973, Acrotirí tem fornecido obras de arte, ferramentas, edifícios e outros elementos da civilização que colocam seu papel cultural firmemente dentro da vida minóica. Marinatos adiantou a hipótese de que a explosão do Santorini causou tamanha inundação nas costas cretenses que segmentos inteiros de seu litoral foram destruídos; ao mesmo tempo, o vulcão deve ter cuspido cinzas e pomes sobre Creta em tal quantidade e densidade, de modo a enterrar a civilização minóica, inclusive o palácio de Cnossos, e expulsar seus habitantes. Exactamente qual a cronologia destes cataclismas, ou se Santorini (Thera) era a Atlântida de que falava Platão, ninguém pode dizer com certeza. Arqueólogos, geólogos, vulcanólogos, e uma nova geração de cientistas, arqueólogos submarinos, podem trazer diferentes factos para sustentar diferentes visões. Mesmo a ciência de datação dos artigos encontrados em escavações é ainda relativamente jovem, e os especialistas polemizam sobre seus tópicos, nas publicações especializadas. O assunto torna-se ainda mais complicado quando se encontram restos de civilizações que foram submersas pelo mar por séculos, ou milênios; água, areia e marés tornam a datação extremamente difícil, e a erosão submarina comporta-se diversamente da que se dá em terra emersa.
Se a vasta erupção do Santorini, cerca de 1.500 a.C. está no cerne da ideia da Atlântida, que dizer de relatos dos restos da Atlântida em outros lugares? Afinal, algumas autoridades sustentam que a Atlântida era um continente no Oceano Atlântico, sendo ilhas assim como os Açores, meros remanescentes dele. E também, muito recentemente, expedições submarinas perto de Bimini, no Caribe, apontaram para uma civilização submergida; evidências associadas com a Atlântida foram relatadas nas costas da Espanha e Irlanda, no Mar do Norte, e ainda alhures. Não precisamos desencorajar explorações actuais e futuras, sob os mares, quando presumimos que, presentemente, as novas evidências de Santorini são provavelmente os mais persuasivos dos dados ora disponíveis relacionados com os textos de Platão. O que torna esta evidência persuasiva é a própria natureza das escavações de Acrotiri; aqui podemos medir evidências de campo contra controvérsias académicas e alegações coloridas, mas fracamente documentadas.
Andei pelas escavações de Acrotiri uma década depois de terem principiado. O que Marinatos e seus colegas desenterraram era uma cidade suficientemente acessível, isto é, não muito profundamente coberta por detritos vulcânicos, de modo que as ferramentas e técnicas modernas podem preservá-la consideravelmente. Ao passo que os afrescos delicadamente coloridos e traçados estão agora em exposição no Museu Arqueológico de Atenas, o sítio de Acrotiri é claramente visível como uma série de casas, ruas, centros artesanais e armazéns. Não há praticamente dúvida nenhuma de que o povo que viveu aqui por volta de 1.500 a.C. foi inicialmente expulso de suas habitações por uma perturbação que pode ter sido um forte terremoto; depois, a explosão vulcânica cobriu o povoado com detritos.
A controvérsia sobre a Atlântida deve ser considerada à luz da moderna arqueologia, seus feitos e limitações. Três nomes agora se destacam, nomes que são marcos na estrada que nos leva de volta à antiga Grécia. Um é Heinrich Schliemann, que descobriu Tróia e Micenas; o outro, é Arthur Evans, que desenterrou e reconstruiu o palácio de Cnossos, em Creta, e cunhou o termo civilização minóica; o terceiro, é Marinatos, que primeiro chamou a atenção à presença de pedra-pomes na cidade cretense de Amnissos, que ele atribuiu a emanações vulcânicas do Santorini. Spiridion Marinatos publicou os resultados deste trabalho arqueológico de detective no trabalho Sobre a Lenda da Atlântida, no jornal especializado Creta Chronica, em 1950; o texto completo de seu trabalho é um apêndice deste livro. A II Guerra Mundial interrompera seu trabalho. Marinatos e seus colegas engajaram-se em outras escavações durante o período imediatamente após a guerra. Mas uma vez começando escavar em Acrotiri, obtiveram resultados depressa, e em grande número.
Pode-se andar por um museu e ficar logo entendido com vaso após vaso, estatueta após estatueta, estátua após estátua. A virtude de se observar uma escavação assim como Acrotiri está na qualidade intrínseca de seu traçado: aqui, de facto, foi onde um povo viveu sua vida quotidiana, há uns 3.500 anos; os produtos de sua imaginação e habilidade estão claramente visíveis. Pondo o trabalho dos artistas da Creta minóica lado a lado com os de Acrotiri, a unidade de estilo torna-se óbvia na delicadeza de imagens de flores, mulheres, animais, macacos azuis lançando-se de ramo para ramo, por exemplo, bem como nos assuntos e materiais usados». In Martin Ebon, Atlântida, As Novas Provas, Editora Pensamento, Brasil, Wikipédia.

Cortesia de EPensamento/JDACT