No topo do vulcão
«(…) Sob a direcção do professor Spiridion Marinatos, que
morreu num acidente no local da escavação, em 1973, Acrotirí tem fornecido obras de arte, ferramentas,
edifícios e outros elementos da civilização que colocam seu papel cultural
firmemente dentro da vida minóica. Marinatos
adiantou a hipótese de que a explosão do Santorini causou tamanha
inundação nas costas cretenses que segmentos inteiros de seu litoral foram
destruídos; ao mesmo tempo, o vulcão deve ter cuspido cinzas e pomes sobre
Creta em tal quantidade e densidade, de modo a enterrar a civilização minóica, inclusive o palácio de Cnossos,
e expulsar seus habitantes. Exactamente qual a cronologia destes cataclismas,
ou se Santorini (Thera) era a Atlântida de que falava Platão,
ninguém pode dizer com certeza. Arqueólogos, geólogos, vulcanólogos, e uma nova
geração de cientistas, arqueólogos submarinos, podem trazer diferentes factos
para sustentar diferentes visões. Mesmo a ciência de datação dos artigos
encontrados em escavações é ainda relativamente jovem, e os especialistas
polemizam sobre seus tópicos, nas publicações especializadas. O assunto
torna-se ainda mais complicado quando se encontram restos de civilizações que
foram submersas pelo mar por séculos, ou milênios; água, areia e marés tornam a
datação extremamente difícil, e a erosão submarina comporta-se diversamente da
que se dá em terra emersa.
Se a vasta erupção do Santorini, cerca de 1.500 a.C. está no cerne da
ideia da Atlântida, que dizer de relatos dos restos da Atlântida em outros lugares?
Afinal, algumas autoridades sustentam que a Atlântida era um continente no
Oceano Atlântico, sendo ilhas assim como os Açores, meros remanescentes
dele. E também, muito recentemente, expedições submarinas perto de Bimini,
no Caribe, apontaram para uma civilização submergida; evidências associadas com
a Atlântida
foram relatadas nas costas da Espanha e Irlanda, no Mar do Norte, e ainda alhures.
Não precisamos desencorajar explorações actuais e futuras, sob os mares, quando
presumimos que, presentemente, as novas evidências de Santorini são
provavelmente os mais persuasivos dos dados ora disponíveis relacionados com os
textos de Platão. O que torna esta evidência persuasiva é a própria natureza
das escavações de Acrotiri; aqui podemos medir evidências de campo
contra controvérsias académicas e alegações coloridas, mas fracamente
documentadas.
Andei pelas escavações de Acrotiri uma década depois
de terem principiado. O que Marinatos
e seus colegas desenterraram era uma cidade suficientemente acessível, isto é,
não muito profundamente coberta por detritos vulcânicos, de modo que as
ferramentas e técnicas modernas podem preservá-la consideravelmente. Ao passo
que os afrescos delicadamente coloridos e traçados estão agora em exposição no
Museu Arqueológico de Atenas, o sítio de Acrotiri é claramente visível
como uma série de casas, ruas, centros artesanais e armazéns. Não há
praticamente dúvida nenhuma de que o povo que viveu aqui por volta de 1.500 a.C. foi inicialmente
expulso de suas habitações por uma perturbação que pode ter sido um forte
terremoto; depois, a explosão vulcânica cobriu o povoado com detritos.
A controvérsia sobre a Atlântida deve ser considerada à luz
da moderna arqueologia, seus feitos e limitações. Três nomes agora se destacam,
nomes que são marcos na estrada que nos leva de volta à antiga Grécia. Um é Heinrich
Schliemann, que descobriu Tróia e Micenas; o outro, é Arthur Evans, que desenterrou e reconstruiu o palácio de Cnossos,
em Creta, e cunhou o termo civilização
minóica; o terceiro, é Marinatos, que primeiro chamou a atenção à
presença de pedra-pomes na cidade cretense de Amnissos, que ele atribuiu
a emanações vulcânicas do Santorini. Spiridion Marinatos publicou
os resultados deste trabalho arqueológico de detective no trabalho Sobre a Lenda da Atlântida, no
jornal especializado Creta Chronica, em 1950; o texto completo de seu trabalho é um apêndice
deste livro. A II Guerra Mundial interrompera seu trabalho. Marinatos e
seus colegas engajaram-se em outras escavações durante o período imediatamente
após a guerra. Mas uma vez começando escavar em Acrotiri, obtiveram resultados
depressa, e em grande número.
Pode-se andar por um museu e ficar logo entendido com vaso após vaso,
estatueta após estatueta, estátua após estátua. A virtude de se observar uma
escavação assim como Acrotiri está na qualidade intrínseca de seu traçado:
aqui, de facto, foi onde um povo viveu sua vida quotidiana, há uns 3.500 anos; os produtos de sua
imaginação e habilidade estão claramente visíveis. Pondo o trabalho dos
artistas da Creta minóica lado a lado
com os de Acrotiri, a unidade de estilo torna-se óbvia na delicadeza de
imagens de flores, mulheres, animais, macacos azuis lançando-se de ramo para
ramo, por exemplo, bem como nos assuntos e materiais usados». In Martin
Ebon, Atlântida, As Novas Provas, Editora Pensamento, Brasil, Wikipédia.
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