Quero viver numa cidade
«Quero viver numa cidade
onde o dia seja brando
onde a noite seja branca
e um rio vá deslizando...
Onde a vida seja calma
a segurança vulgar
e os jardins sejam longos
e as tardes de vagar...
E onde a História me relembre
entre lendas de além-mar
de heroísmos e bravuras
e romances de encantar.
Quero viver numa cidade
com a montanha a espreitar
casas mistério, tão alto
penduradas, a pensar
quero praias, quero rios
um sorriso em cada porta
um afago em cada mão
um abraço que conforta.
Quero viver numa cidade
com as taxas moderadas:
quanto baste para a saúde
quanto baste para as estradas!
Onde a morte seja a lua
com as estrelas ao vento
ao fim de duzentos anos
ainda saudáveis, sem sofrimento.
«Quero viver numa cidade
onde o dia seja brando
onde a noite seja branca
e um rio vá deslizando...
Onde a vida seja calma
a segurança vulgar
e os jardins sejam longos
e as tardes de vagar...
E onde a História me relembre
entre lendas de além-mar
de heroísmos e bravuras
e romances de encantar.
Quero viver numa cidade
com a montanha a espreitar
casas mistério, tão alto
penduradas, a pensar
quero praias, quero rios
um sorriso em cada porta
um afago em cada mão
um abraço que conforta.
Quero viver numa cidade
com as taxas moderadas:
quanto baste para a saúde
quanto baste para as estradas!
Onde a morte seja a lua
com as estrelas ao vento
ao fim de duzentos anos
ainda saudáveis, sem sofrimento.
Quero viver numa cidade
com operários construtores
mulheres de sonho na boca
homens de pedra aos amores
monumentos para a memória
obeliscos para o prazer
coisas do gozo e da glória
volúpias sem ter vergonha
sem medo de acontecer.
Quero viver numa cidade
com casas lindas ao sol
como palácios ao vento
ou castelos de Almourol
parques frondosos e largos
onde os amantes se recolhem
com beijos doces e amargos
tendo o céu como lençol.
Quero viver numa cidade
nem nua nem pardacenta
onde cada qual trabalhe
no que gosta de fazer;
eu canto, tu dás-me o pão
e assim decorre o viver
mesmo o trânsito nas ruas
decorre, modéstia à parte,
fluente e sem acidente
não há pressa nem enfarte
e só chegar é urgente!
Há tempo de passear
e, já agora, a cidade
com operários construtores
mulheres de sonho na boca
homens de pedra aos amores
monumentos para a memória
obeliscos para o prazer
coisas do gozo e da glória
volúpias sem ter vergonha
sem medo de acontecer.
Quero viver numa cidade
com casas lindas ao sol
como palácios ao vento
ou castelos de Almourol
parques frondosos e largos
onde os amantes se recolhem
com beijos doces e amargos
tendo o céu como lençol.
Quero viver numa cidade
nem nua nem pardacenta
onde cada qual trabalhe
no que gosta de fazer;
eu canto, tu dás-me o pão
e assim decorre o viver
mesmo o trânsito nas ruas
decorre, modéstia à parte,
fluente e sem acidente
não há pressa nem enfarte
e só chegar é urgente!
Há tempo de passear
e, já agora, a cidade
como enorme novidade!...
Tem espaço p'ra se estacionar.
Quero viver numa cidade
onde há gente sorridente
que te acolhe em cada loja
com o prazer de ajudar-te
e onde vais poder comprar
em vez de drogas e punhos
pedaços de poesia
numa galeria d'arte!
Quero viver numa cidade
com gosto, respeito e espaço
com autocarros humanos
tocando em fundo Vivaldi
e tempo para andar a passo.
Quero viver numa cidade
grande como a terra inteira
onde caiba todo o campo
todo o mundo, todo o encanto
tu e eu e toda a gente
passageiros de primeira
numa cidade diferente
que mesmo sendo modesta
é uma cidade imponente
onde viver é uma festa
pelo sorriso, pela gente
aqui mesmo à minha beira...»
Poema de Pedro Barroso, in ‘Palavras Mal Ditas’
Tem espaço p'ra se estacionar.
Quero viver numa cidade
onde há gente sorridente
que te acolhe em cada loja
com o prazer de ajudar-te
e onde vais poder comprar
em vez de drogas e punhos
pedaços de poesia
numa galeria d'arte!
Quero viver numa cidade
com gosto, respeito e espaço
com autocarros humanos
tocando em fundo Vivaldi
e tempo para andar a passo.
Quero viver numa cidade
grande como a terra inteira
onde caiba todo o campo
todo o mundo, todo o encanto
tu e eu e toda a gente
passageiros de primeira
numa cidade diferente
que mesmo sendo modesta
é uma cidade imponente
onde viver é uma festa
pelo sorriso, pela gente
aqui mesmo à minha beira...»
Poema de Pedro Barroso, in ‘Palavras Mal Ditas’
JDACT