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Proposta
de mim ao trio
«(…) Meu tudo sei ou
sou
de casa e pão
alimento de mim
claridade
Hábito que não visto
de uso ou grão
semente de água pois
se de uma
ave
Terra que por posta
vos darei
sabendo bem que dela
só se parte
e nada nela cresce se
não nasce
Viagem que de mim
vos dou a arte
onde de mim não sei
já ser disfarce
24/Mar/1971
Brinco
de Freira
mariana ama (o) mal
maria sabe a mar
contra a maré de mariana
quem amaina o sal?
a salto tresmariam malhas
e emigram (dela)
amando mariana queda e mal
marias maridadas cada qual
isolla bella (isolda?) e
teresa da mão leda e
fátima da ácida azinheira
lêem escritos (vaga casa)
escrevem marejados
e por ou contra mariana
(asinha como estando com (o)
vento
sua cal mareiam.
qual moireja o mal de beja
(paz de jus)
e sua o sal real
a
lei das se(i)smarias
léu de povo-rei?
o caldo marinando à vela
desveladas rainhas ramos vigis
(por ora) perorando
mariana no horto dado
marias mouras ilhas (telas)
neste sopro de (com) vento airado
dado.
24/Mar/71
Cantiga
de Mariana Alcoforado a Sua Mãe
Senhora Mãe eu me sei
em vosso ventre
gerada
gosto de gozo ou silêncio
vossas entranhas gastei
nelas entrando enganada
Ó
sina de mágoa imensa
Ó meu labor recordado
Ó sua agonia intensa
Ó vosso parto adiado
medo tristeza e sustento
teu ombro de minha infância
Ausência que foi doendo
como uma pedra engastada
de anel em vosso dedo
Que filha posta em convento
não se quer em sua casa
Senhora Mãe que te achaste
sem o saber
emprenhada
o ventre vendo crescer
sem te sentires
habitada
27/Mar/71
In Maria Isabel Barreno, Maria Teresa
Horta, Maria Velho Costa, Novas Cartas Portuguesas, 1972, edição anotada,
Publicações dom Quixote, 1998, 2010, ISBN 978-972-204-011-2.
Cortesia
PdQuixote/JDACT