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Quem é que abraça o meu corpo
De Canções (1921)
«Quem é que abraça o meu corpo
Na penumbra do meu leito?
Quem é que beija o meu rosto,
Quem é que morde o meu peito?
Quem é que fala da morte
Docemente ao meu ouvido?
És tu, senhor dos meus olhos,
E sempre no meu sentido».
Na penumbra do meu leito?
Quem é que beija o meu rosto,
Quem é que morde o meu peito?
Quem é que fala da morte
Docemente ao meu ouvido?
És tu, senhor dos meus olhos,
E sempre no meu sentido».
Anda, vem…, porque te negas
De Canções (1921)
«Anda, vem…, porque te negas,
Carne morena, toda perfume?
Porque te calas,
Porque esmoreces,
Boca vermelha, rosa de lume?
Carne morena, toda perfume?
Porque te calas,
Porque esmoreces,
Boca vermelha, rosa de lume?
Se a
luz do dia
Te cobre de pejo,
Esperemos a noite presos num beijo.
Te cobre de pejo,
Esperemos a noite presos num beijo.
Dá-me o
infinito gozo
De contigo adormecer
Devagarinho, sentindo
O aroma e o calor
Da tua carne, meu amor!
De contigo adormecer
Devagarinho, sentindo
O aroma e o calor
Da tua carne, meu amor!
E ouve,
mancebo alado:
Entrega-te, sê contente!
Nem todo o prazer
Tem vileza ou tem pecado!
Entrega-te, sê contente!
Nem todo o prazer
Tem vileza ou tem pecado!
Anda,
vem!… Dá-me o teu corpo
Em troca dos meus desejos…
Tenho saudades da vida!
Tenho saudade dos teus beijos!»
Em troca dos meus desejos…
Tenho saudades da vida!
Tenho saudade dos teus beijos!»
In António Botto
In António Botto, Poesia, Assírio &
Alvim, 2018, ISBN
978-972-372-067-9
Cortesia
de A&Alvim/JDACT