Cortesia dep oesiasparasonhar
Vossos olhos, Senhora
Vossos olhos, Senhora, que competem
coo Sol em formusura e claridade,
enchem os meus de tal suavidade
que em lágrimas, de vê-los, se derretem.
Meus sentidos vencidos se sometem
assim cegos a tanta divindade;
e da triste prisão da escuridade,
cheios de medo, por fugir, remetem.
Mas se nisto me vedes por acerto,
o áspero desprezo, com que olhais,
torna a espertar a alma enfraquecida.
Ó gentil cura e estranho desconcerto!
Que fará o favor que vós não dais,
quando o vosso desprezo torna a vida?
Soneto de Luís de Camões, in 'Sonetos'
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