«Se não
tivesse havido em todos os tempos uma maioria de homens/mulheres para fazer
depender o seu orgulho, o seu dever, a sua virtude da disciplina do seu
espírito, da sua “razão”, dos amigos do ‘bom senso’, para se sentirem feridos e
humilhados pela menor fantasia, o menor excesso da imaginação, a humanidade já
teria naufragado há muito tempo. A loucura, o seu pior perigo, não deixou
nunca, com efeito, de planar por cima dela, a loucura prestes a estalar... quer
dizer a irrupção da lei do bom prazer em matéria de sentimento de sensações
visuais ou auditivas, o direito de gozar com o jorro do espírito e de
considerar como um prazer a irrisão humana. Não são a verdade, a certeza que
estão nos antípodas do mundo dos insensatos; é a crença obrigatória e geral, é
a exclusão do bom prazer no ajuizar. O maior trabalho dos homens/mulheres foi
até agora concordar sobre uma quantidade de coisas, e fazer uma ‘lei desse acordo,...’ quer essas
coisas fossem verdadeiras ou falsas. Foi a disciplina do espírito que preservou
a humanidade,... mas os instintos que a combatem são ainda tão poderosos que em
suma só se pode falar com pouca confiança no futuro da humanidade».
JDACT