«(…) Apesar da tendência
generalizada cada vez maior de uma laicização
(exclusão da religiosidade); do progresso inelutável do racionalismo, que reduz
um pouco a cada dia o domínio do dogma,
a Igreja Romana não poderia desistir do grande objectivo, o qual tem sido seu propósito
desde o início: reunir sob o seu domínio todas as nações da Terra. Essa missão monumental deve continuar,
independentemente do que aconteça, tanto entre os pagãos quanto entre os cristãos
separados. O clero secular tem, em especial, a tarefa de sustentar as
posições adquiridas, o que é particularmente difícil hoje em dia, enquanto fica
a cargo de certas ordens regulares o aumento do rebanho de fiéis, pela conversão
dos hereges e pagãos, um trabalho ainda mais
árduo. A tarefa é de preservar ou adquirir, defender ou atacar e, na frente de
batalha, está a força de combate da Companhia de Jesus, os jesuítas.
Essa companhia não é secular nem regular nos termos de seus estatutos; é, no
entanto, um tipo subtil, intervindo quando e onde for conveniente, dentro e
fora da Igreja. Resumindo: A Companhia
de Jesus é o agente mais qualificado, mais perseverante, mais destemido e mais
convicto da autoridade papal, como a descreveu um de seus melhores historiadores.
Veremos de que maneira esse corpo de janízaros (tropa de choque) foi
formado e que tipo de serviço inestimável dedicou ao papado. Verificaremos
também o quanto esse zelo foi realmente efectivo, a ponto de se tornar
indispensável à instituição que servia, exercendo tamanha influência que seu
prior era chamado, e com razão, de o Papa Negro, pois tornava-se cada vez
mais difícil distinguir, no governo da Igreja, a autoridade do papa e a do seu
poderoso coadjutor.
O papa, não satisfeito
em dar apenas o seu apoio
pessoal a Hitler (maldito), concedeu
dessa forma o apoio moral do Vaticano ao Reich nazista! Ao mesmo tempo em que o
terror estava começando a reinar do outro lado do Reno, e era secretamente
aceito e aprovado, os assim chamados camisa marron já tinham posto
quarenta mil pessoas em campos de concentração. Os massacres organizados e
perseguições se multiplicavam, ao som dessa marcha nazista (maldita, mil vezes maldita): Quando o sangue
judeu escorrer pela lâmina, nos sentiremos melhor novamente. Durante os anos
seguintes, Pio XII viu coisas ainda piores, sem se alterar. Não é de surpreender
que os dirigentes católicos da Alemanha competissem entre eles na servidão ao regime
nazista, encorajados que eram pelo seu mestre romano. Seria importante
ler os delírios ensandecidos e as acrobacias verbais de teólogos oportunistas,
dentre eles Michael Schmaus, o qual foi posteriormente elevado por Pio XII a alto
dignatário da Igreja, e descrito como o grande teólogo de Munique
pela publicação La Croix, em 2 de Setembro de 1954. Ou ainda um certo livro intitulado Katholisch
Konservatives Erbgut, sobre o qual alguém escreveu: Esta antologia oferece-nos textos dos principais teóricos católicos
da Alemanha, de Gorres a Vogelsang, fazendo-nos crer que o nacional-socialismo
nasceu pura e simplesmente de ideias católicas (Gunther Buxbaum,
Mercure de France, 15 de Janeiro de 1939).
Os bispos, obrigados a fazer um voto de obediência a Hitler (maldito), devido ao Tratado, sempre tentaram
superar uns aos outros em sua devoção.
Sob o regime nazista, constantemente encontramos o suporte fervoroso dos bispos
em todas as correspondências e declarações de dignatários eclesiásticos. Tais
documentos trazem à luz as acções secretas e pérfidas do Vaticano para a
criação de conflitos entre as nações, quando serviam aos seus interesses. Com a
ajuda de artigos conclusivos, mostramos o papel desempenhado pela Igreja na
ascensão dos regimes totalitários na Europa. Estes testemunhos e documentos
constituem uma denúncia esmagadora e, até ao momento, nenhum apologista se
atreveu a desmenti-los. No dia 1 de Maio de 1938, o jornal Mercure de France lembrou do que havia dito quatro
anos antes, e ninguém o desmentiu: Que o papa Pio XII foi quem fez Hitler. Ele veio ao poder,
não tanto através dos meios legais mas, principalmente, por causa da influência
do papa no Centrum (partido católico alemão). O Vaticano acredita que
cometeu um erro político ao ajudar Hitler (maldito)
indicando-lhe o caminho do poder? Parece que não... Pelo menos parecia
que não quando isso foi escrito, ou seja, no dia seguinte ao Anschluss, ocasião na qual a
Áustria se uniu ao Terceiro Reich; nem posteriormente, quando as agressões nazistas
se multiplicaram; nem mesmo durante toda a II Guerra Mundial. Na verdade, no
dia 24 de Julho de 1959, João XXIII,
sucessor de Pio XII, conferiu Franz Von Papen, seu amigo pessoal, o título
honorário de camareiro secreto. Este homem havia sido espião nos Estados Unidos
durante a I Guerra Mundial e um dos responsáveis pela ditadura de Hitler e pelo
Anschluss. Só algum tipo especial de cegueira
pode nos impedir de ver factos tão claros». In Edmond Paris, Histoire secrète
des jésuites, A História Secreta dos Jesuítas, tradução de Josef Sued, 1997,
Chick Publications, 21ª edição, Fundação Biblioteca Nacional, 2000, ISBN
093-795-810-7.
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