sábado, 5 de junho de 2010

João Aguiar: Identificado com o romance histórico. «Desde o princípio decidi que não queria ser previsível e que não iria explorar filões (...) só porque tive a sorte de o primeiro livro ter sido um êxito»

João Aguiar
(1943-2010)
Cortesia de Projecto Vercial
«É com voz embargada que o editor de grande parte da obra do escritor João Aguiar revela ao DN que ficará por publicar o livro em que o autor estava empenhado nos últimos tempos. Mas a morte acontecida no passado dia 3 de Junho, após luta contra um cancro, impossibilita a grande maioria dos seus leitores adultos de voltar a ler a escrita que mais apreciavam nele, a do romance histórico.
Pouco terá redigido deste novo livro, para além das notas resultantes da investigação preparatória, desde que avançou para a tão polémica revolução popular. Este era um género em que João Aguiar se sentia tão à vontade que, por altura do lançamento do seu penúltimo livro, O Priorado do Cifrão, 2008, dissera ao DN: "Não sou o Papa do romance histórico." Não era verdade, pois retomara um género que possuía bons exemplos na literatura nacional mas que ganhou novo fôlego quando lançou em 1984 A Voz dos Deuses, uma surpreendente ficção sobre Viriato, que se antecipava à vaga de livros históricos que caracterizaram esta primeira década do terceiro milénio.
A partir daí, e mesmo que não o quisesse, ficou colado a este género literário com títulos de grande sucesso:
  • O Trono do Altíssimo, 1988 ;
  • A Hora de Sertório, 1994;
  • Inês de Portugal, 1997;
  • Navegador Solitário, 1996;
  • O Sétimo Herói, 2004;
  • O Homem sem Nome, 1986

Sobre a sua identificação com o romance histórico, João Aguiar referia na entrevista ao DN o seguinte: "É um género de que gosto muito, e o meu próximo romance vai ser outra vez histórico." Justificava as suas incursões noutros géneros assim: «Desde o princípio decidi que não queria ser previsível e que não iria explorar filões (...) só porque tive a sorte de o primeiro livro ter sido um êxito». O seu interesse na História de Portugal era tão grande que também sonhava fazer uma biografia do rei D. João III.
João Casimiro Namorado de Aguiar nasceu em Moçambique. A sua infância foi dividida com Lisboa e diz a biografia que para o manter sossegado na cama durante um longo período de doença a mãe o ensinou a ler e que de leitor interessado passou rapidamente a aspirante a escritor. Aos oito anos tentou ditar um livro de aventuras à irmã, mas o sentido crítico dela arrasou-lhe as pretensões. Licenciou-se em Jornalismo pela Universidade Livre de Bruxelas e iniciou-se na RTP, em 1963. Seguem-se vários jornais, o Diário de Notícias foi um deles». In DN Artes, João Céu e Silva

Cortesia de Projecto Vercial
(A Encomendação das Almas)
(A VOZ DOS DEUSES1_)
(A Voz dos Deuses)
(A VOZ DOS DEUSES OUVE-SE NA LUSITÂNIA)
(Inês de Portugal)
(O Navegador Solitário)
(O Trono do Altíssimo)

Cortesia de Projecto Vercial/JDACT
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