segunda-feira, 1 de abril de 2013

A Arte na Doçaria. Setúbal. Cláudia Margarida Vigário. «Não há arte intelectual, a não ser, a arte de raciocinar. Simplesmente, do trabalho de intelectualização, em cuja operação consiste a obra de arte como coisa, não só pensada, mas feita»

Cortesia de wikipedia e jdact

Arte e Sensibilidade
«Toda a arte se baseia na sensibilidade, e essencialmente na sensibilidade. A sensibilidade é pessoal e intransmissível. Para se transmitir a outrem o que sentimos, e é isso que na arte buscamos fazer, temos que decompor a sensação, rejeitando nela o que é puramente pessoal, aproveitando nela o que, sem deixar de ser individual, é todavia susceptível de generalidade, portanto, compreensível, não direi já pela inteligência, mas ao menos pela sensibilidade dos outros. Este trabalho (da Cláudia Margarida) intelectual tem dois tempos:

Cortesia de claudiamargaridavigario

  • a intelectualização directa e instintiva da sensibilidade, pela qual ela se converte em transmissível (é isto que vulgarmente se chama inspiração, quer dizer, o encontrar por instinto a (as cores, os desenhos, a qualidade dos bolos da Cláudia Margarida) frase e o ritmo que reduza a sensação à frase intelectual, tira da sensação o que pode ser sensível aos outros e ao mesmo tempo, reforça o que lhes pode ser sensível; 
  • a reflexão crítica sobre essa intelectualização, que sujeita o produto artístico elaborado pela inspiração a um processo inteiramente objectivo, construção, ou ordem lógica, ou simplesmente conceito de escola ou corrente.

Cortesia de claudiamargaridavigario

Não há arte intelectual, a não ser, a arte de raciocinar. Simplesmente, do trabalho de intelectualização, em cuja operação consiste a obra de arte como coisa, não só pensada, mas feita.
Dir-lhe-ei, e estou certo que concordará comigo, que nada há mais raro neste mundo que um artista espontâneo, isto é, uma mulher ou um homem que intelectualiza a sua sensibilidade só o bastante para ela ser aceitável pela sensibilidade alheia; que não critica o que faz, que não submete o que faz a um conceito exterior de escola ou de moda, ou de maneira, não de ser, mas de dever ser». In Fernando Pessoa, in 'Carta a Miguel Torga, 1930'

Já viram uma Máquina de Escrever em Bolo? Procurem no facebook da Cláudia Margarida Vigário (Setúbal) e ficarão encantados como eu. Para quem não percebe nada de culinária ou doçaria fiquei deslumbrado.

Cortesia de claudiamargaridavigario

Cortesia de O Citador/JDACT