quinta-feira, 4 de setembro de 2014

A Condessa-rainha. Teresa. Luís Amaral. Mário Barroca. «Roberto de Borgonha, meio-irmáo de Hugo, Henrique e Constança, participou igualmente nas cruzadas borgonhesas na Península, tendo integrado a grande expedição que o seu sobrinho, o duque Eudes I, organizou por volta de 1086 / 1087…»

jdact

A casa ducal de Borgonha: a ascendência do conde Henrique
«(…) Por agora interessa apenas reter que Henrique, Le Damoiseau, casou com uma filha do conde de Barcelona, Berenguer Raimundol, o Curvo, e de Gisela de Ampúrias. A plausibilidade desta dedução é confirmada pela alcunha pela qual ficou conhecido o seu filho, o conde Eudes I, dito Borel, e o seu neto, Hugo II, o Pacífico ou Borel, o que revela as relações estreitas da família ducal borgonhesa com a família condal catalã. Desta união nasceram sete filhos: Hugo, Eudes, Roberto, Hélie, Beatriz, Renaud e, finalmente, o mais jovem de todos, Henrique de Borgonha, o futuro conde portucalense. O último documenro em que Henrique, Le Damoiseau, é mencionado remonta a [1070 - 1074], altura em que doou diversos bens à abadia de Santo Estêvão de Dijon. Em 1076, quando se verifica a morte de seu pai, Roberto I, o Velho, o título ducal borgonhês passaria para seu filho primogénito, Hugo 1. Apesar de não conhecermos o ano exacto da sua morte, sabemos, com alguma segurança, o dia em que ela ocorreu. Com efeito, segundo as comemorações obituárias encomendadas em 1093 pelo seu neto, Hugo II, Borel, Henrique, LeDamoiseau,terá falecido a 27 de Janeiro.
Constnça de Borgonha, filha do duque Roberto, o Velho, e de Hélie de Semur irmã de Hugo e de Henrique, Le Damoiseau, nasceu por volta de 1045 e foi casada em primeiras núpcias, com Hugo II, conde de Chalon-sur-Saône. Como já vimos, o conde Hugo II, filho do conde Thibaut de Semur, organizou uma expedição francesa em território ibérico, que terá tido lugar por volta de 1078 ou 1079, na qual veio a encontrar a morte. Depois de viúva, Constança de Borgonha viria a casar com AfonsoVI de Leão e Castela, tendo sido a sua segunda mulher legítima. O casamento teve lugar em 1079 ou em 1080, seguramente antes de 8 de Maio de 1080, data do primeiro diploma onde o seu nome surge mencionado ao lado do de Afonso VI. Segundo a crónicade Tournus, o casamento teria sido negociado por Pedro, abade de Tournus, instituição à qual D. Constança se manteve sempre muito ligada. Mas, como Andrés Gambra sublinhou, não se deve excluir a hipótese de uma intervenção do abade Hugg de Cluny, tio de D. Constança, que assim assegurava a continuação da influência da sua abadia sobre a coroa castelhano-leonesa. Deste casamento nasceu Urraca, rainha de Leão e Castela, que casou com Raimundo, conde de Amous e depois conde da Galiza, da casa condal de Borgonha. A rainha D. Constança faleceu em fins de 1093, entre 2 de Setembro e 25 de Ourubro, e foi sepultada no mosteiro de Sahagún.
Roberto de Borgonha, meio-irmáo de Hugo, Henrique e Constança, participou igualmente nas cruzadas borgonhesas na Península, tendo integrado a grande expedição que o seu sobrinho, o duque Eudes I, organizou por volta de 1086 / 1087 e que trouxe o conde Henrique ao cenário ibérico. Depois da morte de seus irmãos mais velhos, Hugo e Henrique, seria ele o natural herdeiro do título ducal. Seu pai, de resto, indicou-o como tal. No entanto, seu sobrinho, Hugo de Borgonha, encarregou-se de afastar os seus dois tios (Roberto e Simão) do território borgonhês, impedindo um eventual acesso ao título que, desta forma, garantiu para ele próprio. Roberto, depois de tentar a sua sorte na Península, onde participou na expedição de 1086-1087 e onde se encontrava, em Leão, em 5 de Agosto desse ano, passou para a Sicília. Casou em 1102 com Sibila, fiIha do conde Rogério I da Sicília e de Aramburge ou Adelaide de Mortain, tendo governado o condado da Sicília durante uma dezena de anos, durante a menoridade de Rogério II, o Jouem. Viria  a falecer envenenado em 1134. De Simão da Borgonha pouco se sabe.Terá sido, como seu irmão Robeno, afastado da Borgonha natal por seu sobrinho, o herdeiro do título ducal, e morreu depois de 1087». In Luís Amaral, Mário Barroca, A Condessa-rainha, Teresa, coordenação de Ana Maria Rodrigues e Outras, Círculo de Leitores, 2012, ISBN 978-972-42-4702-1.

Cortesia de CLeitores/JDACT