quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Portugal em Quinta. Política. Povo. «Alexandre, meu projecto está a bater errado ou certo? Errado ou certo, ainda bates! Será viver disparate? Esse coração que pulsa é apenas literatura? Esse amuo e essa ânsia disparates de criança? E o P ou que tens bordado no coração? Só vaidade? E o filho ainda de bolso? Será pouco? Alexandre, meu projecto, bate, bate, errado ou certo?»

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«Acaba mal o teu verso,
mas fá-lo com um desígnio:
é um mal que não é mal,
é lutar contra o bonito.

Vai-me a essas rimas que
tão bem desfecham e que
são o pão de ló dos tolos
e torce-lhes o pescoço,

tal como o outro pedia
se fizesse à eloquência,
e se houver um vossa excelência
que grite: - não é poesia!,

diz-lhe que não, que não é,
que é topada, lixa três,
serração, vidro moído,
papel que se rasga ou pe-

dra que rola na pedra…
Mas também da rima em cheio
poderás tirar partido,
que a regra é não haver regra,

a não ser a de cada um,
com sua rima, seu ritmo,
não fazer bom e bonito,
mas fazer bom e expressivo…»
Poema de Alexandre O’Neill, in ‘Poesia Completa’


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