Reencontros
«É
tão triste esse olhar distante!
Mas
com que força ele penetra em mim,
sinto,
nele, a busca constante
de
uma verdade que começa assim:
era
uma vez um réptil alado,
que
erguer os olhos, para o céu, ousou,
e,
de repente, viu-se transformado
no
primeiro homem que a terra pisou
Julgava
ele que tinha ascendido
com
o poder, à supra verdade,
mas
não sabia o louco, convencido,
que,
assim, perdera a sua liberdade.
Depois,
buscando, nunca mais parou
e
a um vida, somou-se outra vida,
e
em caminhada longa se ficou
por
terra e pó, lama convertida.
Por
entre as pedras, com sangue e suor
marcha
cansado e desiludido
procura
e sofre por um puro amor,
tenta
voltar ao tempo perdido.
E
à sua volta num vazio, então,
surgem
amarras, pobre acorrentado,
e
já não ouve, triste, o coração
que
encerra, rico, todo o seu passado.
Mas,
um dia, surge, ao fundo, a luz,
no
olhar breve, tão inesperado,
e
não sabia, mas breve deduz
que
o encontro estava, à muito, marcado.
E
agora, juntos buscam o caminho,
no
amor etemo, que era o seu,
porque
ninguém pode fazer sozinho
a
caminhada desta terra ao céu».
Poema de Maria Mar de Carvalho, in ‘Lágrimas de Ametista’
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